AGENDA CULTURAL

5.9.11

Hino Nacional



Hélio Consolaro
Nessa semana, fui convidado pelas professoras do Centro Educacional 349 do Sesi, que funciona lá no clube da entidade, no jardim Presidente, Araçatuba, para palestrar com os alunos do ensino fundamental, 5.ª série, sobre o Hino Nacional na hora do culto à bandeira.
Apesar de há muito não lecionar para tal faixa etária, até que dei conta do recado. Parece que adivinharam: o convite foi para uma terça-feira, dia de semana em que o Consa estava alforriado. Lá fui eu, manhãzinha, cumprir a missão de cidadão e educador, inclusive, nas horas vagas.
Professoras bem-vestidas, alegres. Pareciam satisfeitas, nada de caras amarradas, bem diferentes das mestras de algumas escolas públicas. Escola limpa, bem ajardinada, com a presença de seguranças. Demonstrações de que a educação era bem cuidada.
Cada aluno com folha na mão, cantando em coro a capela, galhardamente foram até o final, mostrando ao visitante que sabiam, não engoliam e nem trocavam palavras. E assim as bandeiras subiam ao comando de mãos juvenis em descompasso.
Ninguém cantou: “Entre outras mil é Suvinil, Compaq amada./ Do Philco deste Sollo és mãe Doril,/ Coca-Cola, Bombril!!!” E muito menos: “E o Palmeiras no ardor da partida/ Transformando a lealdade em padrão/ Sabe sempre levar de vencida e mostrar/ Que de fato é campeão”. Hoje, com certeza, não haverá gol de mão.
Também não cometeram aqueles errinhos mais comuns: . Brilhou no céu da Pátria nesse estante (é instante) . Seu penhor (é se o penhor) ... Braços fortes (é braço forte). Iluminado o sol do novo mundo (é iluminado ao sol). Nossa vida em teu seio (é no teu seio).
Não era eu um sargento no comando de um Tiro de Guerra, quando os atiradores ouviam o monótono e prolongando palestrante em posição de sentido, por isso, de vez em quando, desmaiava um soldado. Não faz parte dos tributos deste croniqueiro a prolixidade, mas de repente, para que o ritual não fosse mudado, desmaiou uma aluna. “Era fraqueza” – disseram as professoras.
Assim, como há décadas, quando algum agrisalhado visitava a escola para palestrar ao Consa e seus companheiros a convite das professoras, dizendo que éramos o futuro do Brasil. E ria-se dele: será que um dia serei igual a esse coroa?
Lá estava eu no Sesi, com vontade de dizer a mesma coisa àquela garotada. Perdi a vergonha, e terminei o bate-papo do mesmo jeito: “Vocês são futuro, a humanidade continuará por seus pés”.
No final, como ocorre nesses momentos, fui agraciado com uma lembrança: cesta de publicações do Sesi. E saí assoviando Belchior: “Como nossos pais”.
(20 de abril de 2008)

Um comentário:

Anônimo disse...

simplesmente, Original!
é assim, que eu posso descrever seu blog.
Suas crônicas são maravilhosas, bem humoradas...

ah, mas é claro,
você é um professor.
ah, vi seu nome pela primeira vez no site Canal do Estudante do Brasil.
te procurei no Google. achei esse blog, e alguns outros.

sempre que puder, eu visito aqui, e dou uma comentada ok?
abraços!

Marina