AGENDA CULTURAL

12.5.12

Nem todas as mães merecem


Hélio Consolaro

Mãe e mulher, um paradoxo. Às vezes, dizemos que nossa mãe é uma santa, mas desconfiamos das mulheres que levamos para a cama. A mãe é assexuada, a mulher é fêmea. Nos dias atuais, os filhos estão descobrindo que a sua santa mãe pode ser a fêmea do outro, que nem sempre é o pai.

As mães são tão poderosas, porque ela cria os homens que gostam do poder. Como escreveu José Ângelo Gaiarsa: as mulheres poderiam revolucionar o mundo, inclusive acabar com o machismo que elas passam para os homens. Mas penso também que se perguntam: mudar o quê, mudar para quê? Elas têm mais a ver com o interior da caverna do que com a floresta. E assim muitas partem para o magistério, que é um prolongamento da maternidade.

Mãe, uma sílaba só, proteção múltipla, dizem os nascidos. E para quem não vingou, como será? Será apenas a escuridão da inexistência? Não estou fazendo nenhuma campanha contra o aborto, caro leitor. Homenageio os óvulos expelidos mensalmente pela menstruação, já que não foram fecundados.

Nem mesmo todas as mães de filhos vingados, nascidos, merecem palavras bonitas neste domingo. Há aquelas que têm seus filhos no presídio e não se acham culpadas. Outras jogam seus filhos no lixo ainda prematuros, pois são um peso na sua vida. Algumas são pegas em flagrantes, mas quantas não são descobertas... Descobrir para quê?

Será que a mãe de Hitler ou de Stalin merece alguma homenagem? Quem tem coragem de dar uma flor para a mãe de Alexandre Nardoni neste Dia das Mães, a não ser ele mesmo?

Conta-se a história de um norte-americano condenado à morte, via cadeira elétrica. O seu último desejo era ver a mãe. Quando ela chegou, cuspiu-lhe na cara. Quando perguntaram a ele por que havia feito aquilo, respondeu que estava naquela situação devido à sua mãe, pois nunca lhe dissera um “não”. Fez-lhe todos os gostos.

- Esquisito este croniqueiro – dirá um de meus 33 leitores.

Não estou seguindo neste texto o raciocínio do senso comum, faço o caminho contrário, como o salmão que nada contra a correnteza para desovar. Nem todas as mães merecem homenagem.

Mesmo a nossa querida mãezinha, às vezes, deixou a desejar em alguns aspectos de nossa educação. Já vi gente toda travada por dentro, efeito de uma educação repressora, ser toda agradecida a seus pais.

Para que lamentar? Parabéns a todas as mães, sem exceção. Ver o lado obscuro das coisas, perguntar o impossível, é um bom exercício para não ficar obtuso com as frases feitas. Não se assuste, não endoideci, esse croniqueiro, como seus 33 leitores, levará sua mãezinha para almoçar num restaurante neste domingo. Cronista pensa com os dedos no teclado.

7 comentários:

Clube dos Novos Autores - CNA disse...

Olá amigos, poetas e escritores.
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Espero que gostem de meu trabalho, pois foi confeccionado com a alma; conto com o apoio de vocês, um grande abraço.

Ropietra disse...

...meus filhos não me levaram para almoçar, estamos tão longe...

Nélsinês disse...

Gostei dessa crônica. Muito. Só uma perguntinha: por que, Consa, insiste em dizer que não se trata de nenhuma campanha contra o aborto? Sim, existem mães que, mesmo não tendo abortado, não merecem parabéns neste dia. Mas, estas tem um crime a menos para lhes ser imputado. Algumas cometem um "aborto de nascido", depois o que se equipara na crueldade. Mas, existem muitas que, com tudo que fazem, não conseguem fazer a parte que caberia ao pai AUSENTE. E essas, não devem ser as únicas culpadas pelos filhos que vão acabar em presídios e outros que prá lá não vão por falta de espaço ou condescendência da sociedade.
Parabéns à todas as mães que dão o melhor de si no zelo pelas vidas que lhes são confiadas.

Unknown disse...

não .. gostei da parte q fala q mães,são "responsaveis"..por aquele filho no presidio..
acreditoo.. q a base toda a mãe dá, ensina,o certo e o errado, se dai o filho escolhe o errado e parte pra ele.. dai a mãe já nao pode fazer nd.. a escolha foi dele de estar lá..os caminhos lhe foram passados do ebm e do mal.ele foi quem escolheu !!!!

Marlene Deque disse...

Adorei o texto...a verdade por vezes incomoda!
A maternidade é um dom enquanto muitos e sobretudo as próprias mulheres acharem que é uma obrigação para salvaguardar a espécie humana estarão precisamente a fazer o contrario.
Eu amo a minha mãe por tudo de bom que ela fez e faz por mim e não porque é perfeita,ninguém é perfeito! Belíssimo texto mais uma vez Hélio Consolaro!

jhamiltonbrito.blogspot.com disse...

"Mãe e mulher, um paradoxo. Às vezes, dizemos que nossa mãe é uma santa, mas desconfiamos das mulheres que levamos para a cama. A mãe é assexuada, a mulher é fêmea. Nos dias atuais, os filhos estão descobrindo que a sua santa mãe pode ser a fêmea do outro, que nem sempre é o pai." Mãe e mulher são duas entidades divinas. As mãe, são divinas. As mulheres, nem sempre.Mas não havia um outro dia pra fala no tema, fratelo? Mãe que é fêmea de outro o faz na condição de mulher...vote,que confusão.

Unknown disse...

É...senhor secretário: Freud explica. kkkkkkkkkkkkkk