AGENDA CULTURAL

13.4.11

Que tal 'Academia Araçatubense de Livros'?


atitude da AAL (Academia Araçatubense de Letras), de recusar a entrada de escritores blogueiros, cronistas de jornais e autores de músicas, evidencia a elitização do "ser escritor" que a academia ainda impõe com o seu estatuto já obsoleto frente à liberdade e democratização que os meios de comunicação eletrônicos disponíveis permitem.

Como se o alcance da publicação na internet fosse menor que o da publicação de um livro; como se os escritores de outros meios que não o livro, tivessem menos qualidade em seus texto pelo simples fato não estarem impressos em páginas de um livro; como se isso causasse prejuízos à ortografia, à gramática, à redação e ao estilo de um autor.

Além de que, hoje em dia, a publicação de um livro como meio de comunicação é muito restrita. Além de o número de cópias se esgotarem em algum momento, a divulgação para que cheguem a tanto é deveras dispendiosa. Tomemos como exemplo um blog como o Contraponto Cultural, supondo que produzíssemos um conteúdo literário, qual seria a diferença, em termos de alcance ao público, entre publicar 1.000 cópias dos textos em livros e ter 1.000 acessos?

Seguramente vos digo que 1.000 acessos é a média mensal que temos quase que sem divulgação e enquanto o autor mantiver o texto on-line, a possibilidade de acessos é infinita. Por outro lado, um livro com 1.000 cópias só se esgotaria em um mês se alcançasse esta proeza que é exclusiva de best-sellers.

Voltando à questão da elitização, a publicação de um livro não é barata, muito pelo contrário. No entanto, quem pode bancar, publica sem restrição alguma; nem de forma, nem de conteúdo, nem de qualidade. Tornam-se assim o requisito único para a publicação a viabilidade econômica.

Muitos membros da AAL sequer são escritores profissionais, pelo contrário, por mero passatempo mantido por questão de status, ou terapia ocupacional, ou outra coisa que eu não sei o que é, o são. Por que, então, autores de outras mídias, falo não só dos amadores, mas dos profissionais da internet, música e teatro, devem continuar excluídos da AAL?

Sinceramente os limites do meu modesto intelecto não me permitem ver distinção alguma entre quem escreve um livro, administra um blog com conteúdo literário ou informativo, ou compõe letras música ou peças teatrais.

Diante da negativa de inclusão dos escritores sem livros publicados só me resta sugerir que peçamos uma outra alteração no estatuto da academia: trocar o nome de "Academia Araçatubense de Letras" para "Academia Araçatubense de Livros", porque os livros jamais representarão as letras sozinhos como no século passado e ainda não existe máquina do tempo, e, caso existir, levem-me até Fernando Pessoa para que indagarmos o que ele acha do "ser escritor" no nosso tempo.

6 comentários:

jhamiltonbrito.blogspot.com disse...

Lamento que a Academia tenha tomado a decisão que tomou mas respeito a sua decisão de fazeê-lo. Aprovasse as nossas pretenções e estaríamos louvando a clarividência, o despreendimento e a modernidade de uma Academia aberta às inovações. Pensaram que seria facil uma abertura assim logo no primeiro round?
Jus sperniandi...mas há que fazê-lo com respeito à decisões que não nos beneficiam....and the show must go on.

=) disse...

Se nem a ABL aprovou blogueiros ainda... Vai demorar pra isso chegar aqui, pode ter certeza

Zemarcos Taveira disse...

::: Concordo com o Contraponto Cultural. Post muito bem escrito!

O nome da entidade deveria ser mudado, pois não representa toda a classe literária, hoje espalhada por mídias livres e jornais. A mudança apresentada sequer foi debatida, tamanho o desdém de maioria dos acadêmicos.

Quero muito acreditar que seja por falta de conhecimento, mas acho que os egos falaram mais alto. É uma pena.

A parte positiva é que pelo menos o tema foi colocado para discussão, o que demonstra que existem membros interessados em renovar, abrir espaço realmente para a comunidade, como o Consa e a Cecília.

CARLOS NOVA disse...

O Hélio Consolaro disse tudo, porém vamos seguir tentando como bem disse o Hamilton Brito, e em breve o avançado, o moderno, o novo, será entendido e compreendido.

CARLOS NOVA disse...

O Hélio Consolaro disse tudo, porém vamos seguir a sugestão do Hamilton Brito e em breve o moderno, o avançado, o novo será entendido e compreendido.

Cidadão Araçatuba disse...

A possibilidade de fazer parte de um grupo seleto e exclusivo cria essas distorções!
Quem perde na verdade, é a cidade, que poderia muito bem ter nomes lançados no cenário local e quem sabe nacional com boas publicações.
Mas... Mudar para que não é?
O limo intelectual criado deve causar muito medo aos membros, pois podem escorregar, cair e provar a todos que de "ïmortais" eles não tem nada!
Novamente digo, parabéns aqueles que tem a mente aberta e vivem o novo!
Grande Abraço!