AGENDA CULTURAL

16.5.13

GPS, GPSogra


Hélio Consolaro*

As novas tecnologias provocam situações engraçadas, como o tal de GPS. O Sistema de Posicionamento Global é um conjunto de satélites e outros dispositivos que têm como função prestar informações precisas sobre o posicionamento do indivíduo no globo terrestre.

Ele vive pregando peças em motoristas desavisados. Se a bússola é genérica, pois indica o rumo, o GPS quer ser preciso, por isso se dana. Ou, então, o problema é aquela pecinha que fica ao volante do carro onde está instalado o equipamento.

Então, caro leitor, fui para Beraba, Beraba mesmo, porque há três cidades do Triângulo Mineira que começam com a letra “b”: Beraba, Berlândia e a Bosta do Araguari. Coisas de mineiro. Lá fui levar o grupo de catireiro Novos Araçás e ver a apresentação deles na Casa do Folclore, 2.º Concurso Nacional de Catira. 

Chegando a Uberaba, o GPS intensificou sua orientação, dizendo frases duras com aquela voz feminina, aveludada. Alcides, o motorista, sem mulher, separado, com carência a mil, apaixonou-se por aquela voz feminina. Para ele, as orientações eram leis infalíveis. E sempre ouvíamos a frase: “Novo cálculo de rota”. Enfim, o evento ia ser na zona Sul, ele nos levou para a zona Norte.  

Não demorou muito para a irritação tomar conta dos catireiros, que já queriam sapatear. Alguns pretendiam bater no aparelho, outros já resmungavam contra o motorista. A engenhoca foi desligada, apelamos para o mais antigo GPS: perguntar às pessoas: Onde fica a Casa do Folclore? As pessoas riam, pois estávamos em lado contrário, mas chegamos lá a tempo.


Fato parecido aconteceu com viagem de minha família a Londrina, casamento de sobrinho. Percurso feito pela sogra no volante há décadas. Genro é aquele ser que chega à nova família e pensa que manda. Comprou GPS, pôs no carro, se engalanou e partimos. “À direita, à esquerda, faz a rotatória”, assim orientava o aparelho. A sogra emburrou. Estava tudo errado. O genro fez discurso de apologia aos aparelhos modernos, coisa e tal. Afinal, havíamos pego o rumo de Bauru. E a sogra quase tendo um infarto. Como pessoa mais ponderada do grupo, me reservando o papel de moderador, chamei o genro às falas:

- A sua sogra está certa. Siga o GPSogra, cara, vai por mim, ela nunca errou.

Com essas duas viagens, chegamos à conclusão de que o melhor GPS é aquela famosa frase: Quem tem boca vai a Roma.  

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário Municipal de Cultura de Araçatuba-SP

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