AGENDA CULTURAL

26.6.13

Praça Rui Barbosa de Araçatuba

Praça Rui Barbosa antes de ser mexida

Hélio Consolaro*

O assunto de hoje é espinhoso a quem mora em Araçatuba, para quem gosta da cidade. Trata-se da reforma da praça Rui Barbosa, um lugar carregado de lendas, por onde o município começou a se urbanizar.

O conteúdo desta crônica não quer responder e nem explicar a ninguém o que aconteceu com a mexida na praça, iniciada em junho de 2012), apenas relato aquilo que testemunhei. Também não estou à procura de culpados, porque a melhor atitude na vida é tentar resolver os problemas, em vez de criar outros.

E confesso, caro leitor, que evito passar por perto da praça, porque o  estado dela me deixa triste, mas, como um dos croniqueiros da cidade, não poderia deixar de expressar meus sentimentos.

Como está atualmente a praça Rui Barbosa, cercada por tapumes, não se trata mais de reformá-la ou restaurá-la, mas de reconstruí-la. E pelo que me falam do projeto na Prefeitura, vai ficar muito boa.

 
Praça mexida em junho de 2012
Araçatuba tem mais de cem praças, e hoje, na modernidade, trocamo-las por shoppings, condomínios, internet, ninguém mais vai passear na praça, matar o tempo nelas. Não possuem nem Wi-Fi para os móbiles... Por isso, precisamos dar função a elas. Ou ter alguém ou algum grupo para cuidar delas. Se isso não ocorrer, tornam-se lugares ocupados por mendigos e drogados em estágio avançado.

Os dois últimos projetos, bem-sucedidos, do professor de inglês Arthur Leandro Lopes foram nessa direção: em
2000 restaurou a praça João Pessoa, tornando-a um local de eventos culturais; em 2008, fez o mesmo com a praça Getúlio Vargas, um lugar para atividades físicas. Ambas na área central de Araçatuba.

Talvez por encontrar os prefeitos mais receptivos em épocas eleitorais, o professor Arthur gosta de propor seus projetos neles. Assim foi com a João Pessoa, com a Getúlio Vargas e com a Praça Rui Barbosa. Ele é um bom estrategista.

Os projetos do professor Arthur são arquitetados por ele, não gosta de arquitetos metendo o bedelho neles. Eu assisti a discussões acaloradas de arquitetos da Prefeitura com o prefeito Cido Sério (PT), porque eles não admitiam que se mexesse na praça sem um projeto completo, pré-estabelecido. A bem da verdade, a intenção do prefeito era restaurar o Calçadão com dinheiro da Prefeitura, não pretendia mexer na praça Rui Barbosa tão já.

Como recusar a ajuda do professor Arthur na reforma da Praça Rui Barbosa, homem bem-sucedido em dois projetos, num ano eleitoral? Como explicar aos eleitores de que estava recusando os serviços dele? A situação do prefeito Cido Sério (PT) não era fácil. Então, a decisão foi “vamos que vamos”, apesar da cara feia dos arquitetos.

Por outro lado, o professor Arthur não contava com mãos tão abertas por parte dos empresários para tocar ação tão arrojada, cujos recursos seriam maiores que os anteriores. Afinal, doar dinheiro para a reforma da praça era estar ajudando um prefeito (e candidato à reeleição) do PT. E sua pretensão ficou interrompida.

A reconstrução da praça Rui Barbosa entrará em licitação logo, mas a burocracia morosa vai segurar o processo por algum tempo até cumprir todos os ritos. Com certeza, como aconteceu com os buracos no asfalto, no primeiro mandato do prefeito Cido Sério, a oposição vai ficar novamente calada diante da beleza da praça.

Os louros do professor Arthur será de ter “mexido” na praça Rui Barbosa, sem concluí-la, mas fazendo mais premente um antigo desejo de araçatubenses: embelezar o centro da cidade.


*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário Municipal de Cultura de Araçatuba-SP     

Um comentário:

Anônimo disse...

é:" a mesma praça, o mesmo banco o mesmo jardim, tudo é igual, mas estou triste" porque não vejo mais a verdadeira praça. Os tapumes, me cegam,Que aconteça logo a reforma.
o danada pedra do caminho
Marianice