Juventude petista: sonhamos juntos

Hélio Consolaro*

Foi num maio, num dia qualquer, quando existia liberdade para dizer o pensamento. Uma turma de jovens se reuniu para discutir cultura. A convite de Najara Leite, fui dizer-lhe algumas palavras, apesar da idade, com certo receio de que havia perdido a linguagens dos jovens. Era a juventude petista da região de Araçatuba.

Lembrei-me de algumas vezes, às escondidas, num tempo passado, jovens presos num apartamento discutiam política. Tudo era proibido. Aquele desafio era uma aventura para mim. Os militares queriam uma juventude alienada, mas nós queríamos ser esclarecidos, conhecer quais eram as estradas disponíveis.

Diante daqueles olhos ávidos da juventude, resolvi usar a linguagem da sinceridade. Contei aos jovens um pouco de história vivida, como era ser secretário municipal de Cultura de um governo petista, foi olho no olho. Gostei. Parece que convenci.

Com os parabéns dos participantes, para disfarçar minha vaidade diante de tão grande feito, eu dizia que o diabo mostrava-se sabido porque era um senhor de idade. Eu não era diferente. Havia vivido muito, lido bastante, tinha obrigação de filosofar, fazer o pensamento voar, confirmar que o sonho vale a penas. 

Foi numa chácara, num sábado de maio, com sonhadores ao meu redor, sonhamos juntos.