Quando eu era coroinha na Capela São Benedito, os padres claretianos faziam discursos anticomunistas terríveis que eu tinha pesadelos à noite. Isso foi antes do Golpe de 1964, de João 23 e do Vaticano Segundo.
Vermelho, a cor do Espírito Santo, era misturada com foice e martelo e virava um banho de sangue no Brasil. Era uma lavagem cerebral. Já vi isso antes, hoje é apenas uma refilmagem pasteurizada.
A cor vermelha é a mais antiga e a primeira, porque era mais fácil de ser produzida desde os tempos da caverna. Houve época em que reis e papas usavam um vermelho vivo pois isso significava poder.
Mas vermelho também significa, no mundo ocidental, a festa, o natal, o luxo, o espetáculo: as salas de teatro são decorados com cortinas vermelhas.
O uso político da cor vermelha se deu pela primeira vez na Revolução Francesa, adotada posteriormente pelos partidos comunistas europeus. Como o PT fora formado em 1980 com exilados políticos (ex-comunistas), militantes da Igreja Católica (Teologia da Libertação) e sindicalistas, a cor vermelha foi adotada porque é um partido de esquerda.
Escrevo essa crônica porque recebi uma mensagem em caixa de entrada (inbox) de um ex-aluno sobre a minha entrevista na TV Araçatuba durante a manifestação do dia 20/8/2015 na Praça das Artes, defronte à Casa Europa. O assunto era a cor vermelha.
A mensagem:
Só acho que o PT deveria utilizar mais das cores do Brasil e
da bandeira do Brasil ao invés do vermelho. Bom, minha opinião apenas... Mas
parabéns gostei do teu discurso. Você falou de uma forma muito democrática. Parabéns!
E respondi-lhe:
Quantos às cores, digo que os partidos se identificam por
símbolos (estrela, tucano) e cores, a exemplo dos times de futebol. Não podem
todos escolher as mesmas cores. O partido é parte da nação, não é a nação. Todos
os partidos a seu jeito defendem a nação. O outro lado é que está usando em vão
os símbolos nacionais.
Às vezes, não gostamos da cor vermelha porque encheram a nossa cabeça de gravetos, bobagens, deixando-nos portadores de preconceito. Você pode não gostar do PT, mas não estenda essa repulsa também à cor.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP
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*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP
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Um comentário:
Muito bom Hélio. Estamos juntos nessa luta por igualdade e respeito! Um super abraço!
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