AGENDA CULTURAL

1.3.16

A ponte da Água Limpa

Devido às chuvas, cabeceira de um dos lados da ponte desbarrancou e parte da estrutura caiu

A ponte da estrada vicinal Nametala Rezek, próxima ao estande do Tiro de Guerra, foi interditada  pela Prefeitura de Araçatuba. A ação acontece por risco de desmoronamento do acesso, após as chuvas dos últimos dias. O caminho liga a zona urbana ao bairro rural Água Limpa e aos municípios de Bilac e Clementina (Folha da Região, Araçatuba)


Hélio Consolaro*

Que é uma estrada a não ser uma trilha por onde passam, em vez de formigas, seres humanos raramente a pé, sempre trepados em objetos velozes. 

A meninada de hoje não observa como as saúvas, por exemplo, carregam seus alimentos nas costas, uma atrás da outra, formando verdadeiras passeatas.

Quando alguém faz alguma malvadeza nos carreadores das formigas, interrompendo o caminho delas, é como a chuva derrubar pontes nas rodovias humanas.

Então, caro leitor, em Araçatuba há um bairro rural que se chama Água Limpa. Logo após a fábrica da Nestlé, havia uma ponte, todos os moradores e visitantes passavam por cima dela há 30 anos, ninguém a percebia, nem agradecia a sua presença, as pessoas só foram se lembrar dela depois que ruiu, impedindo a passagem de carros, caminhões. Motos e bicicletas ainda teimam. 

Queda da ponte foi semelhante à Queda da Bastilha, houve uma revolução. Proprietários e comerciantes encheram a Câmara Municipal de Araçatuba.

A administração municipal bateu cabeça, como se fossem os jogadores de defesa do São Paulo F.C. O secretário afirmou que para refazer a ponte, a Prefeitura precisa de licitação; o chefe de obras afirmou que ela podia ser refeita pela administração direta. 

Comerciante, dono de um dos restaurantes que ficaram do lado de lá, que chamou o prefeito no dia da inauguração, mas agora gritou na Câmara Municipal que "faltava vontade política para o prefeito em consertar a ponte". Interesses à flor da pele.

Como este cronista faz parte da administração municipal, posso informar com segurança que a Secretaria Municipal de Obras tinha nos velhos tempos 700 trabalhadores. Hoje, nem 200, porque no caminhar da Lei de Responsabilidade Fiscal houve a opção da terceirização, porque o município só pode gastar 50% de seu orçamento com o pagamento dos funcionários. Terceiriza-se tudo. 

Para refazer a ponte pela administração direta, precisaria interromper todos os pequenos reparos necessários nas escolas, nas UBS, nas ruas e o serviço não seria de qualidade. 

Há coisas em que o prefeito não faz porque a legislação não permite, o orçamento não deixa e a briga política complica. E os prejudicados ficam dando voltas.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP


2 comentários:

HAMILTON BRITO... disse...

Qual seria a briga política, no caso, que impede a recuperação da ponte?
Gostaria de saber para anotar no meu caderninho. Sabe como é né ? Teremos ja já a eleição e gostaria de saber quais os responsáveis que me impedem de ir tomar umas lá no Lindauro.

Hélio Consolaro disse...

A briga política é que a Eliezer Montenegro que seria uma alternativa de desvio mais curto foi fechada, quando poderia ter havido um entendimento entre Estado e Município para fechar uma de cada vez, em vez de fechar as duas na mesma época. A vicinal caiu, problema intransferível; mexer na Eliezer podia ser adiado, até recuperar a Nametala Rezek (Água Limpa).