AGENDA CULTURAL

28.10.20

Festara faz o teatro pulsar em Araçatuba


Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

O meu primeiro contato com o teatro foi na igreja, quando menino, sendo uma figura do presépio vivo. Não chegava a ser uma representação, éramos como estátuas vivas no pátio do Asilo São Vicente, Araçatuba. Início da década 60.

Teatro mesmo conheci em Penápolis, onde eu fiz a faculdade, debaixo de uma lona, assisti com atores da cidade “Auto da Compadecida”. Com isso, me interessei pelos espetáculos em fins de semana que eram apresentados no teatro Castro Alves, que era do INTEC – Instituto Noroestino de Tecnologia, Educação e Cultura, no mesmo prédio em que fui secretário municipal de Cultura por quase oito anos.

Idealizado pela Federação de Teatro Amador da Região de Araçatuba (FETARA) no ano de 1996, foi realizado nos dois anos seguintes, 1997 e 1998, em caráter regional e competitivo. Em 2007, foi reestruturado e reformulado com a criação da Associação dos Artistas Teatrais da Região de Araçatuba (ASSOCIATA). Em 2008, foi realizada a primeira edição do novo formato do Festival. Desde então, tornou-se parte do calendário não só dos artistas de teatro de todo o Brasil, mas também de Araçatuba e região, batendo recordes de público a cada ano. Desde sua retomada, o FESTARA já atingiu público de aproximadamente 25 mil pessoas. (Blog do Consa, 23/06/2014)

Em 2008, nos meses que Marilene Magri ficou terminando o mandato de Jorge Maluly, houve uma revitalização do FESTARA – Festival de Teatro de Araçatuba, pois Alexandre Melinsky, que era da Associata: Associação dos Artistas Teatrais da Região de Araçatuba, participava da equipe da então secretária municipal de Cultura Margareth Martins. Eu estava na plateia, sem saber que ia ser o futuro secretário.

É bom dizer que o Festara não é propriedade da Prefeitura de Araçatuba. A Associata realiza o festival e busca parcerias e, quase sempre, a Secretaria Municipal de Araçatuba é uma das significativas parceiras.

Quando assumi, em janeiro de 2009, pedi ao Alexandre Melinsky que continuasse com o cargo de confiança na secretaria e planejamos continuar o FESTARA para os próximos anos. Com o entusiasmo do Alexandre, o meu encantamento pelo teatro e mais dinheiro para a Secretaria Cultura, fizemos ótimos festivais. Chegou ao ponto de figurar no calendário nacional.

Na perspectiva da economia criativa, a arte precisa de investimento. O artista tem que sobreviver de sua arte. E como o ser humano não vive sem arte, produzindo ou fruindo, tanto do setor privado como do público precisa ter olhos para a cultura.

Quando cheguei à secretaria não se falava em projeto, não havia um sistema municipal de cultura, então tudo dependia das bênçãos do secretário e do prefeito. Gerava um certo clientelismo. Para artistas de fora, cachê; para os de Araçatuba, a secretaria pedia uma “palhinha”. Isso foi mudado.  

O Festara criou um público jovem para o teatro de Araçatuba, tanto como público, mas também como elenco. Como tudo acontece de forma integrada, uma coisa puxa a outra, assim o Senai – unidade de Araçatuba – montou um Curso Técnico de Teatro em 2009 (funciona até hoje), profissionalizante, dando registro profissional na DRT (Delegacia Regional do Trabalho). Hoje, os dirigentes da Associata são mais jovens.  

Alexandre Melinsky e Caíque Teruel

Como secretário municipal de Cultura, passei momentos difíceis, pois na grade de programação constavam peças de vanguardas e outras ousadas, causando uma reação nos nichos mais conservadores de Araçatuba, mas nada que provocasse retrocesso. Não me furtei à discussão, pois entendo que a democracia é a forma mais eficaz para acomodar os contrários.   

O ativismo cultural em Araçatuba estendia-se também a outras iniciativas de gêneros artísticos diferentes, pois o município estava fazendo opção cultural como forma de desenvolvimento de suas atividades econômicas, tendo a secretaria municipal de Cultura como promotora da agitação.

Atrás de um grupo, numa modalidade, sempre há o entusiasta, que dá ânimo ao conjunto. No caso do Festara, essa pessoa é o Alexandre Melinsky. Não podíamos terminar este artigo sem antes fazer esta homenagem.

 

Um comentário:

Patrícia Bracale disse...

Vida longa ao Festera.
E que Araça City possa vir à ter um gestor na Cultura com seu entusiasmo e liderança.