AGENDA CULTURAL

26.3.21

Atriz Sílvia Teodoro será homenageada na Estação Dama da Caridade Benedita Fernandes - Sirlei Nogueira


“Nosso Pai deve estar precisando de gente assim: comprometida, com muita garra e iluminada. Por isso, ela nos deixou tão cedo, em um momento tão estranho para a humanidade”.

Esse foi um comentário que ouvi da amiga Nilva Panegossi no velório da amiga Sílvia Regina Teodoro, no sábado passado (20), vítima de câncer. A policial civil cuja voz talvez fosse mais conhecida pela função de agente de telecomunicações compensava o anonimato de imagem com performances nos palcos de teatros de Araçatuba e região. Nilva, a “Branca” e Sílvia, a “Nega”, formavam uma família há mais de 27 anos.

Sílvia Teodoro estreou nos palcos em 1986, de maneira impactante: "Desnudando a Criação". Ali já mostrava potencial. Foram muitos os projetos teatrais ao longo de três décadas. Neste sábado (27), um pouco desta história artística será conhecida no Facebook e YouTube, na Estação Dama da Caridade Benedita Fernandes.

Em 2021, os 35 anos de cena seriam comemorados com estreia no cinema. Ela protagonizou o filme "Benedita: uma heroína invisível. O legado da superação", um mix de documentário com dramatização sobre Benedita Fernandes, a pioneira benemérita que em 1932 fundou a Associação das Senhoras Cristãs, em Araçatuba.

Eu já havia visto aquela jovem uma ou duas vezes em um Centro Espírita. Certo dia, decidi puxar assunto: a gente ainda vai desenvolver um projeto em parceria. Ela não entendeu. Era o ano de 2013, 2014...

Algum bom tempo depois nos encontramos novamente, e eu fui mais direto: você será Benedita, em um projeto audiovisual que está povoando a mente. De imediato, ela perguntou: Benedita do quê?

A ideia de interpretar Benedita Fernandes provocou algum desconforto inicial, devido à responsabilidade. Natural. Afinal, ela já ouvira relatos de familiares sobre dona Benedita e parentes também foram internados, além de outras informações nos meios de comunicação.

Mas a vivência no Centro Espírita Luz e Fraternidade e no Movimento Espírita de Araçatuba possibilitou à atriz descortinar o universo da negra do vestido de chita que amenizou dores da alma humana, no atendimento de saúde mental, e que viabilizou educação formal para crianças pobres. Isso a partir de 1932, quase 100 anos atrás.

E com outros componentes muito relevantes. Para iniciar os trabalhos, Benedita venceu desafios aparentemente intransponíveis: pertinaz obsessão espiritual, a condição feminina, a cor da pele, a falta de recursos financeiros. Em uma liberdade poética, ela teria dito após se “libertar” dos obsessores: “Estou à disposição, para a minha redenção. Para o trabalho”.

Naquele momento do convite não recordo exatamente das palavras de Sílvia Teodoro ao aceitar o desafio de “encarnar” Benedita Fernandes no filme. Em julho de 2020, na primeira entrevista na Estação Dama da Caridade Benedita Fernandes (YouTube e Facebook), ela foi enfática ao responder sobre como dava conta de tantos afazeres: nas artes, profissão, vida familiar, voluntariado: "Estou à disposição".

SERVIÇO

Homenagem à atriz Silvia Teodoro 

Sábado (27 de março) | 14h

Estação Dama da Caridade Benedita Fernandes (Facebook e YouTube)

https://youtube.com/c/Esta%C3%A7%C3%A3oDamadaCaridadeBeneditaFernandes

Sirlei Nogueira, jornalista, roteirista e diretor do filme “Benedita: uma heroína invisível. O legado da superação”, com lançamento em 2021

Um comentário:

O Mosquento da Rua Primavera disse...

Sirlei, é Paulo Sebastião.fico feliz em saber dessa homenagem tão merecida a nossa amiga amada q se foi tão cedo.acho q deus dar a uma oprtunidade p ela assistir lá de cima o quão grande ela foi nesse plano onde vivemos. Parabéns pela iniciativa. Abraço.