AGENDA CULTURAL

27.3.21

Egolatria - Gervásio Antônio Consolaro

 As redes sociais alimentam, mas não são as únicas responsáveis pela egolatria que tomou conta do mundo. Vivendo numa bolha chamada sociedade de consumo, cada um de nós passou a ser encarado como um produto e, como tal, precisa se “vender”. 

Para se colocar bem no mercado do amor e mercado de trabalho, tornou-se obrigatório apresentar um perfil, e então tratamos de falar muito sobre nós, sobre nossos atributos e de tudo o que possa fazer a gente avançar em relação à concorrência, que não é pequena. Somos os publicitários de nós mesmos, uns mais discretos, outros mais exibidos, mas todos procurando encantar o próximo, que propaganda nada mais é do que isso: a arte de seduzir.

 Contraditoriamente, quando se torna necessário falarmos não de nossos atributos, mas de nossas dores, de nossas inseguranças e de nossos defeitos, fechamos a boca. Mesmo os que estão bem perto, aqueles que nos são íntimos, não escutam a nossa voz. Calamos por temer um julgamento sumário. Produtos precisam ser eficientes, não podem ter falhas.

A boa notícia é que tudo isso é um absurdo. Não somos um produto. Não precisamos de slogan, embalagem, jingle. Estamos aqui para conviver, e não param ser consumidos. Em se quisermos que realmente nos conheçam, o ideal seria parar de nos anunciarmos como o último copo d’água do deserto.

Convido a todos assistir o documentário “Eu maior” muito tocante, traz depoimentos de filósofos, artistas, cientistas e ambientalistas sobre quem verdadeiramente somos e como devemos nos relacionar com o universo Uma das colocações que é uma lição de comportamento: “Você descobre a qualidade de uma pessoa não quando ela fala de si, mas quando ela fala dos outros”.

Ou seja, o que revela sua verdadeira natureza são os comentários venenosos que você costuma distribuir ou os elogios que faz sobre amigos e desconhecidos. São as fofocas que oculta para não menosprezar seus semelhantes o que espalha com gosto por aí, acrescentando uma maldadezinha extra. 

Você é avaliado de forma mais precisa através da sua capacidade de enaltecer o positivo que há ao seu redor ou de propagar o negativismo que se sobressai em tudo o que vê. Você demonstra que é uma pessoa maior - ou  menor – de acordo com sua necessidade de diminuir ou de valorizar aqueles que o rodeiam, de acordo com um olhar que deveria ser justo, mas quase sempre é apenas é competitivo. 

É através das suas palavras amorosas ou das suas declarações injuriantes que os outros saberão exatamente quem é você – pouco importando o que você diz sobre si mesmo.

 Por fim, deixe que falemos nós, sobre você mesmo   

Gervásio Antônio Consolaro, ex- delegado regional tributário do estado/SP, agente fiscal de rendas aposentado. Administrador de empresas, contador, bacharel em Direito e pós-graduação em Direito Tributário. Curso de Gestão Pública Avançada pelo Amana Key e coach pela SBC.        

2 comentários:

Maria zei disse...

Muito boas colocações a respeito do que o homem pensa de si e dos outros.

Maria zei disse...

Exelente comentário.