AGENDA CULTURAL

24.6.21

Um regime para o seu partidarismo


Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

Sempre fiz a diferenciação entre "radicalismo" e "radicalidade". O primeiro é a porralouquice, o segundo é querer atacar os problemas na sua raiz, mas isso era muito pouco, eu precisava ampliar meus conhecimentos.

Quando via um radical de direita ou radical de esquerda, eu classificava os dois como almas gêmeas. Seriam radicais em qualquer porta que entrassem. Eram observações empíricas de um cronista que escreve sobre tudo. 

Sempre que acompanho debates sobre religião pela televisão, está lá o rabino Nilton Bonder, brasileiro, expondo a parte do judaísmo. Gosto das opiniões dele. 

Então, comprei o livro de sua autoria: "Alma & Política - um regime para o seu partidarismo". Quer título e subtítulo mais atraentes? - editora Rocco. Bom livro para se ler. Como bom pastor, propõe a a luta pela vida, o direito de todos, luta pelos direitos humanos, mas sem o partidarismo exacerbado.

Para simplificar, Bonder classifica o modus operandi, segundo a sapiência judaica, das pessoas em "republicanos e democratas", "direita e esquerda", "rigoroso ou leniente" nestes tempos de sectarismo.

E os semelhantes se agrupam, formam os partidos, por exemplo. E Bonder não fica por aí, se aprofunda mais, dizendo que a tolerância e o respeito por pontos de vistas diferentes. 

Nos pares compostos anteriormente citados, os primeiros são "o agravador, que torna tudo mais grave e intransigente"; os segundos "tornam mais leve e que tendem a ser mais brando e flexível". Nessa partidarização, a escuta perde intensidade.

Se você tem um amigo caxias, rígido, exigente e até desumano, com certeza esse cara é de direita; o de esquerda perdoa fácil, compreende melhor a posição do outro, tem mais empatia. A tipologia do modus operandi de Bonder já traz a ideologia. 

Há pessoas que são unilaterais, não levam em conta a opinião do outro, desprezam a multilateralidade, são chamados de fascistas, nazistas. 

No atual momento político, a unilateralidade governa o Brasil. Desprezo total por quem pensa diferente. Isso foi um desastre na diplomacia do ex-ministro Ernesto Araújo.

Como anda o equilibrista nesta bipolaridade, e geralmente a sabedoria popular pratica isso. Se estiver muito à direita, ele vai para a esquerda; e assim vice-versa. Se o pêndulo funcionar, já sabemos quem se elegerá presidente em 2022. 

Videoclipe: https://fb.watch/6kwdjpIPut/