AGENDA CULTURAL

22.2.22

Uma imagem que diz muito - Táia Rocha - The Intercept Brasil

 


Ela mostra o filho de um presidente e vereador de um município brasileiro sentado à mesa com autoridades de outra nação como se fosse um diplomata ou um Ministro de Estado. 

Se você olhar direitinho, vai ver o Walter Braga Netto, Ministro da Defesa, quase caindo da mesa. Outros dois ministros estão fora da mesa: Luiz Eduardo Ramos e Augusto Heleno. Há muito tempo que os generais topam ser humilhados em troca de mamatas como acúmulo de salários e outras benesses. Mas não é disso que vamos falar. 

O que Carlos Bolsonaro foi fazer na Rússia? Com quem ele se encontrou? Quem bancou a viagem dele? Quem o acompanhou? Ele encontrou autoridades russas sozinho? 

O planeta inteiro sabe da disposição de Moscou para desestabilizar democracias com tropas digitais e outras artimanhas modernas. Daí que não é absurdo questionar: foi atrás disso que Carlos viajou?

É curioso notar como eles não fazem a mínima questão de serem discretos. O filho do presidente poderia não aparecer ou até viajar em outro momento. É curioso, mas não surpreende. Aparecer, aparecer muito, passar uma imagem de que não teme nada nem ninguém é parte da estratégia bolsonarista. 

Isso não é novidade, é o bê-a-bá do fascismo. O mesmo Bolsonaro que aparenta ser um homem simples, gente como a gente, precisa também se mostrar destemido, capaz de colocar pra fora tudo aquilo que um cidadão comum falaria, mas não tem coragem; capaz de ir contra o sistema, o STF, os comunistas. 

Ou seja: não adianta nos enganarmos achando que Carlos Bolsonaro só quis causar um rebuliço nas redes sociais: eles estão em campanha e com a faca nos dentes. Estão em campanha para conquistar votos e ao mesmo tempo trabalhando para encontrar meios de melar as eleições. 

A pergunta que fica é: e nós, do campo democrático, o que faremos? Vamos nos fiar apenas nas pesquisas que há meses demonstram que Bolsonaro perde em todos os cenários? Vamos esperar que eles articulem suas estratégias sujas e violentas e só aí vamos reagir?

Claro que não estou sugerindo que joguemos com as mesmas táticas de Bolsonaro. Isso seria impossível. Mas há outros meios — e o jornalismo independente é um deles. Em diversas ocasiões já mostramos a força que investigações e denúncias de verdade têm no jogo político. 

Intercept está totalmente focado em expor as estratégias da extrema direita e seus esquemas de corrupção. Lembre-se: Bolsonaro tem a chave do cofre e a máquina nas mãos. A sociedade civil precisa agir e nós estamos dispostos a ser parte dessa reação. Mas não podemos entrar nessa sozinhos, não temos os recursos necessários para enfrentar uma disputa tão desigual

Eles não pouparão esforços, Carlos fará qualquer coisa pela reeleição do pai. E você? O que pretende fazer? Não dá mais tempo de ter dúvida. Precisamos do seu apoio hoje e garanto que R$ 20 fazem muita diferença. Venha fazer jornalismo que muda o jogo com o TIB.

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