AGENDA CULTURAL

1.6.22

Entre toba e tororó, navegam Zé Neto, Gusttavo Lima e Anitta

Zé Neto, Anitta, Gusttavo Lima


Contra a Lei Rouanet, Zé Neto fatura R$ 3 milhões com dinheiro público

Só no show de Sorriso, no Mato Grosso, em que ele criticou a Lei Rouanet e Anitta, a Prefeitura pagou R$ 400 mil para a dupla sertaneja (site Catracalivre)

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

Há na mídia atualmente uma polêmica entre Anitta, Zé Neto e Gusttavo Lima. Rolou até palavrão. A primeira é uma cantora de estilo mais urbano, pop, das multidões; os outro surgiram com o sertanejo universitário, escorados pelo agronegócio que se diz pop. 

Os três fazem parte do mercado. A diferença é que na corrida presidencial estão em lados diferentes. A fervura aumenta de intensidade.

As forças bolsonaristas denunciam que os artistas vivem à custa da Lei Rouanet, mas os sertanejos, conforme denúncias da imprensa e redes sociais, também vivem pegando dinheiro público, das prefeituras e BNDES, para seus shows nos fundões do Brasil. Dinheiro tirado pelos prefeitos da educação e da saúde dos orçamentos municipais. 

Há até prefeitos que não trazem a Virada Cultural (evento do governo do Estado de São Paulo) para seus municípios porque em suas grades não constam shows da música sertaneja. A briga é feroz. 

No mundo cultural, há uma crítica antiga de que muitos prefeitos confundem aplicar dinheiro na cultura com o pagamento de shows sertanejos em seus municípios. Não sabem o que seja política cultural mais consistente.

Enquanto o debate fica no gosto estético, com autoridades se achando no direito de impor à população suas preferências, é torto, mas se tolera. Duro mesmo é ver o dinheiro público ser desviado na contratação de tais shows milionários,  quando falta hospital na cidade.

Esse perfil dos músicos sertanejos apoiarem sempre candidatos conservadores nas eleições vem de longa data, foi assim na eleição de Collor de Mello em 1989. 

Cavando mais fundo no tempo, cito Tião Carreiro que tinha boas músicas, mas também  fazia algumas elogiando fazendeiros e cantando em suas letras que o mundo estava perdido, como: "A vaca já foi pro brejo".

O professor universitário Gustavo Alonso no seu livro "Cowboys do asfalto: música sertaneja e modernização brasileira" já fez essa análise sobre essa tendência política dos sertanejos, dificilmente estão do lado progressista.  Blog do Consa já publicou resenha da obra: http://www.blogdoconsa.com.br/2021/12/musica-caipira-ou-sertaneja.html  

Entre polêmicas, muitas virão ainda, chegaremos a 2 de outubro; que sejam esclarecedoras. É a festa democrática. 

Um comentário:

Anônimo disse...

O povo ainda não aprendeu selecionar políticos que prestam.E os sangue sugas continuam.E quem paga o Pato?