José Fulaneti de Nadai / Arquivo: Folha da Região
Biografia
José Fulaneti de Nadai, 31/12/1939, Alto Alegre, filho de Santo Fulaneti e de Ana de Nadai. Casado com Vânia Maria Guitti, filhos: Alba Regina, João Francisco e Oriana. Professor de Português da rede estadual de 1969-1986. Professor universitário de projeção nacional, sempre convidado a dar palestras pelo Brasil. Trabalhou no rádio entre 1958-68. Graduado pela Unesp de Assis, mestrado e doutorado pela USP. Professor da Fundação Educacional de Penápolis (Funepe) de 1969 a 2005. Lecionou no curso de Jornalismo da Unesp de Bauru.Vereador em Penápolis, de 1983-88. Diretor Regional da Cultura em Araçatuba, governo Montoro.
Este croniqueiro queria vencer na vida e escolheu os estudos como ferramenta. Eu era um jovem estudante do curso noturno em Araçatuba, com deficiência na formação, mas com gana de superar dificuldades e enfrentar desafios. Nem sabia que “vencer na vida” tinha vários significados. Hoje tenho convicção de que “ser” é mais importante que “ter”.
Assim, pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Instituição Toledo de Araçatuba não oferecer cursos à noite em 1969, fui estudar em Penápolis. De repente, na primeira semana de aula, pinta na frente da sala de aula um sujeito franzino, falando difícil e dizendo que era professor de Teoria da Literatura. O garoto Consa não entendia nada, o “home” falava grego. Aquilo foi um desafio. Senti um amargor na boca: não me ensinaram nada! Onze anos de escola, pobre de corpo e alma. Vencer na vida não estava fácil.
Esse professor que falava complicado era o José Fulaneti de Nadai. Nas férias de julhode 1969, numa visita a Penápolis durante o dia, fui até a casa do “Fula” (assim era chamado pelos alunos), no maior acanhamento, pedir alguns livros emprestados para o mestre, eu precisava de recuperação. Ele me atendeu com entusiasmo, voltei com mãos cheias de livros. A partir daí, se eu não ler alguns livros nas férias, parece que elas não existiram.
Em 1970, minh’alma estava em ebulição, porque ele (e outros professores) não se limitava a ensinar, queria passar a seus alunos uma visão de mundo, para que cada um fosse protagonista de sua própria vida.
Numa recente entrevista à Folha da Região (24/5/2009), se reportando à perseguição política promovida pela ditadura militar da qual também foi vítima, ele declarou: "Eu sempre busquei conscientizar meus alunos, meus amigos docentes e outras lideranças com o uso da palavra".
A maior vitória daquela turminha que curtia o Fula, ia discutir literatura e política em torno de uma mesa de bar (foi com ele que aprendi a tomar Campari), foi descobrir que era tímido e era preciso agir para arrumar-lhe uma namorada, e com a Vânia ele está casado até hoje.
Fulaneti é o ícone de um professor que, além de cumprir bem seu magistério, soube usar a sua cátedra para mudar a vida de seus alunos. Naqueles anos de chumbo, promover o protagonismo era chamado de “proselitismo político”. Hoje, com cabeças mais arejadas, tem o nome de “construção da cidadania”.
Na sua coluna poetagem, Tito Damazo, que fazia parte de minha classe e também sobremaneira teve influência de Fulaneti até nos tiques nervosos, escreveu em sua coluna Poetagem: “... em Penápolis, reside um dos melhores intérpretes e estudiosos da poesia de João Cabral. Trata-se do prof. Dr. José Fulaneti de Nadai, cujo mestrado: O deus da sede: uma análise de paisagens com figuras de João Cabral de Mel Neto, USP, 1978 e doutorado A voz alta de João Cabral, USP, 1994, são tidos como dois dentre alguns excelentes estudos feitos em torno da obra de João Cabral”. Possui livro publicado a respeito pela Abril Cultural.
Fulaneti fez muitos jovens descobrirem que no meio do caminho tem uma pedra, mas ela pode ser uma boa mestra.
José Fulaneti de Nadai, 31/12/1939, Alto Alegre, filho de Santo Fulaneti e de Ana de Nadai. Casado com Vânia Maria Guitti, filhos: Alba Regina, João Francisco e Oriana. Professor de Português da rede estadual de 1969-1986. Professor universitário de projeção nacional, sempre convidado a dar palestras pelo Brasil. Trabalhou no rádio entre 1958-68. Graduado pela Unesp de Assis, mestrado e doutorado pela USP. Professor da Fundação Educacional de Penápolis (Funepe) de 1969 a 2005. Lecionou no curso de Jornalismo da Unesp de Bauru.Vereador em Penápolis, de 1983-88. Diretor Regional da Cultura em Araçatuba, governo Montoro.
Este croniqueiro queria vencer na vida e escolheu os estudos como ferramenta. Eu era um jovem estudante do curso noturno em Araçatuba, com deficiência na formação, mas com gana de superar dificuldades e enfrentar desafios. Nem sabia que “vencer na vida” tinha vários significados. Hoje tenho convicção de que “ser” é mais importante que “ter”.
Assim, pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Instituição Toledo de Araçatuba não oferecer cursos à noite em 1969, fui estudar em Penápolis. De repente, na primeira semana de aula, pinta na frente da sala de aula um sujeito franzino, falando difícil e dizendo que era professor de Teoria da Literatura. O garoto Consa não entendia nada, o “home” falava grego. Aquilo foi um desafio. Senti um amargor na boca: não me ensinaram nada! Onze anos de escola, pobre de corpo e alma. Vencer na vida não estava fácil.
Esse professor que falava complicado era o José Fulaneti de Nadai. Nas férias de julhode 1969, numa visita a Penápolis durante o dia, fui até a casa do “Fula” (assim era chamado pelos alunos), no maior acanhamento, pedir alguns livros emprestados para o mestre, eu precisava de recuperação. Ele me atendeu com entusiasmo, voltei com mãos cheias de livros. A partir daí, se eu não ler alguns livros nas férias, parece que elas não existiram.
Em 1970, minh’alma estava em ebulição, porque ele (e outros professores) não se limitava a ensinar, queria passar a seus alunos uma visão de mundo, para que cada um fosse protagonista de sua própria vida.
Numa recente entrevista à Folha da Região (24/5/2009), se reportando à perseguição política promovida pela ditadura militar da qual também foi vítima, ele declarou: "Eu sempre busquei conscientizar meus alunos, meus amigos docentes e outras lideranças com o uso da palavra".
A maior vitória daquela turminha que curtia o Fula, ia discutir literatura e política em torno de uma mesa de bar (foi com ele que aprendi a tomar Campari), foi descobrir que era tímido e era preciso agir para arrumar-lhe uma namorada, e com a Vânia ele está casado até hoje.
Fulaneti é o ícone de um professor que, além de cumprir bem seu magistério, soube usar a sua cátedra para mudar a vida de seus alunos. Naqueles anos de chumbo, promover o protagonismo era chamado de “proselitismo político”. Hoje, com cabeças mais arejadas, tem o nome de “construção da cidadania”.
Na sua coluna poetagem, Tito Damazo, que fazia parte de minha classe e também sobremaneira teve influência de Fulaneti até nos tiques nervosos, escreveu em sua coluna Poetagem: “... em Penápolis, reside um dos melhores intérpretes e estudiosos da poesia de João Cabral. Trata-se do prof. Dr. José Fulaneti de Nadai, cujo mestrado: O deus da sede: uma análise de paisagens com figuras de João Cabral de Mel Neto, USP, 1978 e doutorado A voz alta de João Cabral, USP, 1994, são tidos como dois dentre alguns excelentes estudos feitos em torno da obra de João Cabral”. Possui livro publicado a respeito pela Abril Cultural.
Fulaneti fez muitos jovens descobrirem que no meio do caminho tem uma pedra, mas ela pode ser uma boa mestra.
Qdo ao tropeçar em uma pedra,
ResponderExcluirConseguirmos chamá-la de PEDRA...
Já é meio caminho andado.
Caramba... ele fez parte de minha vida, da juventude e da formação autodidata em jornalismo. Grande 'Fula', saudades... o gestual com as mãos continua o mesmo. Saudades da Vânia também. Preciso ir a Plis urgente. Abração, Hélio.. Agora tô com esse blog: wwww.leonardoconcon.com.br coisas de Olímpia e da região, um pouco de tudo. Abraços.
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