Hélio Consolaro*
Em Araçatuba, temos vários cidadãos portugueses. Além de eu
torcer para um time que tem um técnico de mesma nacionalidade. Gente teimosa,
mas gente boa. Ele e sua esposa (que é brasileira, a Vera) chegaram ao Grupo
Experimental da Academia Araçatubense de Letras devagarinho, hoje já tomaram
conta de nossos corações. Quando faltam às reuniões, todos perguntam:
"Cadê os dois?".
Quando se abriram as inscrições para ocupar a cadeira 16, vaga na Academia Araçatubense de
Letras, da qual o Grupo Experimental é parte, fiz-lhe o convite:
- Inscreva-se! Se me couber função tão nobre, serei seu
padrinho... O patrono da cadeira é bom! Érico Veríssimo!
Cidadão do mundo lusófono porque morou em três países que
falam o português: Portugal, onde nasceu; Angola e Brasil. Manuel Pina foi
funcionário de companhia aérea. É um sujeito voado.
Manuel Pina nasceu em Moimenta da Beira, Portugal, e aos
três anos, mudou-se para Luana, Angola. A guerra o trouxe de volta a Portugal,
onde serviu na Força Aérea e trabalhou 30 anos na Varig. Aposentado,
dedicou-se à pintura e à escrita, paixão desde a adolescência.
Manuel Pina (nome literário); Manuel Orlando da Silva
Pina (nome completo) aceitou o desafio. Houve uma discussão entre os acadêmicos
que foi superada: não é brasileiro, é português que mora em Araçatuba. Como já
cantou Manuel Bandeira, Portugal é nosso avozinho. Somos dois países, mas um só
mundo falando o mesmo idioma. Ele foi aprovado.
Publicou “O Cosmos, o Homem e a Evolução”, "Caminhar do
Eu”, “João Belo” (Portugal) e o “O Império do Ocidente” (Brasil), “A alma das
Casas” (poesia). Estes últimos disponíveis na Amazon . Sua vida de
reinvenções inspira sensibilidade sua poesia e arte.
ONDE SE FALA O PORTUGUÊS
A alma das casas
A casa não te contém,
És tu que conténs a casa.
Tu és a casa!
Ela reflete o que és.
Uma casa abandonada
É uma tristeza,
Os vidros quebram,
As paredes estalam,
O lixo se acumula,
Os ratos invadem,
Os fantasmas a habitam.
Rapidamente fenece,
Vira apenas escombros,
Imagens fugazes
De momentos felizes
Que um dia testemunhou.
Apenas breves lembranças
Do amor que ali cresceu,
Na alegria dos risos,
No penhor das lágrimas,
De tudo o que aconteceu.
Não queiras saber
O que se passou,
Talvez a alma cansada
Que um dia acreditou,
Que a vida é mais importante
De tudo o que conquistou.
Que afinal a alma das casas
É apenas a alma da gente.
Não importa se a casa é pobre,
Ou uma grande e bela mansão,
Ela vai sempre mostrar
O que temos no coração.
Dia 21 de novembro será a sua posse, 20h, no auditório da
UniToledo. As letras de Araçatuba contam com sua presença.
*Helio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Acadêmico da AAL .
Nenhum comentário:
Postar um comentário