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3.9.25

Cidadão do mundo lusófono

Hélio Consolaro*

Em Araçatuba, temos vários cidadãos portugueses. Além de eu torcer para um time que tem um técnico de mesma nacionalidade. Gente teimosa, mas gente boa. Ele e sua esposa (que é brasileira, a Vera) chegaram ao Grupo Experimental da Academia Araçatubense de Letras devagarinho, hoje já tomaram conta de nossos corações. Quando faltam às reuniões, todos perguntam: "Cadê os dois?".

Quando se abriram as inscrições para ocupar a cadeira 16, vaga na Academia Araçatubense de Letras, da qual o Grupo Experimental é parte, fiz-lhe o convite:

- Inscreva-se! Se me couber função tão nobre, serei seu padrinho... O patrono da cadeira é bom! Érico Veríssimo!

Cidadão do mundo lusófono porque morou em três países que falam o português: Portugal, onde nasceu; Angola e Brasil. Manuel Pina foi funcionário de companhia aérea. É um sujeito voado. 

Manuel Pina nasceu em Moimenta da Beira, Portugal, e aos três anos, mudou-se para Luana, Angola. A guerra o trouxe de volta a Portugal, onde serviu na Força  Aérea e trabalhou 30 anos na Varig. Aposentado, dedicou-se à pintura e à escrita, paixão desde a adolescência.

Manuel Pina (nome literário); Manuel Orlando da Silva Pina (nome completo) aceitou o desafio. Houve uma discussão entre os acadêmicos que foi superada: não é brasileiro, é português que mora em Araçatuba. Como já cantou Manuel Bandeira, Portugal é nosso avozinho. Somos dois países, mas um só mundo falando o mesmo idioma. Ele foi aprovado.

Publicou “O Cosmos, o Homem e a Evolução”, "Caminhar do Eu”, “João Belo” (Portugal) e o “O Império do Ocidente” (Brasil), “A alma das Casas” (poesia). Estes últimos disponíveis na Amazon .  Sua vida de reinvenções inspira sensibilidade sua poesia e arte. 

ONDE SE FALA O PORTUGUÊS


EXEMPLO DE TEXTO DE MANUEL PINA

A alma das casas

 

A casa não te contém,

És tu que conténs a casa.

Tu és a casa!

Ela reflete o que és.

Uma casa abandonada

É uma tristeza,

Os vidros quebram,

As paredes estalam,

O lixo se acumula,

Os ratos invadem,

Os fantasmas a habitam.

Rapidamente fenece,

Vira apenas escombros,

Imagens fugazes

De momentos felizes

Que um dia testemunhou.

Apenas breves lembranças

Do amor que ali cresceu,

Na alegria dos risos,

No penhor das lágrimas,

De tudo o que aconteceu.

Não queiras saber

O que se passou,

Talvez a alma cansada

Que um dia acreditou,

Que a vida é mais importante

De tudo o que conquistou.

Que afinal a alma das casas

É apenas a alma da gente.

Não importa se a casa é pobre,

Ou uma grande e bela mansão,

Ela vai sempre mostrar

O que temos no coração.

Dia 21 de novembro será a sua posse, 20h, no auditório da UniToledo. As letras de Araçatuba contam com sua presença.

*Helio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Acadêmico da AAL . 

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