Hélio Consolaro*
Nove de julho é um feriado paulista. Só São Paulo não
trabalha, embora se diga por aí que divertimento de paulista é trabalhar. Lembre-se, caro leitor, da Revolução de 1932 e
dos Soldados Constitucionalistas MMDC. São faces da mesma moeda.
A Revolução Constitucionalista de 1932 ou Guerra Paulista
foi o movimento armado ocorrido no Estado de São Paulo, Brasil, entre os meses
de julho e outubro de 1932, que tinha por objetivo a derrubada do governo
provisório do gaúcho Getúlio Vargas (que combatia a política café com leite de
São Paulo e Minas) e a promulgação de uma nova constituição para o Brasil.
O termo "revolução" para o movimento
constitucionalista não é muito adequado àquilo que se propunha fazer. Para
alguns historiadores, o movimento é considerado até conservador e antirrevolucionário.
Era uma elite derrotada que queria voltar ao poder e encontraram nesse
movimento uma desculpa para isso. Qualquer semelhança com 2014 e 2015 não é
mera coincidência.
No dia 23 de maio de 1932, um confronto com as tropas do governo
acabou matando quatro estudantes de São Paulo. Esse episódio originou o
movimento conhecido como MMDC, que tinha esse nome por causa dos quatro jovens mortos:
Martins, Miragaia (família de Birigui-SP), Dráusio e Camargo.
Em 2014, quando Dilma Rousseff se reelegeu, o coronel Paulo
Telhada, eleito deputado pelo PSDB, teve
um comportamento parecido com a Revolução de 1932. Ele escreveu nas redes
sociais: “Porque devemos nos submeter a esse governo escolhido pelo Norte e
Nordeste? Eles que paguem o preço sozinhos...”
E incitava o separatismo do sul brasileiro.
O coronel Telhada ilustrava a sua convocação com um cartaz
da Revolução Constitucionalista de 1932. Assustado com ele, o PSDB acalmou o
coronel que mudou o discurso do separatismo.
Alguns sulistas classificam o Brasil como sendo a região
Sul, desenvolvida, com muitos descendentes de europeus, mas cultura e originariamente, o Brasil está no Nordeste,
com grande população afrodescendente, com presença forte da cultura portuguesa
e um idioma mais bem falado.
O Estado do Rio Grande do Sul, com o movimento Farroupilha,
também chamado Guerra dos Farrapos (1835/1845), teve sua vontade separatista.
Até hoje, ele ressurge nos momentos mais tensos da política brasileira. Durou
10 anos e foi liderada pela classe dominante gaúcha, formada por fazendeiros de
gado, que usou as camadas pobres da população como massa de apoio no processo
de luta.
Outro dia, disse numa roda de discussão política que para
entender melhor o presente se faz necessário entender o passado, a nossa
história, fazer o linque. O coronel Talhada sabe disso. A coisa vem de longe...
*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor.
Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP
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