AGENDA CULTURAL

25.7.24

Agora é a vez de quem tem conteúdo - Alberto Consolaro

“Use a cabeça antes de perguntar”, é o que pede a Inteligência Artificial para funcionar bem

Se pedir uma figura de Dom Quixote para a Inteligência Artificial ou IA, terei que saber sobre Miguel de Cervantes e seu amigo Sancho Pança, assim como o grau dessa linda amizade. Para a IA te servir bem, você tem que lhe dar o contexto e depois conferir.

Se pedir um laudo de doença, tenho que saber os seus vários nomes ou sinonímia. Para pedir texto ou figuras de inflamação no osso, eu terei que ter um conhecimento mínimo de osteíte, osteomielite, osteoradiomielite, periostite e osteoradionecrose. Se não perguntei certo, não terei respostas adequadas.

Para eu conferir um artigo que pedi sobre papas, deverei saber o nome e quais foram os principais desde a época de Cristo. E para conferir, deverei conhecer um pouco sobre a igreja, já que “católica” e “universal” são sinônimos e isto pode gerar uma confusão infernal.

MUITO FÁCIL

É tão fácil usar a IA, que as pessoas menores até as mais velhas podem acessar. Fácil, e ao mesmo tempo muito prática, só se tem que ter dois cuidados essenciais em dois momentos do uso da IA.

1) O primeiro momento é conferir o que lhe ofereceu a IA em texto, figuras, desenhos e outras artes. Se você não sabe muito sobre o assunto e é um incipiente com “c” ou insipiente com “s”, aí você se danou. Como vai dar aval a uma coisa que pouco conhece? Vai ter que pedir para o mais experiente, que leu mais sobre o assunto, ou tenha já estudado, feito teses e até livros. Conferir se a resposta está certa, requer cultura, sabedoria e experiência mínimas, próprias da idade e leitura. Incipiente é neófito ou iniciante; insipiente é aquele que não sabe.

2) O segundo momento, está na lição de uma frase que todos nós, incluindo os intelectuais e cientistas, aprendemos com Sócrates. A sua frase mais importante e famosa não é aquela que quase todos respondem: “ Quanto mais eu sei, mas percebo que nada sei”. A sábia frase mais importante de Sócrates é simples e curta: “posso perguntar?”

HÁ TEMPOS É ASSIM

Aonde Sócrates chegava, começava com perguntas inquietadores que deixavam os jovens estimulados pela vida. Todos sabemos que as respostas pouco importam, o que faz a gente evoluir são as perguntas bem-feitas. O bom cientista é aquele que faz as perguntas certas, precisas e oportunas. São elas que induzem a busca de verdades, as perguntas são as molas propulsoras da humanidade.

Sócrates dizia que uma vida sem reflexões ou perguntas não merece ser vivida. Ao procurar explicação para tudo, se pode entender a vida verdadeiramente, sem hipocrisia. Para o uso viável, oportuno e produtivo da IA, o grande segredo é como perguntar a ela. Mas, para chegar a esta pergunta, a mente deve estar preparada, senão a resposta será ruim, incompleta, parcial e inútil.

Por ser fácil de usar e como requer cultura, leitura e experiência prévia, as pessoas mais velhas, experientes e cultas estão sendo as contratadas para se usar a IA nos países desenvolvidos. O palestrante e escritor Walter Longo se encanta ao falar do assunto, afirmando que o futuro finalmente chegou, especialmente para os maduros!

REFLEXÃO FINAL

1. O educador diferenciado e crítico tem o papel de ajudar as crianças e adultos na busca consciente e científica da verdade, ensinando-lhes a perguntar sempre, até para se autoconhecer. Para se perguntar e pedir à IA com eficiência, precisamos de saber um mínimo de coisas. Quem sabe perguntar, já sai na frente! Agora, todos os iphones terão o ChatGPT.

2. A IA precisa de ajuda, pois se fosse tão inteligente assim, ela mesmo faria as perguntas que precisamos para evoluir. Mas, ela só responde e não faz perguntas. Eu conheço algumas pessoas que nunca fazem perguntas. Você também conhece?

3. O mercado editorial envolve leitura e cultura e está se movimentando muito nesta direção. Agora contratam pessoas diferenciadas, que o mercado rejeitou por um bom tempo, pois estas pessoas sabem fazer as perguntas certas e checar as respostas dadas. Desta forma estão acabando com o etarismo no mercado! Que coisa heim! Uma reviravolta. 

Alberto Consolaro 

Professor Titular da USP  
FOB de Bauru 

consolaro@uol.com.br 

             

É mais fácil fazer coração do que dente - Alberto Consolaro

Reproduzir órgãos com um tipo celular ou material deve ser menos complexo, do que com muitos tipos celulares e materiais
Para fazer um coração, precisamos de um tipo celular definido, o mesmo acontece para fazer nervo e até cérebro. Com um tipo de células com formas e funções definidas, pode se chegar a este objetivo, mas, mesmo assim, o órgão formado é muito rudimentar.

Quando o órgão que se quer obter em laboratório ou em vivos, é formado por vários tipos celulares, fica  mais difícil ter sucesso. O fato de ter vários tipos de células, de origens diferentes entre si, torna mais complexo concatenar as funções de uma com a outra.

Para formar um dente, o corpo tem que formar a dentina que dá a maior parte da estrutura e forma ao dente. Quem forma a dentina, são as células chamadas odontoblastos no centro do dente, na estrutura chamada polpa ou o “nervo”.

Por cima da dentina, tem que formar o incrivelmente duro esmalte, que vai ficar exposto na boca, moldando e escondendo a dentina abaixo. Na raiz, a dentina é revestida por cemento, outro tecido duro. Um dente tem TRÊS tecidos duros depositados e mineralizados lentamente para ficarem cristalizados e aguentar a mastigação. Haja resistência.

Os dentes são formados por células que se originam em lugares diferentes no embrião e feto. São SETE populações de origens diferentes, como se fossem pessoas de sete países diferentes, que tem se conjugarem harmoniosamente para formar o dente. Na superfície da raiz, ainda tem o ligamento periodontal e o osso fasciculado, também formados por outras populações diferentes.

Imagine uma escultura humana de bronze. A cabeça seria cerâmica, o corpo de bronze e os membros de borracha. Isto sem contar que por dentro teria que ter um tecido esponjoso para nutrir todos. O escultor ia ficar maluco de tanto trabalhar (Na foto, escultura de dente “Comprehension” de J. Seward Johnson).

Para formar dentina, as células chamadas odontoblastos, têm que combinarem com as que produzem o esmalte, chamadas ameloblastos. Para produzir o esmalte, elas têm que combinar, o tempo o local, com as que produzem a dentina. A mesma coisa acontece com as células ao formar o cemento na raiz, chamadas de cementoblastos, concatenando o tempo e local com a formação da dentina, osso e ligamento periodontal. É mais “fácil” fazer um coração, do que um dente: isto é incrível!

QUEM INVENTOU?

Por isto a “notícia” que circulou na internet leiga, de que pesquisadores japoneses descobriram uma substância que ao tomar, injetar na veia ou passar na mucosa, faria os dentes nascerem de novo, tem que ser vista com muito cuidado. Primeiro cuidado é que os dentes “vão nascer de novo”. Como assim? Impossível, se caíram e foram embora, como vão ressuscitar os dentes extraídos? Onde estão estes dentes para “nascer de novo”? Ou serão que irão reencarnar os dentes! De onde viriam estes dentes?

Cada dente é como fosse um embrião e feto à parte, de tão complexo que é a odontogênese, ou processo de formação de um dente. Um medicamento não consegue ligar e desligar genes para a formação de dentes. Não existe um gene para a formação de dentes: são vários! Não existe um mediador para formar o dente, são vários. Ou seja, não é tão simples a ponto de ir à farmácia, pedir o remédio para passar na boca e os dentes “nascerem” de novo.

O fato é: pesquisadores analisaram genes e mediadores em animais para interferir na ausência congênita de dentes. É um trabalho experimental na Universidade de Kyoto, publicado na “Scientific Reports” em 2021, uma revista de “acesso aberto” do grupo Nature. Daí, extrapolar para o uso clínico breve na população, inclusive em desdentados, é uma viagem de longa duração. Os cientistas não publicaram que os dentes iriam “nascer de novo”, mas escreveram que “nossos achados têm implicações no desenvolvimento de tratamentos tópicos para a agenesia congênita de dentes.” Que loucura!

REFLEXÃO FINAL

A “notícia” publicada na “internet leiga”, não tem base científica. A impressão é que soltaram esta “notícia” para conseguir audiência e financiamentos, mas não precisava usar tanto assim a imaginação! E pior, é que tem gente que acredita! 

Alberto Consolaro 

Professor Titular da USP  
FOB de Bauru 

consolaro@uol.com.br    

24.7.24

Brasil e Estados Unidos

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

Sou filho da guerra fria, nasci em 1948. Na Capela São Benedito, ouvi o padre José Maria fazer sermões anticomunistas. Eram tão fortes que o menino tabaréu tinha pesadelos à noite.
Era a guerra quente sendo substituída pela fria, feita na ideologia, nas palavras, na cultura. As duas potências mundiais (EUA e URSS) usavam os conflitos locais para vender armas.
O cinema norte-americano estava a serviço da ideologia de que a terra do Tio Sam era um paraíso, o melhor dos mundos. Fiz parte de muitas filas em cinemas para que Hollywood fizesse minha cabeça.
A mídia dos países satélites do poder ianque, como o Brasil, era baba-ovo, se submetia. A frase "Tem que ser no Brasil", repetida ainda hoje, era o símbolo de que um povo se desvalorizava, complexo de vira-lata. Quando ouço brasileiro dizer isso, já sei que o sujeito tem inteligência limitada, não pensa por si.
Agora que a comunicação é simultânea graças ao mundo digital, a democracia também foi construída no Brasil, percebemos que os norte-americanos são tão bagunçados quanto os brasileiros.
O mito do mundo perfeito caiu. Já estamos descobrindo certa superioridade em nós mesmos. Os povos são diferentes, cada um com sua história. Grito Viva o Brasil, e também viva os Estados Unidos, sem medo.



ARRAIÁ INCANTUS - NOITE ENCANTADA
No dia 17 de julho deste 2024, fui arrastado para uma festa julina por minha linda. Fátima Florentino. Aliás, ultimamente eu só ando de arrasto, ela me puxa para lugares dantes desconhecidos. Estou gostando.
Uma promoção da mulher que vive 24 horas por dia para a música, a nissei Eliana Nakaguma. E a festa é a reunião do coral IN CANTUS, do Espaço Cultural. Muita comida, muita música, muitos brindes no bingo. Gastos: R$30,00 cada um. Minhas netas estudam instrumentos musicais na escola da Eliana Nakaguma.
Gostei. Foi uma festa bem organizada, divertida e com fartura. A chácara Oliveira ficou à nossa disposição. Parabéns, Eliana Nakaguma, família, coralistas e amigos do coral.

RANCHO DAS VIDEIRAS
Deixando a vida levar você, ela leva-o a lugares mil, desconhecidos e brilhantes. Assim aconteceu no domingo, ontem (21/7/2024).
Sem palpite para o almoço, sem apetite para a comida da Sandra (faxineira) feita há dias, guardada na geladeira, recebo convite de minha linda: Rancho das Videiras.
Perguntei se não tinha sido alagado. Ela respondeu que era aqui mesmo em Araçatuba.
E fomos. Bairro da Prata.
Leve suas crianças para ter contato com o mundo rural.
Conheça mais:

23.7.24

Concurso Nacional de Contos Cidade de Araçatuba - Caroline Franciele

 Secretaria Municipal de Cultura de Araçatuba promove o 35º concurso de contos

Poderão concorrer escritores, com conto inédito, da região administrativa de Araçatuba e na categoria nacional


A Prefeitura Municipal de Araçatuba, por meio da Secretaria de Cultura, está promovendo a 35ª edição do Concurso de Contos, que visa premiar dez contos inéditos, que posteriormente comporão uma coletânea. O autor homenageado na edição será Fernando Sabino.

Serão duas categorias premiadas: Categoria Região Administrativa de Araçatuba e Categoria Território Nacional. As cidades que compõe a região administrativa são: Alto Alegre, Andradina, Araçatuba, Auriflama, Avanhandava, Barbosa, Bento de Abreu, Bilac, Birigui, Braúna, Brejo Alegre, Buritama, Castilho, Clementina, Coroados, Gabriel Monteiro, Gastão Vidigal, General Salgado, Glicério, Guaraçaí, Guararapes, Guzolândia, Ilha Solteira, Itapura, Lavínia, Lourdes, Luiziânia, Mirandópolis, Murutinga do Sul, Nova Castilho, Nova Independência, Nova Luzitânia, Penápolis, Pereira Barreto, Piacatu, Rubiácea, Santo Antônio do Aracanguá, Santópolis do Aguapeí, São João de Iracema, Sud Mennucci, Suzanápolis, Turiúba e Valparaíso.

Conforme o edital publicado nos órgãos oficiais, o conto deve ser inédito, não deve ser obrigatoriamente relacionado com o autor homenageado. Deve ter entre 2 e 10 páginas, escritos em fonte Times New Roman, 12, formatada em espaço duplo, em formato A4, com margens de 2 cm.

Não poderá ter o nome do autor identificado, devendo constar um pseudônimo que não faça referência ao escritor. O arquivo deve ser anexado em PDF no formulário eletrônico do concurso.

Disponível em: https://aracatuba.sp.gov.br/cultura/form/6691401f992c9065815160. Onde também deverá ser feita a inscrição de apenas um conto por autor. Caso haja mais de um conto escrito, será considerado apenas o primeiro.

Não poderão participar do concurso: servidores municipais pertencentes ao quadro da Prefeitura Municipal de Araçatuba, membros da Comissão Julgadora deste concurso, bem como seu cônjuge, companheiro, parente consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, proponente que se encontre inidôneo para licitar com órgão da Administração Pública Federal, Estadual, Municipal.

As inscrições deverão ser feitas a partir de 17 de julho e se encerram em 28 de agosto.

No ato da inscrição, o autor deverá anexar cópia digitalizada do RG e CPF e comprovante de residência, biografia literária, com no máximo 400 caracteres, contendo obrigatoriamente data de nascimento, formação escolar e profissão, em arquivos PDF.

Além da Certidão Unificada de Tributos Federais, Regularidade Fiscal e Autorização de Publicação e Cessão de Direitos Autorais, a última anexada no edital oficial, que pode ser acessada no endereço eletrônico www.aracatuba.sp.gov.br/cultura.

Serão 10 autores premiados, sendo os três primeiros recebendo os valores de 1.º lugar: R$ 3.000,00 (três mil reais).2.º lugar: R$ 2.000,00 (dois mil reais) e 3.º lugar: R$ 1.000,00 (mil reais).  Os demais receberão menções honrosas. Também serão distribuídos cinco exemplares da coletânea aos autores.

Os resultados serão divulgados em outubro de 2024.

Para mais informações:

 www.aracatuba.sp.gov.br/cultura.

www.smculturaaracatuba.blogspot.com /

Rua Anita Garibaldi, n.º 75 – Centro.

18 – 3637 3736





17.7.24

Antes morrer do que matar

G1- Globo
Tailândia


"Guarda a tua espada no seu lugar, pois todos os que pegam a espada pela espada perecerão" (Mt 25,52) 

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

O presidente dos Estados Unidos Joe Biden, em seu pronunciamento à nação, afirmou que política não deve ser um campo real de batalha, nem um campo de matança. Ele não tem moral para fazer tal pregação.

Com todo o respeito, este croniqueiro vai discordar de Biden. Apesar de considerar a política uma atividade necessária, inerente à humanidade, sempre esteve em minhas concepções que da política, do jeito que está configurada, acontece a tragédia humana, precisamos nos educar muito para uma cultura da paz; mas não é possível falar de paz empunhando armas. 

Como uma nação armamentista, a comandada por Biden, fabricante das mais potentes armas do mundo, que promove o surgimento de conflitos mundiais para poder vender os produtos da indústria bélica, pode ser tão incoerente pela fala de seu presidente. Pergunto como estão as criancinhas e a população civil na Faixa de Gaza. E o conflito Ucrânia e Rússia? 

Enquanto os norte-americanos promoverem a guerra no mundo, não terão a paz em seu território. O governo dos Estados Unidos não tem moral de restringir o comércio de venda de armas internamente enquanto alimentar conflitos mundiais com seus instrumentos bélicos.  

Antes morrer do que matar - este é o lema do pacífico.

DORIVAL FICOU FORA DA RODA E CAIU NA BERLINDA

Ficar fora da roda é ser excluído, não ser líder, não mandar nada. Imagem que não combina com a de um técnico de futebol. E a TV mostrou tudo.

Aí a seleção brasileira foi desclassificada. A imagem ganhou a dimensão da incompetência.

A imagem da pessoa “Dorival” está mais para avô, Papai Noel, um sangue de barata, que na sua casa nem o cachorro obedece a seus comandos.

O Abel Ferreira, na hora do Palmeira bater pênalti, já correu para o vestiário, de pavor, mas o português é brigador, chuta microfone, só não bateu em juiz. Perfil diferente que permite ser perdoado em tal situação.

Você, jovem, que está começando a sua carreira agora, precisa construir sua imagem pública com mais cuidado para não sofrer revezes na vida. Não ser um Dorival.

 


9.7.24

Soldados sendo artistas

 

Jean Oliveira
Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

No dia 4 de julho de 2024, quinta-feira, quem passasse pela rua General Glicério de Araçatuba, defronte ao Centro Cultural Thathi (antigo Cine Pedutti) estranharia a presença de tantas viaturas da Polícia Militar do Estado de São Paulo. E ao fundo, lá de dentro, uma voz masculina cantando Boate Azul.  

Quem foi homenagear os 50 anos da Banda Regimental de Música do CPI 10, Araçatuba, com a presença do Corpo Musical da Polícia Militar do Estado de São Paulo, pensou que fosse encontrar dobrados ou músicas apenas orquestras. Foi muito diferente, apenas músicas populares que foram cantadas com a plateia.  

Cover de Elvis Presley

Militares fardados cantaram como verdadeiros artistas. Executaram músicas de filmes, depois uma sequência de Tim Maia que, com certeza, em sua vida, fugira da polícia, foi homenageado. Roupa Nova. Várias músicas sertanejas, e para disfarçar que a coisa era séria, cantou-se uma música gospel. E a plateia ia ao delírio.

Uma apresentação especial comoveu os presentes, uma performance de Elvis Presley, chegando a ser um cover. Nessa apresentação, o militar se fantasiou como o cantor norte-americano, sem farda. Distribuiu lenços mil para a plateia, como fazia o verdadeiro Elvis. E para não fugir ao padrão, um dos cantores pediram para que todos acendessem a lanterna de seus celulares.  

Durante o espetáculo, em vez de armas de fogo, os soldados traziam a punho instrumentos musicais em seus estojos. Pareciam soldados brincando de criança. Ficou provado que a paz é possível.

Certamente, o militar da banda, do corpo musical, já tinha essa formação quando se engajou, coube ao comandante separar o bloco de quem sabia tocar algum instrumento e formar uma corporação musical. 

Aqueles militares músicos não perseguem bandidos nas ruas, só extraordinariamente. Ser músico é até uma forma de o soldado se proteger da violência da ação policial, ficar nos serviços administrativos

No teatro Thathi, foi um palco de êxtase, onde todos riam, felizes, corporação e plateia, como exemplo de que a utopia da pacificação é possível. Havia muita gente da família militar presente, mas não era só. Eu e a Fátima estávamos lá para ouvir música.

Está provado de que a arte humaniza a pessoa, deixa-a mais sensível, abre as portas do emocional. Policiais são pessoas que não podem se contaminadas pelo ódio.


 

8.7.24

Aniversário chique


Portal de entrada

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

Estive num aniversário cinco estrelas em Adamantina de alguém (Ariadne) da família de Fátima Florentino.
Quando me falaram que seria num hotel, e terminada a festa, os convidados iam para seus aposentos, fiquei admirado (por conta do convidado). Como dizem os descamisados: quem é rico caga longe.
O susto maior foi o nome do hotel: ABAPURU. Nome de uma pintura da modernista Tarsila do Amaral. A hospedaria era mesmo diferente, até no nome.
Mirante
Os parabéns foram cantados na abertura da festa, assim cada convidado poderia ir na hora que quisesse e até fazer roda de samba. O último convidado foi para o quarto às três horas da madrugada. Houve banda.
O hotel é de um casal de dentistas, com gestão da Sulema Mustafá. Com o nome do hotel quis prestigiar o Brasil. O hotel é um verdadeiro clube de campo, tem até lagoa para pescaria e animais como pavão, carneiro, galinha de Angola. Turismo rural.

3.7.24

A neblina tomou conta da cidade


Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

A certeza é fatal. O que me encanta é a incerteza. A neblina torna as coisas maravilhosas. OSCAR WILDE

A neblina tomou conta da cidade. As nuvens baixaram ao rés do chão. Não se via a um metro do nariz. O próximo passo é uma incerteza.  

Assim foi terça-feira, 02/07/2024. Era dia da Sandra ajeitar a casa, veio de Bis, estava apavorada com o nevoeiro. A cada acelerada vinha o desconhecido, apesar de ser um caminho rotineiro.

A namorada também reclamou, pelo zap, de que Araçatuba parecia Londres, ou São Paulo no tempo da neblina. Eu respondi que o tempo sombrio me assanha a inspiração, é romântico. Até ouvi o lobo uivar.

No meu tempo de menino, ir à escola, a pé, andando vários quilômetros por estradas, cruzando a neblina, era uma aventura. As recomendações maternas redobravam.

A neblina vem nos lembrar que os humanos ainda somos natureza, põe no mesmo nível  o lobo e o homem, contesta o cristianismo que quer esconder o nosso lado animal. Deus está em tudo, é também natureza. 

A neblina não é uma enchente do Rio Grande do Sul que quis nos educar na dor. Ela nos traz solitários para dentro da nuvem rala, é um acolhimento, dizendo que nós somos parte dela. 

Estranho é caminhar na densa névoa:
Solitária está cada planta ou pedra,
Nenhum arbusto enxerga o seu vizinho,
Cada um está só. HERMANN HESSE
   

30.6.24

Cido Sério com Lula e Alckmin - reivindicações para Araçatuba



CIDO É APENAS PRÉ-CANDIDATO A PREFEITO E JÁ ESTÁ BUSCANDO COISAS PARA ARAÇATUBA 
Cido Sério e sua namorada Keller Cordioli acompanharam a agenda do Presidente Lula em SP, onde ele anúnciou a construção da universidade Unifesp na zona Leste, e o hospital universitário e metrô na zona Sul, Jardim Ângela. E aproveitou para reivindicar uma universidade federal em Araçatuba e apoio para cidade e região.
Foi assim que agiu quando foi prefeito, para instalar a faculdade de medicina em Araçatuba (UniSalesiano).



27.6.24

Os brasões e a flor-de-lis - Alberto Consolaro

O lírio ou flor-de-lis está presente em muitos brasões como o de Florença e de várias unidades militares pelo mundo

Quando perguntam de onde veio tanta curiosidade, eu “culpo” minha mãe. Antes de sair para visitar alguém, ela discursava sempre dizendo que não era para mexermos nas coisas da casa alheia, não perguntar sobre nada e não atrapalhar a conversa dos adultos.

Parece que isso desencadeou uma vontade enorme de saber de tudo o que consigo. Até hoje olho vitrines, assisto programas em pé e fico analisando as coisas com os olhos e ouvidos, mas com as mãos cruzadas atrás do corpo.

Na simplicidade da pobreza, quando alguma coisa vinha embrulhada em jornal, era uma maravilha! Cada letra e notícia naquela folha era devorada loucamente. Não havia internet, as enciclopédias e atlas eram consultados nas bibliotecas públicas.

Algumas coisas ficaram para trás e uma delas foi por que tive, durante 4 anos, uma professora de francês muito chata e implicante chamada Flor de Lis. Então, tudo que tinha flor-de-lis, eu deixava de lado.

Mas, agora, chegou a hora da verdade, de me libertar graças à beleza desta flor como uma das quatro figuras mais populares da heráldica, juntamente com a águia, cruz e o leão. Heráldica é a arte ou ciência que identifica visualmente alguma coisa por meio de brasões de armas ou escudos, criada na França.

FLOR-DE-LIS

O termo “lis” vem do francês e significa lírio ou íris, mas também representa uma forma contraída de “Louis” ou Luís, o príncipe que virou rei Luís VIII e utilizou a flor como símbolo em 1211, ficando como “fleur-de louis”.

A flor-de-lis nos brasões é muito associada à monarquia francesa, ao rei da França e até hoje permanece como um símbolo extraoficial da França, junto com a águia napoleônica. Para os franceses, as três pétalas significam pureza do espírito, luz e perfeição. No entanto, há citações de que a flor-de-lis represente a Santíssima Trindade.

Atualmente muitos logos ou marcas trazem a flor-de-lis como as camisas Dudalina, a Faculdade São Leopoldo Mandic, muitas outras universidades e numerosas unidades militares. O escotismo mundial tem a flor-de-lis como seu maior símbolo por escolha de Baden-Powell, seu fundador.

A flor-de-lis ou o lírio está permeado na cultura francesa, inclusive na culinária. Quando o chef preparava algo muito diferente, com paladar incomum, a realeza premiava-o com uma flor-de-lis de ouro e pedras preciosas, concedendo lhe permissão de chamar com seu nome, aquele prato saboroso.

CAPITAL DO MUNDO

Em época de Olimpíadas em Paris, que é o centro cultural do mundo, é prazeroso refletir a influência da cultura francesa em nossa formação como nação. Por muitos anos, os franceses dominaram parte de nosso território, estabelecendo-se por aqui a França Equinocial, onde hoje é o estado do Maranhão cuja capital São Luís, ainda guarda alguns sinais desta época. Os franceses ainda ficaram um tempo no Rio de Janeiro e somos vizinhos por meio da Guiana Francesa, um território ultramarino.

Não notamos, mas muitas palavras comuns são derivadas do francês como: abajur, boate, balé, batom, bibelô, buquê, butique, bife, champanha, camelô, camionete, carnê, chique, chefe, conhaque, cupom, crochê, dossiê, edredom, filé, garagem, garçom, guichê, guidão, glacê, madame, maionese, maquete, maquilagem, marrom, matinê, menu, omelete, pierrô, purê, raquete, ruge, sabotagem, toalete, vitrine etc.

REFLEXÃO FINAL

Quantos símbolos já passaram pelos seus olhos, com a flor-de-lis no centro e nem notaram. Às vezes exibimos símbolos, marcas e brasões nas roupas, carros e casas e nem sabemos o significado deles. Tomemos cuidado, pois podem passar mensagens com as quais não concordamos, o que não é o caso da flor-de-lis. 

Alberto Consolaro 

Professor Titular da USP  
FOB de Bauru 

consolaro@uol.com.br