AGENDA CULTURAL

15.3.25

Big Brother Brasil: miserabilidade e linchamento - Marcos Benedito


O Big Brother Brasil (BBB) consolidou-se como um fenômeno midiático de grande alcance, atraindo milhões de espectadores a cada edição. No entanto, por trás do espetáculo televisivo, há um enredo que se baseia na exploração da miserabilidade humana, no estímulo ao conflito e na manipulação dos sentimentos e emoções dos participantes. Trata-se de um programa estruturado para potencializar tensões, alimentar rivalidades e transformar a vida privada em um espetáculo público, sempre visando a maximização da audiência e do lucro.

Desde sua concepção, o reality show se alimenta de um conjunto de características humanas que, em condições normais, seriam tratadas com mais responsabilidade e sensibilidade: a ganância, a soberba, a sede por visibilidade e o desejo de ascensão financeira. O jogo é cuidadosamente construído para que os participantes se tornem peças de um tabuleiro mercadológico, onde suas virtudes e defeitos são expostos de forma a gerar engajamento e debate público. E, em muitas ocasiões, esse engajamento se dá à custa da dignidade dos envolvidos.

Muitos dos que aceitam o convite para participar do programa o fazem movidos pela esperança de mudar de vida, alcançar notoriedade e conquistar oportunidades futuras. Contudo, o que frequentemente acontece é a exposição extrema, o desgaste de sua imagem e, em muitos casos, a estigmatização. A edição, o recorte narrativo e a dinâmica da casa criam personagens que são amados ou odiados pelo público, sem que haja espaço para a complexidade humana.

O BBB e o Linchamento Étnico e Racial

Um aspecto particularmente preocupante do BBB é o que pode ser chamado de linchamento étnico e racial. Ao longo das edições, tem-se observado um padrão no qual participantes negros e periféricos são, frequentemente, os primeiros a serem eliminados. Ainda que haja exceções, a regra geral parece ser a de que esses indivíduos enfrentam julgamentos mais rigorosos do público e dos próprios colegas de confinamento.

Isso não acontece por acaso. O Brasil carrega em sua estrutura social um racismo profundo, muitas vezes velado, que se manifesta de maneira sutil em processos de exclusão como esse. No BBB, participantes negros são frequentemente cobrados de forma mais severa por suas atitudes, enquanto colegas brancos, mesmo cometendo erros mais graves, são mais facilmente perdoados ou redimidos pelo público.

Além disso, há um fenômeno curioso dentro da lógica do programa: aqueles que mais se envolvem em polêmicas e escândalos costumam permanecer por mais tempo, pois o conflito gera entretenimento e audiência. No entanto, quando esses conflitos envolvem pessoas negras, a tolerância do público parece ser menor, e a eliminação ocorre de forma rápida e implacável.

A Indústria da Exposição e o Papel do Público

O Big Brother Brasil não é apenas um reflexo da sociedade, mas também um agente ativo na reprodução de desigualdades e preconceitos. A forma como os participantes são retratados, o tipo de narrativa que se constrói em torno deles e a maneira como o público responde a essas histórias mostram como a mídia molda e reforça padrões sociais.

A grande questão que se impõe é: até que ponto a sociedade está disposta a continuar consumindo esse tipo de entretenimento? Até que ponto compactuamos com um sistema que transforma seres humanos em personagens descartáveis, usados para alimentar um ciclo de exposição, julgamento e esquecimento?

É fundamental que haja uma reflexão sobre o impacto desse tipo de programa na construção de valores e na percepção social sobre questões de raça, dignidade e respeito à individualidade. O entretenimento não pode ser uma desculpa para o reforço de desigualdades e a exploração da vulnerabilidade alheia.

Que essa reflexão possa levar a um consumo mais consciente da mídia e ao questionamento dos valores que estamos reforçando ao dar audiência a esse tipo de espetáculo.

*Marcos Benedito foi coordenador da temática racial da Central Única dos Trabalhadores (CUT), diretor da Secretaria Municipal de Políticas Cidadã da Prefeitura de Araçatuba. ZAP:18 99138-0989 

11.3.25

Papa pelado

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP 

O Papa Francisco está vivendo a via sacra em plena quaresma de 2025, passando por todas as estações. Os açoites vêm da igreja conservadora. Mas como chefe da igreja,  viverá a dor sem gemer, até chegar ao Calvário. 

Foi pescado das beiradas do mundo para exercer este papel. Num país pequeno, mas com bom no futebol, onde torce por San Lorenzo, que tem um ídolo nada santo: Maradona

Cada ser humano vive o sofrimento, a chegada da morte com dignidade. Assim ensinou o Mestre ao carregar a cruz. E Papa Francisco faz o mesmo, desprezando todos os privilégios de seu relacionamento com o Pai.

Há momentos no hospital que ele fica sem os paramentos, nu, as vestes hospitalares se transformam em sudário. O papa fica pelado para mostrar no leito, na mesa dos trabalhos cirúrgicos  que ele não é melhor do que os outros mortais. O Papa Francisco faz isso na maior tranquilidade, vive o mistério da morte como todos nós. 86 anos vividos.

Não quis se aposentar. Está cumprindo os desígnios divinos até o último suspiro, assinando os documentos necessários. Não é apenas um chefe, é uma luz.

O Papa Francisco está pelado, orando, com certeza, mas acreditando no progresso da humanidade, se submetendo aos tratamentos da ciência. Nada acontece no mundo sem o conhecimento do Senhor.

O papa é a ligação entre o céu e a terra. Nessa conversa celestial Bento 16 foi aconselhado por Deus a se aposentar, estava atrapalhando. Papa Francisco será útil, seu último suspiro está sendo prorrogado. Falta-lhe convidar a humanidade ao encontro e à comunhão com Deus. 

Francisco é missionário.


 

 

5.3.25

Quero dar trabalho




Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

Quando você está velho ou velha? Segundo Millôr Fernandes, "chega o dia em que você não conhece mais ninguém realmente novo. Toda pessoa nova que você conhece não vem com absoluta originalidade visual. Sempre recorda alguém, existente ou já ido, cuja imagem se superpõe à dela, negando-lhe espaço completo em sua memória. Você está mesmo velho!"  

Segundo o IBGE a expectativa de vida dos brasileiros é de 76 anos, já vivi tudo isso, atingi o ápice. Entrei na lambujem. E para meu regozijo, bem de saúde. 

Na parte sexual, o talher envelheceu junto com o corpo, mas a medicina avançou muito, retira-se o zinabre, para tudo se arruma um jeito.

Já me preocupei com todos, agora todos vão ter que se preocupar comigo. Nem todos, pelos menos os gratos. E para complicar a caminhada, perdi a companheira de quase 50 anos de casado. Tornei-me um viúvo abandonado numa casa onde vivo há 43 anos. Mas nada de lamento, a vida é para ser vivida conforme Deus manda. 

A gente pode até arrumar uma namorada (ou namorado) para não deixar morrer a vida afetiva, mas ela (ou ele) não tem obrigação de cuidar do doente, pois trata-se de um namoro. Se quiser auxiliar, não deve desprezar a oferta. Obrigação não há. 

O psicanalista Contardo Calligaris, italiano que morava no Brasil, andou escrevendo semanalmente na Folha de São Paulo (1999-2021), inconformado dizia que sua vida na velhice era apenas cuidar de si, passara a fase de cuidar dos outros. Morreu com 72 anos de câncer em 2021.

Cuidar dos velhos é uma obrigação, não só da Previdência Social, mas também da família. O problema é que a configuração familiar mudou, milhões moram  em minúsculos apartamentos e nem sempre permite inserir nela os idosos.

Se você, caro leitor, tiver recursos para cuidar de si, com bom plano de saúde e hospedar-se numa casa de repouso, deve levantar suas mãos para o céu. Não fique reclamando atenção 24 horas por dia, deixando o ambiente depressivo.

Eu não tenho vergonha alguma em pedir ajuda aos mais novos, não tenho comigo a filosofia "não quero dar trabalho". Se cumpri bem todos os meus anos vividos, espero agora o retorno: cuidem de mim. Quero dar trabalho, nem que seja num asilo.

Pensar no futuro é ter recursos para viver bem sua velhice, não se trata de deixar uma boa herança para os descendentes. Se puder, se acontecer, deixe alguns bens para eles brigarem ao fazer o inventário.  

PS. Nada de fazer empréstimo consignado para socorrer filhos netos.   


28.2.25

Birigui tem academia de letras

Hélio Consolaro 

Estive na quinta-feira, 27/02/2025, no teatro do Sesc de Birigui. Fui convidado para a posse de mais dois membros da entidade: Deidimar Alves Brissi (partrono: Catulo da Paixão Cearense) e Maria José Barroso Gomes (patrona: Cora Coralina). 

A solenidade foi transformado num ato literário em favor do sertão. Deidimar e Zezé se derretem em declamar poemas de seus patronos. A ABL conta já com sete membros: 

Diretoria da Academia Biriguiense de Letras
- Presidente: Deidimar Alves Brissi
- Secretário-Geral (vice-presidente): Ângela Maria Daneluci Crespo 
- Primeiro-Secretário: Sandra Mara Staff 
- Segundo-Secretário: Maria José Barroso Gomes
- Tesoureiro: Marilu Guidotti Ribeiro
João Victor Pereira Brambila, 
Sueli Terezinha Contel 
De Araçatuba, se fizeram presente os acadêmicos da AAL: Hélio Consolaro: e Hosanah Spíndola. Do Grupo Experimental: Maria Rosa Dias e Vera Ochiucci.

Houve uma banca da Editora Pindorama com livros de escritores regionais e locais, como também de Cora Coralina. 
Araçatuba, Andradina, Lins, Penápolis e Birigui são as cidades da região que já possuem sua academia de letras. Ou seja, os escritores já não tão sós, já se reúnem a favor da literatura. 


    
  

26.2.25

Soltaram o diabo e não avisaram Deus


Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

A situação do município de Araçatuba é esta: matam três hoje e há mais quatro amarrados para amanhã. Ando assustado com tantos assassinados e acidentes de trânsito. Há até filho matando mãe.

Não tenho a solução e nem quero culpar ninguém, mas andamos tramando contra o universo. De repente, parece que ele está começando a se irritar.

Uma igreja em cada esquina, um bar em cada quarteirão. E os corpos se avolumam no Instituto Médico Legal. Corpos em todas as faixas etárias. Os órgãos de comunicação só noticiam crimes e mortes violentas. E há os suicídios que não são divulgados. Um crente, meu vizinho, me disse que soltaram o diabo e não avisaram Deus.

Digitei na inteligência artificial as palavras: ordem, pecado e mercado. A resposta veio falando de teologia da prosperidade, revolução tecnológica, valorização do ter, família. Bem desconfiava que o tema exige uma reflexão profunda.

OUVI O LIVRO DA RITA LEE

Pela primeira vez, ouvi um livro. Graça ao audiolivro "Rita Lee - uma autobiografia". Recebi o presente da Claro, por meio do aplicativo SKEELO. Achei legal, celular ligado no fone de ouvido e eu viajando para Goiás no busão. Valeu a pena ouvir e ouvir na voz da própria Rita Lee. Ela fez a obra antes de morrer. E como estamos vivendo o carnaval e Rita é uma paulista que está sendo homenageada por um bloco, convido os internautas para ouvir o livro (ou ler) se seu carnaval for meio paradão.

ESCREVEU Guilherme Samora, jornalista e estudioso do legado cultural de Rita Lee:
“Do primeiro disco voador ao último porre, Rita é consistente. Corajosa. Sem culpa nenhuma. Tanto que, ao ler ou ler o livro, várias vezes temos a sensação de estar diante de uma bio não autorizada, tamanha a honestidade nas histórias. A infância e os primeiros passos na vida artística; sua prisão em 1976; o encontro de almas com Roberto de Carvalho; o nascimento dos filhos, das músicas e dos discos clássicos; os tropeços e as glórias.
Está tudo lá. E você pode ter certeza: essa é a obra mais pessoal que ela poderia entregar de presente para nós. Rita cuidou de tudo. Escreveu, escolheu as fotos e criou as legendas e até decidiu a ordem das imagens , fez a capa, pensou na contracapa, nas orelhas... Entregou o livro assim: prontinho. Sua essência está nessas páginas. E é exatamente desse modo que a Globo Livros coloca a autobiografia da nossa estrela maior no mercado.”

25.2.25

Convite - Academia Biriguiense de Letras no Sesc Birigui


📜 Zezé e Deidimar apresentam a intervenção poética: 🎭 POETAS DO SERTÃO 🎶

 

Neste evento será realizada a defesa pública de Cora Coralina e Catullo da Paixão Cearense como patronos de cadeiras da Academia Biriguiense de Letras. 📖👩🎓

 📅 Dia: 27/02/2025

⏰ Horário: 19h30min

📍 Local: Teatro Sesc

🎟 ENTRADA FRANCA! 🆓

 

📚 Exposição e venda de livros!

Das 18h00min às 22h00min, na Área de Convivência do Sesc, haverá uma exposição com venda de livros de escritores locais, além de obras de Cora Coralina e Catullo da Paixão Cearense. 📖✨

✒ Conheça a Academia Biriguiense de Letras!

Durante o evento, você terá a oportunidade de conhecer mais sobre a Academia Biriguiense de Letras, seus membros, suas ações e como participar desta importante instituição literária. 📜📚

 

📢 Participe, compartilhe e prestigie este evento único! ✨

 

📖 Realização: Academia Biriguiense de Letras

📚 Apoio: Editora Pindorama

19.2.25

História romântica


Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

Lá em casa, já não aguento mais escutar: velho não deve subir em escadas e nem cadeiras, é perigoso. Vida de velho não é fácil.

Mas um casal de velhos, Nélson José Ponzoni, 77 anos, piloto; e sua esposa psicóloga, Vivien Neide Bonafer Ponzoni, 74 anos; saiu do Aeroclube Aeroquadra para dar uma volta em seu aviãozinho particular, o quase teco-teco, o modelo experimental CT-U. Com essa idade não se dirige carro!

O seu Nélson tinha sido piloto de Boeing! Dar umas voltas com o teco-teco era um jeito de espairecer. Recordar os velhos tempos, tinha direito a tropelia. Parece história com final marcado, o destino ia ser cumprido.

Caíram, se esbagaçaram no chão. Isso foi em Quadra, um município perto de Tatuí-SP no último passeio de sábado, 15/02/2025. Até parece aquelas histórias românticas em que o casal era tão unido que combinou morrer junto.

Filme “Emília Perez”

Para quem ainda não sabe, o México foi tomado pela bandidagem. Os analistas políticos até dizem que o Brasil não pode se mexicanizar. Há 500 mil pessoas desaparecidas.

Um grupo de cineastas europeus, dirigido por Jacques Audiard, produziu um musical, o filme “Emília Perez”, que está disputando o Oscar. A protagonista do filme é a atriz espanhola trans Karla Sofía Gascón, que também protagoniza uma personagem trans, o traficante Manitas, posteriormente chamada Emília Perez.

O filme denuncia para o mundo a situação caótica em que vive o México, a violência, mas aproveitou o contexto para colocar também a transgeneridade nesse mundo já problemático.

Assim, com tanta coisa ruim, os mexicanos não querem saber do filme, pois dizem que está piorando a imagem do país, tanto é que não foi projetado em terras mexicanas.

Além disso, o espanhol usado pelos personagens no filme não é o mexicano. E o cenário do filme não é mexicano, mas os arredores de Paris.

A única artista com aparência mexicana é Zoe Saldaña, mas só fala inglês, mora há muito tempo nos Estados Unidos.

Assisti ao filme no cinema do Shopping Center Praça Nova, Araçatuba, acompanhado pela Fátima.
Trata-se de um filme tão agitado que não há tempo para piscar. Nem a Fátima que dorme em filmes, teve tempo para isso.

Independente da briga mexicana, sobrando arranhões para “Ainda estou aqui” na disputa pelo Oscar para o Brasil, vale a pena ver o filme, que explora a crise de identidade entre pessoas sexualmente transgênicas.

17.2.25

Bloco do Gordinho 10 anos: missão cumprida no resgate do carnaval de Araçatuba

 

Bloco do Gordinho de 2024 - Luana Bessa

(Release)
Com uma década de história, o Bloco do Gordinho comemora o renascimento do carnaval de rua com dois dias de festa para toda a família e programação inclusiva

O Bloco do Gordinho celebra em 2025 uma década de história, promovendo a alegria, a tradição e o espírito de comunidade pelas ruas de Araçatuba. Desde sua criação, a iniciativa se tornou um símbolo do renascimento do carnaval de rua na cidade, oferecendo uma festa segura e inclusiva, com marchinhas animadas e atrações para todas as idades – e até para os pets! Como diz a marchinha oficial: “é pra criançada, pro doguinho e pro vovô.”

Para a festa de 10 anos, o bloco traz uma novidade: serão dois dias de celebração. No sábado, 1º de março, a tradicional concentração acontece na Praça João Pessoa, a partir das 15h, com o cortejo saindo às 16h rumo à Praça Olímpica, pela rua Armando Sales de Oliveira. E para tornar essa comemoração ainda mais especial, o bloco terá um dia extra: na segunda-feira, 3 de março, a folia vai invadir o Shopping Praça Nova, a partir das 18h.

“A emoção de completar 10 anos com a missão cumprida é imensurável”, celebra Paula Liberati, idealizadora do Bloco do Gordinho. “Comecei esse carnaval para apresentar a festa para meu afilhado, que era ainda um bebê, e para as crianças de Araçatuba. Quando começamos, a cidade não tinha mais carnaval de rua, e hoje podemos dizer que resgatamos essa tradição, com o apoio de parceiros e da Secretaria de Cultura. Essa era nossa missão, e ela foi cumprida”, completa Paula.

A parceria com o Shopping Praça Nova reforça esse momento de celebração. “Receber pela primeira vez o Bloquinho do Gordinho, que é tão importante para a cultura local, é uma alegria enorme. O bloco já é tradicional na cidade e vai deixar nossa programação ainda mais divertida para as crianças e seus familiares. O carnaval é uma época de muita festa e o resgate desse tipo de folia é muito importante”, ressalta a gerente de marketing do Praça Nova Araçatuba, Lívia Craidy.

Inclusão e Acessibilidade

Desde o início, o Bloco do Gordinho se firmou como um evento que celebra a inclusão. Nos últimos anos, com a adesão de famílias atípicas, o bloco passou a focar ainda mais na acessibilidade, oferecendo condições para que crianças neurodivergentes, com TEA (Transtorno do Espectro Autista), ou com mobilidade reduzida, aproveitem a festa com conforto e segurança.

“A ideia era que todas as crianças, de todas as regiões da cidade, pudessem brincar e se divertir, e isso também alcançamos”, destaca Paula. Em 2025, o bloco seguirá com o suporte nas ruas, uma iniciativa que teve início no ano anterior, com o apoio de clínicas especializadas.

Oficinas e Criatividade

Além da festa nas ruas, o Bloco do Gordinho manterá sua tradição de realizar oficinas de máscaras na ARCA (Associação de Reinserção Social de Crianças e Adolescentes), estimulando a criatividade e a vivência do carnaval entre os pequenos, que antes iam ao bloco apenas com uniformes. Hoje as máscaras representam inclusão e pertencimento, permitindo que cada criança viva a festa com alegria e criatividade.

Paula Liberati - idealizado em 2015 do Bloco do Gordinho - Bia Lessa
História

Criado em 2016 pela atriz e produtora Paula Liberati, o Bloco do Gordinho nasceu com o objetivo de proporcionar a experiência do carnaval para o afilhado de Paula, João, o Gordinho. A primeira edição reuniu apenas familiares e amigos, com um carro de som financiado pela própria idealizadora. O cortejo foi simples, mas já despertava a curiosidade de quem passava pelas ruas de Araçatuba.

No ano seguinte, o bloco ganhou apoio de parceiros comerciais e, em 2018, firmou parceria com a Secretaria de Cultura, tornando-se um dos eventos mais aguardados pela população.

A pandemia interrompeu a folia nos anos de 2021 e 2022. O bloco voltou às ruas com força em 2023 e, em 2024, atraiu milhares de foliões, destacando-se como um dos maiores eventos carnavalescos da cidade.

Agora, em 2025, o Bloco do Gordinho celebra 10 anos de trajetória, como símbolo do renascimento do carnaval de Araçatuba, levando famílias para as ruas e mantendo viva a tradição de um carnaval alegre, seguro e inclusivo.

O Bloco do Gordinho 2025 integra a programação oficial do “Araçá Folia”, realizado pela Secretaria de Cultura de Araçatuba.

Serviço:

Bloco do Gordinho 2025
Dia 01/03, sábado, concentração às 15h, na Praça João Pessoa; saída do cortejo às 16h
Dia 03/03, segunda, às 18h, Praça Nova Araçatuba
Grátis

Redes sociais:

@blocodogordinhoficial
@paulaliberati

Fotos para divulgação no link:
https://drive.google.com/drive/folders/18plJRkgg3NqkxO9prFCyae9P0ukkTkXo?usp=sharing

Informações para a imprensa

Aline Galcino (18) – 99713 5268

A crônica está no blog

 


Hélio Consolaro*

Por 14 anos, escrevi crônica diariamente na Folha da Região, e tinha um ganho mensal para isso. Não era pouquinho e nem poucão, o que valia no mercado de Araçatuba. Quando fui conversar, sair do jornal para ser secretário municipal de Cultura, 2008, a casa tremeu.  Fiz minha proposta: o jornal me pagando o salário de secretário para eu ficar só escrevendo, não vou ocupar cargo de confiança na Prefeitura. Não quiseram, era muito. Respondi que precisava cuidar de meus interesses.

Escrever no estilo que escrevia e ter cargo não combinava: precisava optar – fazer história ou testemunhá-la. E assim fui para a Secretaria Municipal de Cultura e levei minhas crônicas para o blog (Google) que tenho desde 2006. Atualmente, sou tão lido nas redes sociais quanto na antiga Folha da Região.

Comecei a ser cronista em jornal escrito em 1993 na extinta Folha da Manhã, todos os dias, mas ganhando algum caraminguá. Coisa simbólica, mas ganhava. Lá aprendi a ser cronista e me tiraram a máquina de escrever das mãos, me emprestaram o computador. Genilson Senche comprou a Folha da Manhã e me levou para a Folha da Região em 1995. Comprei meu primeiro computador, não havia mais por empréstimo. Era tão caro que fiz um empréstimo bancário, mas não fugi do desafio.  

De 1993 a 1995, escrevendo todos os dias, entre as aulas diurnas e noturnas, eu ainda era um sujeito cartesiano, apolíneo, e percebia que o leitor exigia de mim um escritor solto, dionisíaco,  que levasse a vida na brincadeira. E fui me soltando. Cheguei à perfeição, pois apenas uma colunista social não gostava de minhas crônicas.

As consequências dessa mudança de estilo chegou à minha vida, passei a ser um católico nada dogmático. Até a Helena começou a reclamar do marido. Passei a gostar mais de mim. Minhas aulas de literatura eram uma grandeza. Eu era um cronista de texto leve, sem perder a seriedade. Deixava de ser um tabaréu para ser mais urbano.

Se o Tito Damazo, amigo e amado, cada vez aumenta o tamanho de suas crônicas, as minhas andam diminutas Ele anda até falando por aí que as crônicas dele são literárias, as minhas não. Eu escrevo para ser lido no máximo amanhã, não sou e nem faço pose de escritor incompreendido.  

Também não sou como o Geraldo da Cosa e Silva e Marilurdes Campezi, cujas crônicas são escritas para os livros. As minhas nascem nos jornais, sites, blogs, redes sociais. As melhores, quando há, vão para a eminência, o senhor livro.

Não estou falando mal de ninguém, apenas definindo cada um, construído por sua história pessoal.

O gênero crônica nasceu com o jornal, no rodapé da página. Machado de Assis publicou pela primeira vez “Dom Casmurro” em jornais cariocas, por isso os capítulos são curtos. Assim também foi “Memórias de um sargento de milícias”, de Manuel Antônio de Almeida.

Rubem Braga está na história da literatura brasileira porque só escreveu crônicas nos jornais. Eu sou um cronista das redes sociais, um blogueiro, mas também publiquei livros para ter um a ser chamado de meu. Hoje, até os livros são digitais.

O gênero crônica evoluiu ou involuiu, não sei. Esta foi escrita no modo antigo. Mas é assim que se apresenta no momento: curta, rápida, para ser lida no celular.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro da Academia Araçatubense de Letras

 

13.2.25

PONTO CEGO: Bingo! Venceu a lei!



Hélio Consolaro – Rádio Cultura -FM 95,5- Araçatuba

Diante do sucesso, se alguém gritar “Bingo!”, ela é certamente viciada no jogo. Qual é o perfil da pessoa que vive jogando bingo? É a idosa, aposentada, rentista, mas acima de tudo que dá muito valor ao dinheiro. Brincar sem valer nada com os netos, não tem graça.
Meu lugar preferido para encontrar amigos, quase diariamente, é uma cafeteria daquela galeria, que tem um condomínio residencial, vertical, acima dela, onde residem idosos.
Percebi que ultimamente o movimento aumentou. E o inocentão, aqui, nem sabia o motivo. Apenas o café era delicioso!
Um posto de jogo clandestino no coração de Araçatuba. Como? Então, um lugar próprio para montar uma jogatina de bingo. Aquele que a polícia pegou e desmontou nesta semana. Os velhinhos não precisam andar muito, só descer o elevador e começar o jogo.
E por que é proibido? Dizem que é um jeito de proteger a economia popular, não deixar os velhinhos gastar toda a aposentadoria no bingo.
Não sei não. Com tantas loterias, bancas de jogo do bicho e “bets” por aí! A coisa está mal contada...

11.2.25

Um paulista não chão de Goiás

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba 

Hélder, meu filho, que tem esse nome em homenagem a Dom Hélder Câmara, bispo brasileiro, nasceu em Araçatuba em 1980. Depois de passar no vestibular da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), com quase 18 anos (1998), nunca mais voltou a morar em chão paulista. Descobriu que Brasil não é só São Paulo. Correu o solo brasileiro.  

Quando mudou a inscrição do curso no vestibular, de odontologia para biologia, tivemos uma conversa. Disse-lhe que o pesquisador de biologia era o cara que ficava trepado em árvores observando o comportamento dos macacos. Fui cruel, exagerei. Ele ficou entusiasmado, hoje vive no  bioma do cerrado com seus alunos, pesquisando a polinização e a fertilidade das plantas. 

Graduação em biologia em Campo Grande-MS; mestrado em Uberlândia-MG; doutorado em Brasília, UnB. E pós-doutorado na Espanha. Lecionou na UnB e  em Nova Xavantina-MT- universidade estadual (concursado) e depois em Catalão-GO, onde está até hoje como concursado.

Iniciou como Universidade Federal de Goiás, agora Universidade Federal de Catalão-GO. Trata-se de um profissional da ecologia. E por lá casou-se com a goiana Nayara, com quem tem dois filhos, meus netos: Bento e Inácio. Sogro, sogra, cunhadas e cunhados, sobrinhos. Todos comedores de pequi.

Quando foi defender a tese de doutorado em Brasília, em 2008, a Helena (sua mãe) estava na mesa de cirurgia na Santa Casa de Araçatuba. E eu, seu marido, na sala de espera. Não fomos testemunhar o sucesso de nosso rebento no Planalto Central.

 

Em 19 de fevereiro de 2025, Hélder defenderá o seu memorial a uma banca, pois quer ser promovido a professor titular da UFCAT. A Helena, definitivamente ausente, mas estarei em Catalão-GO para representar o casal.

Hélder Nagai Consolaro ao terminar seu memorial, me passou as 99 páginas. O currículo apresenta informações sobre a trajetória profissional em formato de lista, enquanto o memorial articula a trajetória profissional com informações, justificativas e reflexões. IA

Hélder me pediu a leitura, não se tratava de fazer uma revisão, mas de ler os seus feitos, principalmente científicos e didáticos, 44 anos bem vividos.              

Confesso que não fiquei indiferente diante do texto. Os olhos umedeceram e secaram por várias vezes.

Indo a Catalão, não encontro apenas os meus, mas uma roda grande de pessoas, que são seus amigos e meus também. A alegria nos envolve. Já somos titulares em todos os corações. O evento vai apenas dar titularidade burocrática.   



Hélder

        Tito Damazo

Elegia em carne

osso e sangue.


Das prédicas preclaras

de um Hélder Dom

brota um projeto de homem.


Não se pregou em vão.


Embora gora

como sêmen

a palavra à lavra

às vezes

logra.


O deserto é fértil.

                      (1980)