AGENDA CULTURAL

13.11.25

Consciência e alma negras

Foto: Rovena Rosa/ Agência Brasil

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba

Na minha infância e juventude, muitas perguntas foram respondidas com mitos. ou seja, com histórias inventadas para explicar o inexplicável. Por que os negros têm as palmas das mãos e dos pés brancas? RESPOSTA: Deus reuniu os humanos e mandou todos pularem na água do rio. Como havia muitos negros, os que chegaram por último só pegaram o restinho d'água.

Na verdade, a existência de pessoas negras é uma adaptação evolutiva à radiação ultravioleta (UV) intensa, já que a humanidade se originou na África e a pele escura é uma proteção natural contra o sol forte. Ninguém estava preparado para responder, nem sei se havia tal conhecimento, mas a ignorância automática ou engenhada explicava conforme a conveniência.

O branco que é uma criatura mais frágil do que o negro, tentava sobrepor aos negros se valorizando. Tudo que era branco, até a inocência. Conseguiram achar preto de alma branca. 

Afinal, por que precisamos do Dia da Consciência Negra? E consciência negra é só para negros? Passamos por um período que havia, a partir de 2011, com feriado no dia 20 de novembro, mas desde que estado ou município fizesse uma lei também. 

O Brasil é o país com a maior população negra fora do continente africano. De acordo com o IBGE, somos milhões de pessoas negras no país. Porém pouco sabemos sobre a história negra na formação da sociedade brasileira. Os negros eram tratados como seres desprezíveis.

Em Araçatuba, como o ex-vereador Dunga era aliado dos negros, apertou o ex-prefeito Jorge Malully, o Dia da Consciência Negra se tornou lei municipal. Os sindicatos patronais de Araçatuba, dominados pelos brancos, choravam o dia parado, como senhores de escravos. 

Negro é negro e pronto. Coloque-se em seu lugar. Não tinha direito a pesquisar sobre sua árvore genealógica. Não tinha história. Vieram empilhados nos navios negreiros. Assim pensam os racistas.  

"As irmandades e igrejas dedicadas a Nossa Senhora do Rosário foram espaços para a população negra se reunir, manter sua identidade e expressar sua cultura, uma vez que eram segregadas das igrejas frequentadas pelos brancos. Essas festas, como a da Coroação dos Reis Congos, celebram a ancestralidade e a luta pela liberdade (IA)."

Em tempos atuais, foi criado o Dia da Consciência Negra, uma reivindicação dos movimentos negros que querem recuperar o protagonismo do povo que foi escravizado pelos brancos. O objetivo é tirar a “raça” do ostracismo, devolver-lhe o orgulho de ser negro, recuperar a sua ancestralidade, o seu lugar de protagonista na História do Brasil. Para isso, 13 de maio não servia, precisava buscar a figura de Zumbi, o líder negro que se revoltou contra a escravidão. Vinte de novembro de 1695, quando foi capturado e morto por organizar o Quilombo de Palmares.

Em 2024, o Dia da Consciência Negra foi comemorado realmente como feriado nacional, por força de lei, por vontade do presidente Lula da Silva.     


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