AGENDA CULTURAL

5.11.15

Falta de comando


Hélio Consolaro*

Administrar é resolver problemas, conciliar interesses, conhecer o rebanho que comanda. Mandar, não é ser mandão, é uma arte, precisa de tino. Você, caro leitor, já ouviu alguma diretora de escola dizer que a professora tal não domina a classe?

Às vezes, a profissional não tem aptidão de mandar e lhe dão 40 alunos numa sala de aula, vai dar bagunça. Há gente tão inapta para mandar que se lhe der duas tartarugas para tomar conta, uma escapa. 

Por vezes, se faz concurso para diretora de escola, mas não se faz exame psicológico, exige-se apenas conhecimento teórico. A inscrita, aprovada, nem sempre tem uma personalidade disponível a coordenar ações. Não se afirma como chefe.

Há algumas expressões que remetem à falta de comando do mundo feminino: "falta homem nesse negócio", "casa da sogra" e "casa de viúva". Na verdade, mandar bem não é exclusividade masculina, mas ser autoritário está mais ligado ao homem. Não confunda "ser autoritário" com "mandar bem". O bom patrão geralmente tem bons empregados.

Há chefes e líderes. Ter liderança é um pré-requisito do chefe, e todo líder precisa ser também chefe. Quem é só chefe, vira ditador. Quem é só líder, vira demagogo. Os grupos e as unidades administrativas precisam ter centralidade, sem chegar exageradamente ao centralismo.

Essa inapetência para o comando é normal, não quer dizer que a pessoa seja incompetente, mas que esteja ocupando um cargo para a qual não tem vocação. Um ótimo artista nem sempre é bom na gestão cultural.

Há também ocupação indevidas de espaços. Dão a determinado indivíduo um cargo que é muito grande para a pessoinha; outras vezes, gigantes administrativos ocupam cargos insignificantes.     

Chefe determina e controla  como se irá proceder. Define o método que não pode ser o do autoritarismo. Comandar com autoridade faz com que insubordinações, atropelos e abusos sejam evitados. Se precisar, demissão. Se não fizer isso em empresas e repartições públicas, pode haver sabotagem e leniência.

Lugar sem comando, sem decisão, há na direção um fraco, um passageiro dos fatos e não um condutor de situações. É melhor uma decisão mal tomada do que a falta dela.


*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultural de Araçatuba-SP 

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