AGENDA CULTURAL

18.10.17

Nós ainda não fomos pegos


Hélio Consolaro*

Apenas porque, de vez em quando, sou chamado a ir à Fundação Casa de Araçatuba (Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente) conversar com os meninos, recebi da diretora Renata, como presente, o convite para assistir ao monólogo "Gandhi, o líder servidor", apresentado pelo ator global João Signorelli no dia 17/10/2017, 10h.   

Confesso que não conhecia o ator e nem sabia de sua importância na dramaturgia brasileira, mas sei que apenas os bons profissionais apresentam um monólogo. Se João Signorelli não fosse bom, seria salvo pela personagem que admiro muito: o indiano Mahatma Gandhi.

Gandhi construiu a independência da Índia do jugo inglês sem dar um tiro ou exercendo cargo político. Ganhou a confiança do povo usando o método da não violência ativa, criando o direito à desobediência civil. Essa personagem mundial tomou conta do ator João Signorelli, que passou a ser um construtor da cultura da paz.



O ator continua a fazer o seu trabalho profissional, mas incorporou tanto Gandhi que é chamado de "João Signorelli Gandhi". Vive apresentando o monólogo nos lugares de maior vulnerabilidade social, como as sedes da Fundação Casa.   

Mas nem todas as pessoas, seres humanos, acreditam em nossos semelhantes, às vezes, preferem apenas confiar nos animais. Ao sair de casa, um rapaz que fazia pequenos reparos nela, me disse quando eu ia para a Fundação Casa:

- Professor, não perca tempo! Aquele povo não tem salvação.

Eu lhe respondi com um sorriso no canto da boca:

- Não se preocupe! Quem está querendo encontrar a salvação sou eu!

Repito aqui a frase de João Signorelli: "A diferença entre nós que estamos fora e vocês que estão presos aqui é que não fomos pegos". Nela, me lembrei do livro "O Alienista", de Machado de Assis. 

*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor.

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