AGENDA CULTURAL

24.9.21

Que cafonice! Primeira-dama toma vacina covid-19 nos Estados Unidos

 

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

Há certas entidades machistas em nossa sociedade em que a mulher é apenas um penduricalho; Araçatuba tem filiais delas. Há quase 30 anos, o Rotary acabou com isso, porque a mulher também pode ser uma associada; embora a Casa da Amizade continue fazendo caridades, como acontece com as mulheres de prefeitos, governadores e presidentes da República. Nem a esquerda consegue fugir de tais padrões.   

Entre os presidentes Michel Temer, bem velhão, e Jair Bolsonaro, outro madurão, há uma igualdade gritante além das cartas: os dois são casados com mulheres bem mais novas, mocinhas. Não gostam de velhas. Como dizem os machistas de mesmo comportamento: não querem comer carne de pescoço sozinhos, preferem repartir o filé mignon.     

Ter um marido velho e não fazer extravagâncias, não vale a pena. Ainda mais quando a mocinha é pobre, periferia de Brasília. Como dizem os ricos  quatrocentões: exercer a riqueza com discrição precisa de maestria e caráter. 

Assim Michelle Bolsonaro esqueceu a pátria amada e impôs:

- Quero ser vacinada em Nova York! É chique! Não importa a marca da vacina. Tem que ser na sede do mundo! Não quero me misturar com essa gentinha do SUS.

E a banda da pobreza que foi definida por Delfim Neto como aquela que é uma burguesia que não deu certo, com mentalidade subserviente, dá o eu pitaco:

- Michelle está certa. Se fosse eu, faria o mesmo! 

O provincianismo não para por aí. Há governadores que não se trataram de covid-19 em seus estados, prefeitos do interior que foram para as capitais  se curarem da covid-19. O próprio presidente Bolsonaro não confia na medicina do Rio de Janeiro, prefere se tratar em São Paulo. 

Há uma exceção: o prefeito de Araçatuba, Dilador Borges, e sua esposa, quando contaminados pela covid-19, não chegaram a se internar na Santa Casa de Araçatuba pelo SUS, o sistema que Dilador administra; mas ficaram na cidade mesmo, no Hospital da Unimed. 

O presidente da CPI do Genocídio, Omar Aziz (PSD-AM), parabenizou Michelle por ter se imunizado, mas deu nota zero por ter feito no exterior. 

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