AGENDA CULTURAL

2.10.10

Ninguém podia ficar sem aprender - Maria Yone Mitidiero

Biografia
Maria Yone Mitidiero, 24/2/1941, em Araçatuba, filha de Luís Mitidiero Jr. e Olga Carli Mitidiero. Estudou na EE Cristiano Olsen e antigo I.E. Fez também o curso de Química Industrial, nível médio. Formou-se professora de Matemática pela Faculdade de Penápolis-SP, em 1971. Começou seu magistério na EE Clóvis de Arruda Campos e se aposentou na EE Prof. Genésio de Assis, em 1995. Ainda mora em Araçatuba. Ao se aposentar, demorou para se desligar da escola, ambiente que adora. Curte encontrar ex-alunos e colegas de seu tempo de magistério pelas ruas cidades para um bate-papo.

Crônica
Hélio Consolaro

Você conhece, caro leitor, uma pessoa que faz tudo bem feito nos mínimos detalhes? Sempre tem olhos para o microcosmo e por isso não enxerga bem o macro? Míope de coração. Gente que se preocupa tanto com os outros e se esquece de si mesma? Se não existir alguém assim na sua família, pode ser você tal pessoa. Não se preocupe, não há nada pejorativo nisso, pois tais criaturas são excelentes, jardineiros fiéis.
Maria Yone queria que a escola estivesse sempre bem cuidada. Se aparecesse um diretor relapso pela EE Genésio de Assis, pegava no pé dele (ou dela), pois era efetiva e tinha suas prerrogativas. As serventes que deixassem as salas de aula sujas recebiam reclamações dela. Com todas essas “implicâncias”, era uma professora querida e respeitada, porque não havia maldade em sua ação. Yone era uma pessoa participativa, vivia sua escola, extrapolava a sala de aula.
Por fim, Yone ficou solteira. E quem fica nessa situação herda a velhice dos pais, assim cuidou da mãe, que curtiu uma longa viuvez, até que Olga completasse 88 anos, falecendo em 2004. Fez isso sem resmungar. Hoje, mora sozinha na antiga casa paterna com seus animais de estimação. Seria rabugenta? Não. Com certeza curte a sua individualidade, gosta daquele espaço, onde se localiza emocionalmente.
Lecionei com a Yone na mesma escola por longos anos, na EE Prof. Genésio de Assis. O verbo está no passado, caro leitor, mas ela está vivinha, aposentada. Ela não se limitava a semear, cuidava de cada semente. Ia além da parábola bíblica. Explicava para todos, depois ia de carteira em carteira dos alinos fazer o atendimento individual.
Sabia que às vezes o aluno não conseguia entender sua linguagem, então, em cada classe havia uma equipe de alunos monitor. Para Maria Yone Mitidiero, não podia ficar um sem aprender, parecia querer abrir o crânio do aluno para jogar a Matemática lá dentro.
Ao deixar o magistério, voltava à EE Prof. Genésio de Assis com frequência (e faz isso até hoje, menos amiúde), pois curte o ambiente escolar, a alegria da juventude dos alunos, o companheirismo da sala de professores. Até hoje se emociona quando encontra um ex-aluno que a chama para conversar, fazendo-lhe mil elogios. Para ela, não há presente melhor.
Num certo ano, na véspera de Natal, ela encontrou um ex-aluno que não mora mais em Araçatuba em visita à cidade. O relacionamento deles não terminou bem, brigaram, quase chegaram à agressão física em sala de aula. Nesse reencontro, ele lhe pediu perdão, dizendo que agora entendia o empenho da professora em ensinar.
Yone chegou em casa, chorou. Disse à mãe que seu Natal havia ocorrido naquela declaração. Ela renasce a cada dia.
Há gente que cuida de edifícios, administra empresas, cidades. Yone gosta de organizar bibelôs. Faz bem as pequenas coisas e muda o mundo por meio delas.

Autor: Hélio Consolaro, professor, escritor e jornalista. Membro da Academia Araçatubense de Letras. Atualmente é secretário da Cultura de Araçatua.

6 comentários:

Wagner Luis Alves disse...

Estudei no Genésio de Assis da 1a à 8a série, fui aluno da Prof. Yone, como à chamávamos, quanta saudade, quanta dedicação desta professora em nos ensinar. Faz 3 anos que não retorno para Araçatuba, agora que estou em Curitiba, gostaria muito de revê-la e de lhe dizer o quanto foi importante em minha vida.

Regi disse...

Ela foi minha professora há vinte anos ou mais, no Genésio de Assis . É impossível esquece-la: enérgica, sistemática, humana. Com ela só não aprendia quem não queria...

Osvaldir disse...

Puxa vida , Dona Yone, foi minha professora no Genésio de Assis , na qual tenho boas recordações , alias só boas recordações , me lembro dela em que ela não se conformava com minha magreza , até agendamento médico ela o fez, mas concluiu o que eu ja sabia minha magreza era do jeito da madeira mesmo, nossa só hoje vendo essa matéria , é como eu digo , tem pessoas que passam em nossa vida e dieixam boas recordações , ao contrário de muitas que a gente não quer mem imagianar por onde andam afinal assombração aparece sempre que se pensa nela e eu procuro exorcisar, mas Dona Yone que pessoa bacana , realmente co ela só não aprendia quem não queria , tenho saudaes daquela época, Dona yone DEUS te abençoe... e obrigado por fazer parte de minha vida escolar

Mil abraços de seu ex aluno osvaldir hoje mais conhecido por Magrão

Beijos



Osvaldir

Maria Brasil disse...

Olá, professor Hélio e professora Yone. Fui aluna de vocês no Genésio entre 1990 e 1993 (da 5ª a 8ª série). Tenho até hoje os meus livros de português "Reflexão e Ação" e todos os meus cadernos. Tive o privilégio de ter tido professores como vocês. Lembro-me de que, muitas vezes, eu nem estudava para as provas de matemática, pois a dona Yone explicava tão bem que já era o suficiente para eu tirar a nota A (modéstia a parte). Sempre gostei de estudar. Me formei em Letras em 2004. Hoje sou professora de Inglês. Todos os professores do Genésio de Assis são referência para mim. Lembro-me com carinho de todos. Um abraço ao prof. Hélio, profª Yone, prof. Caires (Inglês), profª Neide (Ciências), profª Sueli Sunae (Educação Artística), prof. Toninho (Geografia), prof. Ailton (História). Saudades, ...

Anônimo disse...

Quantas vezes, a amizade nos faz exagerar ao falarmos sobre os méritos de alguém. Todavia, neste ensejo, o meu amigo blogueiro não teve palavras suficientes para caracterizar todos os dotes e qualidades da Professora Maria Ione Mitidiero que eu conheci desde os tempos de juventude. De fato ela é (o professor sempre continua sendo), Mestra de primeira linha. Daquelas que ensinaram sem se preocupar muito com o provento a lhe ser pago. O que ela sempre quis foi que seus alunos aprendessem e de modo muito Direito. Difícil hoje encontrarmos Mestres dessa estirpe. Maria Ione é uma riqueza incomparável em razão das qualidades e atributos que marcam sua existência. taí um alguém que merece uma homenagem pública, muito mais que um voto de aplauso.

Anônimo disse...

Como penso, a Professora Maria Ione é reserva moral, de muita capacidade e muito zelo em tudo o quanto fez no Magistério. Eu a conheço desde os tempos de jovem. Sempre prestativa, já se sabia o quanto ela iria trabalhar em prol do ensino Público, buscando sempre ensinar sem se preocupar com os proventos a lhe serem pagos. Ela assim agia sempre pensando nos seus semelhantes que precisavam ser instruídos. Tá aí um alguém que mereceria homenagem pública, muito mais que um mero voto de aplauso.