Praça Rui Barbosa antes de ser mexida |
Hélio
Consolaro*
O assunto de hoje é espinhoso a quem
mora em Araçatuba, para quem gosta da cidade. Trata-se da reforma da praça Rui
Barbosa, um lugar carregado de lendas, por onde o município começou a se
urbanizar.
O conteúdo desta crônica não quer
responder e nem explicar a ninguém o que aconteceu com a mexida na praça, iniciada
em junho de 2012), apenas relato aquilo que testemunhei. Também não estou à
procura de culpados, porque a melhor atitude na vida é tentar resolver os
problemas, em vez de criar outros.
E confesso, caro leitor, que evito
passar por perto da praça, porque o
estado dela me deixa triste, mas, como um dos croniqueiros da cidade,
não poderia deixar de expressar meus sentimentos.
Como está atualmente a praça Rui
Barbosa, cercada por tapumes, não se trata mais de reformá-la ou restaurá-la,
mas de reconstruí-la. E pelo que me falam do projeto na Prefeitura, vai ficar
muito boa.
Araçatuba
tem mais de cem praças, e hoje, na modernidade, trocamo-las por shoppings,
condomínios, internet, ninguém mais vai passear na praça, matar o tempo nelas. Não
possuem nem Wi-Fi para os móbiles... Por isso, precisamos dar função a elas. Ou
ter alguém ou algum grupo para cuidar delas. Se isso não ocorrer, tornam-se
lugares ocupados por mendigos e drogados em estágio avançado.
Os
dois últimos projetos, bem-sucedidos, do professor de inglês Arthur Leandro
Lopes foram nessa direção: em
2000
restaurou a praça João Pessoa, tornando-a um local de eventos culturais; em
2008, fez o mesmo com a praça Getúlio Vargas, um lugar para atividades físicas.
Ambas na área central de Araçatuba.
Talvez
por encontrar os prefeitos mais receptivos em épocas eleitorais, o professor
Arthur gosta de propor seus projetos neles. Assim foi com a João Pessoa, com a
Getúlio Vargas e com a Praça Rui Barbosa. Ele é um bom estrategista.
Os
projetos do professor Arthur são arquitetados por ele, não gosta de arquitetos
metendo o bedelho neles. Eu assisti a discussões acaloradas de arquitetos da
Prefeitura com o prefeito Cido Sério (PT), porque eles não admitiam que se
mexesse na praça sem um projeto completo, pré-estabelecido. A bem da verdade, a
intenção do prefeito era restaurar o Calçadão com dinheiro da Prefeitura, não
pretendia mexer na praça Rui Barbosa tão já.
Como
recusar a ajuda do professor Arthur na reforma da Praça Rui Barbosa, homem
bem-sucedido em dois projetos, num ano eleitoral? Como explicar aos eleitores
de que estava recusando os serviços dele? A situação do prefeito Cido Sério
(PT) não era fácil. Então, a decisão foi “vamos que vamos”, apesar da cara feia
dos arquitetos.
Por
outro lado, o professor Arthur não contava com mãos tão abertas por parte dos
empresários para tocar ação tão arrojada, cujos recursos seriam maiores que os
anteriores. Afinal, doar dinheiro para a reforma da praça era estar ajudando um
prefeito (e candidato à reeleição) do PT. E sua pretensão ficou interrompida.
A
reconstrução da praça Rui Barbosa entrará em licitação logo, mas a burocracia
morosa vai segurar o processo por algum tempo até cumprir todos os ritos. Com
certeza, como aconteceu com os buracos no asfalto, no primeiro mandato do
prefeito Cido Sério, a oposição vai ficar novamente calada diante da beleza da
praça.
Os
louros do professor Arthur será de ter “mexido” na praça Rui Barbosa, sem
concluí-la, mas fazendo mais premente um antigo desejo de araçatubenses:
embelezar o centro da cidade.
*Hélio
Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário Municipal de Cultura
de Araçatuba-SP
Um comentário:
é:" a mesma praça, o mesmo banco o mesmo jardim, tudo é igual, mas estou triste" porque não vejo mais a verdadeira praça. Os tapumes, me cegam,Que aconteça logo a reforma.
o danada pedra do caminho
Marianice
Postar um comentário