Quando vejo as bobagens que meus companheiros de gênero fazem e viram notícia no jornal, fico reflexivo.
Hélio Consolaro*
(atualizado em 09/06/2017, 8h56)
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Quase sempre, os jornais nos surpreendem com suas manchetes. Quando li em letras garrafais em O Liberal que "Comerciante contrata garotas de programa, tem mal súbito e morre em motel", já tive maus pensamentos.
Já que não tem nome, não sei quem é a criatura, podemos comentar. Pensei que fosse um velho que tomara dois comprimidos Viagra para dar conta de duas mulheres.
As mulheres, mães de família, com marido dentro de casa, foram unânimes:
- Bem feito! Sem-vergonha! Foi castigo de Deus!
-Não foi velho, mas que foi Viagra foi! Esse negócio de vomitar sangue, agitou a pressão sanguínea - disse um leitor vestido de branco que estava vendo o jornal na banca.
O dono da banca também deu seu pitaco:
-Contratar garota de programa pessoalmente, já não é um bom negócio. Agora, pela internet... Arriscou muito!
O gaiato, tomando uma cerveja logo de manhã, já resmungou:
- Esse cara é de sorte! Morreu com duas garotas ao seu lado!
O falecido colega de masculinidade pagou duas garotas de programa para vê-las se beijando. Será que era homofóbico? Elas toparam e ele vomitou sangue e morreu quando viu ao vivo, na sua frente. Teve nojo?
Quando vejo as bobagens que meus companheiros de gênero fazem e viram notícia no jornal, fico reflexivo.
Não diga, caro leitor, que com você isso nunca vai acontecer, nem tenhamos o ímpeto de atirar a primeira pedra. Nem sempre fomos educados para resolver nossos problemas, muitos partem para caminhos tortuosos.
Nesses momentos tristes de manifestação da modernidade líquida, vem à mente a expressão "neste vale de lágrimas" que eu tanto ouvia dos padres antigamente. Até acho que vivemos mesmo no vale.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
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