AGENDA CULTURAL

11.9.24

Mergulho eleitoral


Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

A gente que vive mais olhando para o centro da cidade, de repente se torna candidato a vereador, vice ou prefeito e precisa dar uma meia volta para perceber que há uma esquecida periferia. É uma hora do congraçamento das classes sociais, da cidadania falar mais forte. 

De repente, não mais que de repente, me vi candidato a vice-prefeito numa das legendas da política de Araçatuba. Eu me via como uma pessoa com a carreira encerrada nesse campo, mas quis o destino me jogar aos 75 anos novamente como candidato.

Voltei aos bairros com meus companheiros, sem andar muito devido ao meu joelho, mas o suficiente para redescobrir o frescor da concepção de que a vida é válida em qualquer lugar social. Perdi a minha timidez há anos com as atividades políticas.

Sabemos que a vida de cada um tem o seu valor, é uma epopeia, até sonhamos transformá-la um livro sobre ela. Deus, o criador de nossa história, deve rir quando percebe tais pretensões de suas criaturas. 

Há gente que adora campanha eleitoral, porque é uma época em que as amizades se renovam, professor encontra ex-alunos. Sai-se do casulo.

- Você está vivo, cara!

Só os antidemocráticos não gostam de eleição, acham que devia pôr um chefe em cada cidade e pronto. Quem vai escolher o chefe? Sangue azul - impossível; não há um ungido. Ouvir a vontade popular é a mais viável. Não inventaram forma melhor do que a democracia. 

Estou me sentindo bem com esse novo mergulho eleitoral, pois estou conhecendo as partes novas da cidade, encontrando amigos, rindo para as as pessoas. Quer coisa melhor?    

  

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