AGENDA CULTURAL

1.9.13

Na rua! Outra avaliação

Marcos Francisco Alves*
23/08/2013                                     
Escrevi recentemente uma avaliação sobre os tais  #vem pra rua!. Em dado momento afirmo: ...Em Araçatuba essa suposta “ingenuidade e espontaneidade facebuquiana”, chegam  a ser cínica. Acrescento aos entre aspas o apartidarismo. Após a última pseudomanifestação, populista ao extremo, com fogos, cantorias, músicas, jograis mal ensaiados de umas trinta pessoas, provocações contra servidores etc não há mais dúvida: esse grupelho, direitista está chamando o confronto. Pelo visto nessa jornada, não bastam mais os 15 minutos de fama na mídia! Movimentos democráticos que  reivindicam direitos não podem  sub-repticiamente provocar o descrédito das legítimas instituições democráticas a pretexto de alargar a esfera de liberdade do espaço público: fora partidos, fora  poderes constituídos, ofensas a servidores que executam um programa eleitoral vitorioso etc .                                                                            As palavras de ordens evocadas vão nessa linha e desmascaram  as intenções desse grupelho: aparece o  odor fétido do fascismo e das ditaduras . E diferente do apregoado por um jornal: quem começou as ofensas foram os tais “ não líderes desse movimento espontâneo”. Um servidor revidou oralmente e tais “não  líderes”, chamaram para o confronto. Felizmente o servidor não entrou na provocação...  Aliás,   me vem uma lembrança de uma frase do Pulitzer que se aplica integralmente ao PIG: uma imprensa canalha cria leitores canalhas.                                                                                        
 O que guia os apartidários e ressentidos partidários são seus valores de classe: bradar por povo unido, jamais será vencido sem nunca ter lutado por reforma agrária, direito à moradia, taxação das grandes fortunas, distribuição de riqueza, salário mínimo decente, inclusive para as domésticas, etc, apenas revelam o oportunismo dessas rebeliões juvenis e qual caminho elas escolheram. Melhor dizendo: por que não questionar o modelo  capitalista, fonte de todos os males sociais?            

Por que não cercar  as agências bancárias , que tem lucros bilionários graças aos juros e taxas escorchantes e,  segundo denúncias recentes,  uma delas com problemas com  o fisco de R$ 18,7 bilhões que sonegou de impostos em um processo de fusão? Ou exigir CPI para averiguar o propinoduto tucano? Ou da privataria tucana? Por que não exigir a reforma política com financiamento público segundo proposta da OAB? 

Por que não questionar  o fato dos EUA quererem uma base no Paraguai ? E por que relançaram a 5a. Frota: por conta do pré-sal do Brasil ? Enfim há inúmeras reivindicações que conseguidas mudariam os caminhos do país. E a sandice de sempre é a do fim dos partidos e dos políticos cantada pelo grupelho!                                                                                       Isso já virou obviedade (a sandice),  mas  na atualidade, onde a ações de certos grupelhos forçam o confronto, certas obviedades devem ser repetidas muitas vezes: se derrubarmos todos os políticos, fecharmos o Congresso e acabarmos com os partidos, quem assume a presidência? O Google? Os militares?As Senhoras do Jabaquara?   Aonde serão debatidas as políticas públicas? No Facebook?                                                                                                                  Sei que é demais para esse pessoal pensar um pouco, mas quem anda feliz com tudo isso, com a queda da popularidade da presidenta, mesmo que tal governo tenha tirado da miséria 30 milhões de brasileiros, o desemprego é o menor de todos os tempos, há mais de 10 mil obras sendo realizadas no país etc?  Se a Globo, a Veja, o PIG, os partidos de direita ( PSDB, PPS, DEM, PTB, parte do PSB etc ) , estão felizes, podem apostar, tem  mais coisas ai do pensam alguns cerebrozinhos xexelentos.   Por conta disso tudo, e desculpem, por mais jovem ( se bem que havia uns mais antigos, alguns até partidários da direita no meio ), descolado, bonito, bem nascido, bem vestido e até eventualmente bem intencionado que eles sejam,  a postura é de um atraso inaceitável.  Está servindo, alguns involuntariamente e outro não, a interesses torpes. E se estão enfastiados com a boa vida e não sabem mais o que fazer, façam  o que um grande líder partidário disse uma vez: “Estudar.Estudar.Estudar.” Quem sabe entendam esse país, descubram quais os caminhos para avançarmos mais e abandonem a postura infanto-juvenil fascista.                                                                                                                     Em  relação à grande maioria que abomina esse oportunismo: está chegando o momento de irmos para as ruas com nossas propostas civilizatórias e progressistas. Não bastam as análises e a compreensão do que acontece,  é preciso o debate de ideias e de políticas com esses grupelhos. E mais, definir qual democracia que queremos, pois em nenhuma democracia tem tarifa zero, manifestante manifesta de máscara, a Polícia deixa manifestante manifestar onde bem entender, a Polícia deixa arrebentar lojas e invadir prédios públicos , os não-manifestantes são impedidos de trabalhar e ir pra casa, a Polícia não  limita a manifestação aos espaços públicos que ela, de antemão, polícia, a  demarca, ou aceitar a subversão da ordem pública através do espectro eletromagnético, de propriedade do povo etc

Em fim, em uma democracia, onde se governa em coalizão, pode-se aceitar que os membros dessa coalizão canibalizem-se, abandonando e desfigurando o programa que os elegeram. Cerrar fileiras para evitar o golpe que a direita organiza com apoios de grupelhos, debater com os grupelhos sem se curvar às suas sandices e ganhar as ruas com propostas civilizatórias e progressistas.

*Marcos Francisco Alves é professor e militante do PCdoB                                                                                                  

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