AGENDA CULTURAL

13.11.13

A força afro-brasileira

Em homenagem ao Dia de Zumbi - 20 de novembro 
Um passeio pela contribuição africana ao português brasileiro
Por Luís Costa Pereira Jr.

A Guerra dos Palmares, óleo de Manuel Víctor: os negros tiveram participação ativa na língua do Brasil e na difusão nacional do português
Cerca de 300 línguas africanas foram trazidas ao Brasil, principalmente da África ocidental (grupo banto e ioruba) durante o período da escravidão. 

Ao que tudo indica, vieram para cá 3,8 milhões de africanos, mas há quem fale até em 15 milhões. De todo modo, bem mais que os 800 mil enviados aos Estados Unidos. 

Quando chegou ao Brasil, o grupo banto representava mais de 400 idiomas da família nigero-congolesa.

Línguas bantas são faladas ao sul do Saa-ra, do Golfo da Guiné à foz do Juba (na Somália) até o Cabo. Muitos haviam tido contato com o português antes de vir ao Brasil, pois era nesse idioma que interagia a costa ocidental dominada pelos lusitanos. 

Os negros têm participação ativa na difusão e na transformação da língua portuguesa desde pelo menos o Brasil colônia, nos séculos 17 e 18. 

Os negros precisavam dominar o idioma que os adaptasse ao trabalho e evitasse a confusão de falares entre escravos de origens distintas. Buscaram um português franco, que com o tempo foi alterado por diferentes origens, fonéticas e sintaxes afros. Só no século 19 surgiram falantes de uma só língua africana. 

O comércio escravista provocou migração contínua por todo o território. Isso ajudou a fazer com que os brasileiros se entendessem em português. O idioma não se fragmentou por completo no país em parte por esse uso relativamente uniforme (a que depois se somariam: 1) o desbravamento do interior do país, que não deu tempo suficiente à proliferação de dialetos muito acentuados; 2) a difusão via satélite;
3) a universalização da escola).

Obrigados a usar o idioma do dominador, os africanos reinventaram o português. Ao fraturar o idioma alheio, enriqueceram o léxico do amo, abrandaram a prosódia da casa-grande (ênfase na acentuação e sonoridade das palavras) e alteraram a estrutura das frases dos meninos cuidados por amas. 

Os episódios a seguir mostram um pouco dessa história. Acesse o site da Revista Língua ou compre um exemplar na banca de revista. Lá há ampla reportagem a respeito.


Um comentário:

Ninha disse...

Boa Tarde !...
Xará
Ótima matéria...sou descendente de escravos véio, meu avô, pai do meu pai era escravo seu Artur, o pai da minha mãe, também tinha suas "origens" de escravos, por isso é que sou assim "moreninho", e também é por isso, que apanhava bastante, da minha mãe,...Aliás do meu pai eu nunca apanhei, porque só ele sabia que a coisa era feia...ele tinha dó de mim...estou vivo cara...rsrsrs
Abraços....e Salve Zumbi...
Ninha