AGENDA CULTURAL

7.2.14

Garanhão e pangaré

Hélio Consolaro*

Na terça-feira, meu filho, o Meninão, já com 33 anos, morando atualmente no Estado de Goiás, me telefonou dizendo:

- Pai, amanhã eu me caso com Naiara.

Este pai, todo moderninho, prontamente disse:

- Parabéns, cara! Você está deixando de ser um garanhão da palhada para ser um pangaré de carroceiro.

Rimos muito pelo telefone. Uma mera formalidade, tanto o casamento como o meu cumprimento, porque casado já estava. Tanto ele como a nora já tinham se escolhido e viviam juntos. Apenas estavam legalizando a união para que construíssem juntos algum patrimônio.

Afinal, ele já está fora de casa há 16 anos. Metade de sua vida passou longe dos pais, embora solteiro. Sabe cuidar de uma casa como ninguém, pois foi forçado a aprender, se virar. Nem por isso, perdeu a masculinidade.

Estudou a graduação na UFMS - Campo Grande-MS- fez mestrado na UFU – Uberlândia-MG – e doutorou-se pela UnB – Brasília-DF. Apesar dessa deserção necessária, nunca se desligou dos pais, da irmã.

Assim, caro leitor, fiquei livre daquela cerimônia medieval que ainda é a festa de casamento entre nós. Já tinha, e ainda tenho, mais um lugar para encostar meu corpo e dormir, em Catalão-GO. Se casar é um fim, meus dois filhos já estão encaminhados.

Mas estou tentando convencer a mãe dele, porque ela não foi nem convidada. Considerou isso uma afronta!

Dois trintões se casam e precisam pedir autorização, aquelas coisas... Até o papa já está pensando diferente, mas há gente conservadora, em que o verbo “mudar” é difícil de ser conjugado, principalmente na primeira pessoa.

Já fui padrinho de casamento, meio contrariado, em que antes de eu terminar de pagar o presente, o casal já havia se separado. Quase mandei o carnê das prestações para quem ficou com a geladeira liquidá-lo. Festejamos o nada!

Meninão teve exemplo em casa. Nós, eu e a Helena, marcamos o casamento em Rosana-SP, onde lecionávamos, e mandamos o convite para nossos pais. Isso em 1973, porque esse croniqueiro sempre foi de quebrar paradigmas, meio doido da perna esquerda.

Aos poucos, a vida passa, vamos cumprindo nossa passagem pelo globo terrestre, tudo se caminha para o fim para que haja uma explicação para começo. A estrada foi ótima. Os obstáculos postos no caminho valorizam as vitórias.

*Hélio Consolaro, professor, jornalista, escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP

Um comentário:

Hélio Ninha disse...

Boa Tarde !...

Parabéns,xará,...que o casal,sejam também muito felizes...

Abçs...
Ninha