AGENDA CULTURAL

29.5.14

Sarau ao pôr do sol - Guararapes


Maiara Bombi*

“É uma necessidade conversar com os poetas. E se os poetas morrerem provocarei os mortos, as flores do mal que estão na minha estante”. Com a frase da jornalista e romancista Patrícia Rehder Galvão, mais conhecida pelo pseudônimo Pagu, deu-se início ao 2.º Sarau Cultural Pôr do Sol realizado no último dia 25 no pesqueiro “A Quinta do Sardão”, localizado na Rodovia Marechal Rondon, km 552 – Guararapes, SP.

O Sarau foi inspirado na Semana de Arte Moderna de 22, que na época buscava a identidade brasileira sob miscigenação das raças, fazendo história no solo brasileiro.

A Semana de 22 é vista na Europa de hoje como a mais revolucionária fusão de vanguardas no Modernismo. Como autores deste período destacaram-se Manuel Bandeira, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Cassiano Ricardo, Ronald de Carvalho, Patrícia Galvão (Pagu) e Plínio Salgado.

O clima cultural tomou conta do restaurante "A Quinta do Sardão" neste último domingo (25/5/2014). Muitas pessoas se acomodaram na grama, cadeiras e até mesmo em pé para participar de um evento, no qual, o principal objetivo é resgatar a cultura que está se perdendo em nossa cidade. Obras famosas como os de Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Anita Malfatti, entre outros artistas consagrados fizeram parte do cenário cultural.

SARAU

Segundo a organizadora do evento Gylce Maria, a arte movimenta a imaginação, provoca mudanças e liberta a alma de vícios constantes e indiscretos longe de nossa natureza mais pura que é “Deus”.

Em algumas palavras Gylce demonstra sua satisfação e agradecimento a todos os presentes no Sarau. “Cultura é hábito, repetição. Cultura quer dizer conhecimento, abrigo, conforto e reconforto. A Arte é o inédito, o desconhecimento, a repulsão, o incômodo. Isto é o nosso Sarau. A ideia é provocar a mudança, soltem-se pessoas”, conclui Gylce.

Com o brilhante livro de Mário de Andrade, Macunaíma, começaram-se as apresentações do Sarau. Abaixo segue um trecho da obra que foi declamado.

“Macunaíma nasce no fundo do mato-virgem e vive num mocambo, numa clara referencia à sua origem indígena, era preto retinto e filho do medo da noite”. 

E assim, numa forma teatral, Gylce Maria deitou-se na rede montada especialmente para reproduzir um trecho do livro Macunaíma.

Na sequência, o Coral da escola João Arruda Brasil abrilhantou à tarde com apresentações de Chico Buarque, Toquinho, Tom Jobim, Luiz Gonzaga dentre outros artistas consagrados.

Luciana Arruda e Gylce Teixeira
Para a surpresa de todos, um dos números que mais chamou a atenção foi o poema de Manuel Bandeira – Os Sapos, interpretado pelo escritor, jornalista e Secretário Municipal de Cultura de Araçatuba Hélio Consolaro, por José Hamilton Brito, membro do grupo experimental da Academia Araçatubense de Letras e a professora AnaLúcia Pazutti. 

O poema “Os Sapos” é uma resposta adversa ao antigo movimento parnasiano. A proposta era dar liberdade aos poetas, escultores, pintores e músicos a fim de que a arte brasileira não buscasse modelos estrangeiros, mas sim, valorizasse a própria cultura brasileira.

Ana Lúcia Pazzuti
Cerca de 150 pessoas estiveram presentes no Sarau, entre elas, alunos do Coral, pais, professores e diretores de outras escolas, bem como o vereador do município de Guararapes Elói Sippel.

O coral da escola João Arruda Brasil é formado por aproximadamente 27 jovens. Segundo a diretora da escola Elaine Cristina Gomes, o grupo já existe há alguns anos, porém, a cada ano, com formação diferente. 

As aulas de canto são ministradas pela professora de Literatura Maria Isabel Rissato dos Santos com colaboração da professora de Arte Edna Mateus.



Para a diretora de escola Elaine Cristina Gomes, o II Sarau veio para impulsionar a cultura e a arte para o município de Guararapes. 
“Arte é tudo. Sem ela a gente não vive. Ela educa, inspira, e acalma”, termina Elaine.

Ao entardecer, as últimas apresentações ficaram por conta de Luciana Arruda e Felipe interpretando a música de Villas Lobos, Festim Pagão. Letra que foi declamada durante a semana de Arte Moderna de 22, no Teatro São Paulo I – poema de Ronald de Carvalho de 1918.

Segundo Hélio Consolaro, Secretário de Cultura de Araçatuba, a arte é um espetáculo e ela deve estar presente em todo plano de Governo. O Brasil não é feito apenas de educação, saúde, a cultura também é importante.



“É preciso evoluir, não podemos ficar de braços cruzados. Se não há nenhuma reação cultural por parte do departamento responsável ou do Prefeito, independente de qual seja, a população precisa se mexer. A Prefeitura apoiando a Cultura é resultado de um ato de cidadania”, finaliza Consolaro.

Afirma ainda que arte é um movimento cultural que está presente na sociedade o tempo todo. “Arte é um hobby, ninguém consegue ficar sem ela. É preciso que abandonemos nossos preconceitos, como por exemplo, nos ritmos musicais, pagode, sertanejo, todos possuem sua cultura, mas, cada um em seu segmento”, conclui o escritor.

Para finalizar o 2.º Sarau Cultural Pôr do Sol, sob a regência do músico Fernando Takehiro o coral formado pelos alunos da escola João Arruda Brasil interpretou um dos grandes clássicos da música brasileira, “Aquarela” letra de Toquinho e Vinícius de Moraes.

Participação especial da EE João Arruda Brasil

2º Sarau pôr do Sol, ocorrido dia 25 de maio, em A Quinta do Sardão, teve o apreço de ser agraciado com um belo final de tarde. Apesar de o dia estar nublado, o fechamento do dia foi abençoado pelo pôr do sol.A Escola João Arruda Brasil, sob a direção de Elaine Cristina Gomes, e o envolvimento das professoras Maria Isabel Rissato (literatura), Maria
Aparecida Vieira (sociologia), Edna Mateus (artes), que com o corpo de alunos apresentaram musicas de qualidade, declamações de poemas e exposição de quadros, sendo reproduções de obras de arte, estilo:

Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e, coral, sob a regência do musico Fernando de oliveira Takehiro.


A professora de dança Luciana Arruda, e o músico Felipe Almeida, apresentaram poema musicado do Ronald de Carvalho e Villas Lobos – Festim Pagão.

O poema de Manuel Bandeira, Os sapos, teve a apresentação de Hélio Consolaro ( secretario de cultura de Araçatuba), Jose Hamilton Brito e Ana Lúcia Pazzuti ( da Academia de letras de Araçatuba), e da produtora Urutu, Gylce Maria.

Organização, planejamento e execução da produtora Urutu, apoio de a A Quinta do Sardão, Site Seu PontoG e Eletrônica Halley.

*Maiara Bombi, do site Seu Ponto G

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