AGENDA CULTURAL

5.4.15

Entender a letra de Natasha, Capital Inicial


Natasha
Compositores: Alvin L. / Dinho Ouro Preto
Capital Inicial


Trabalho realizado em sala de aula por Hélio Consolaro*

Tem Dezessete anos
E fugiu de casa
Às sete horas na manhã
Do dia errado
Levou na bolsa
Umas mentiras prá contar
Deixou prá trás
Os pais e o namorado…

Um passo sem pensar
Um outro dia
Um outro lugar
Pelo caminho
Garrafas e cigarros
Sem amanhã
Por diversão
Roubava carros
Era Ana Paula
Agora é Natasha
Usa salto quinze
E saia de borracha…

Um passo sem pensar
Um outro dia
Um outro lugar…

O mundo vai acabar
E ela só quer dançar
O mundo vai acabar
E ela só quer
Dançar, dançar, dançar…

Pneus de carros cantam…

Tchuru, Tchuru, Tchuru
Tchuru, Tchuru, Tchuru…(3x)

Tem sete vidas
Mas ninguém sabe de nada
Carteira falsa
Com idade adulterada
O vento sopra
Enquanto ela morde
Desaparece antes
Que alguém acorde…

Um passo sem pensar
Um outro dia
Um outro lugar
Cabelo verde
Tatuagem no pescoço
Um rosto novo
Corpo feito pro pecado
A vida é bela
O paraíso é um comprimido
Qualquer balaco
Ilegal ou proibido…

Um passo sem pensar
Um outro dia
Um outro lugar…

O mundo vai acabar
E ela só quer dançar
O mundo vai acabar
E ela só quer
Dançar, dançar, dançar…(2x)

Pneus de carros cantam…

Tchuru, Tchuru, Tchuru
Tchuru, Tchuru, Tchuru

O texto é escrito em verso, mas a exemplo dos textos épicos, como Lusíadas, de Camões, conta uma história, uma aventura.

O nome verdadeiro de Natasha era Ana Paula. Natasha era um pseudônimo, chamado na linguagem popular de "nome de guerra".

O autor da letra atribui a mudança de comportamento a uma "doideira": "Um passo sem pensar" - verso que funciona como refrão em toda a música, como se não houvesse causa, e funciona como recriminação à personagem, antecedido por "no dia errado". 

Ana Paula é uma menina de família de classe média, não se trata de uma moradora de rua: "Deixou para trás os pais e namorado".

Na verdade, o narrador assume a condenação social, predominantemente eivada de senso comum, no jeito de contar a história. Seria uma posição irônica dos compositores da letra de como a sociedade trata a delinquência juvenil. 

O mundo vai acabar
E ela só quer dançar
O mundo vai acabar
E ela só quer
Dançar, dançar, dançar…

"O mundo vai acabar" e "dançar" (verbo usado várias vezes) remete-nos à alucinação e ao morrer.

Se fôssemos organizar a letra de uma forma denotativa e linear, ficaria assim:

1.Uma adolescente foge de casa 
2.Ela frequenta a noite: bares e boates. Bebe.
3. Passa a roubar carros.
4. Adota o pseudônimo de Natasha.
5. Ana Paulo se torna ativa sexualmente. 
6. Ela dirige ilegalmente carros. 
7. Muda os documentos.
8. Passa a assalter casas, lojas.
9. Ela já está no mundo das drogas.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP

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