Raphael Narcizo
Jornal O LIBERAL, Araçatuba, 14/6/2015
Embora as
redes sócias sejam espaços fantásticos que propiciam discussões interessantes
ou o simples contato com amigos e familiares distantes, elas também se mostram
como espaços perigosos e propícios à divulgação de conteúdos falsos e até mesmo
criminosos.
É preciso entender como ocorre a propagação das informações
mentirosas que em muito pouco tempo se dissipam e se tornam uma “verdade
universal” no Facebook, por exemplo. O Facebook é uma grande central de “hoax”
(pronuncia-se “rôuquis”) termo em inglês que se popularizou e significa
“embuste” ou “trote” e é usado para designar boatos que se espalham em e-mails
e redes sociais. A palavra começou a ser usada bem antes da criação do WWW. Há
registros de publicações do verbete na metade do século 18.
Devido à grande
facilidade de compartilhá-los na rede. Boa parte deles são os mesmos dos tempos
de Orkut e só mudam de nome. Outros são novos e divulgam notícias falsas sobre
recursos e até cobrança de adesão.
Você já
deve ter se deparado com algo do tipo: “Facebbok cobrará taxa de serviço” ou
“Facebook vai ajudar uma criança doente” e antes mesmo de verificar a
veracidade da informação muitos, movido por um instinto de “solidariedade
virtual” compartilham aquela noticia e o ciclo se repete infinitamente.
Assuntos falsos que foram a febre do momento em anos anteriores mais cedo ou
mais tarde estarão de volta em sua time-line por que algum amigo seu
compartilhou novamente.
BRINCADEIRA TEM LIMITE
Mas e
quando notícia falsa nas redes sociais põe em risco a vida de uma pessoa? Foi
o que aconteceu com a dona de casa Fabiane Maria de Jesus, 33 anos, moradora do
Guarujá, litoral paulista morta em maio do ano passado por causa de um boato,
espalhado por uma rede social, de que havia uma sequestradora de crianças na
região.
A investigação policial à época apontou para o rumor como motivo do
crime e afirmou que não havia nenhum boletim de ocorrência sobre sequestro de
menores no Guarujá. Fabiane foi amarrada, espancada e arrastada por um grupo de
moradores do bairro Morrinhos, no Guarujá.
A agressão foi registrada em vídeo
e, segundo os vizinhos, ela estava apanhando por ser a mulher que estava
sequestrando crianças na região. Duas imagens circulavam pelas: um retrato
falado e uma foto de uma mulher. O primeiro, na verdade, pertence a um caso de
2012, ocorrido no Rio de Janeiro. Já a fotografia remetida em uma pagina de
humor no Facebook.
A página
Guarujá Alerta foi apontada pela família como responsável por publicar a foto
que gerou o boato. A página, voltada para denúncias na região, chegou a receber
diversas mensagens internautas sobre a existência da suposta sequestradora. No
dia 28 de abril de 2014, a página alertou que não havia registro policial de
seqüestro na cidade, e que “tudo não passava de boatos”.
A
psicopedagoga Eliana Obici Ribeiro, analisa o fato de as pessoas compartilharem
as informações sem antes checar a veracidade como uma ação perigosa e que podem
terminar na incitação de atos de violência. A profissional também faz um alerta
para quem faz o compartilhamento de notícias virais. “O ideal não é
compartilhar nas redes sociais, mas denunciar às autoridades.”, ressalta.
Eliana
explica que a ação de espalhar boatos remonta a um passado muito distante.
Porém, dependendo das circunstâncias, um boato na internet pode causar vários
problemas.
“Hoje
existem profissionais da mentira, da calúnia e difamação. Algumas pessoas são
tão convincentes que até elas mesmas acreditam na própria mentira, isso indica
problemas de personalidade”, explica.
A
especialista esclarece que é necessário tomar cuidado, sempre verificar o que
está compartilhando. “O mais saudável é que a pessoa se resguarde, avalie,
procure verificar a autenticidade para depois compartilhar alguma notícia”.
Eliane
que também atua na área da neuropedagogia, orienta que as redes sociais são
ótimas ferramentas de comunicação e facilitam a vida em diversos aspectos,
tanto pessoal quanto profissional, porém deve-se levar em conta que existem
muitos aspectos prejudiciais no seu uso indiscriminado. “É necessário ter
equilíbrio e responsabilidade”, conclui.
O ideal
não é compartilhar nas redes sociais, mas denunciar.
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