AGENDA CULTURAL

19.6.15

Redes sociais. Cuidado! Compartilhamento é coautoria

Raphael Narcizo
Jornal O LIBERAL, Araçatuba, 14/6/2015
  
Embora as redes sócias sejam espaços fantásticos que propiciam discussões interessantes ou o simples contato com amigos e familiares distantes, elas também se mostram como espaços perigosos e propícios à divulgação de conteúdos falsos e até mesmo criminosos.

 É preciso entender como ocorre a propagação das informações mentirosas que em muito pouco tempo se dissipam e se tornam uma “verdade universal” no Facebook, por exemplo. O Facebook é uma grande central de “hoax” (pronuncia-se “rôuquis”) termo em inglês que se popularizou e significa “embuste” ou “trote” e é usado para designar boatos que se espalham em e-mails e redes sociais. A palavra começou a ser usada bem antes da criação do WWW. Há registros de publicações do verbete na metade do século 18.

Devido à grande facilidade de compartilhá-los na rede. Boa parte deles são os mesmos dos tempos de Orkut e só mudam de nome. Outros são novos e divulgam notícias falsas sobre recursos e até cobrança de adesão.

Você já deve ter se deparado com algo do tipo: “Facebbok cobrará taxa de serviço” ou “Facebook vai ajudar uma criança doente” e antes mesmo de verificar a veracidade da informação muitos, movido por um instinto de “solidariedade virtual” compartilham aquela noticia e o ciclo se repete infinitamente. Assuntos falsos que foram a febre do momento em anos anteriores mais cedo ou mais tarde estarão de volta em sua time-line por que algum amigo seu compartilhou novamente.

BRINCADEIRA TEM LIMITE
Mas e quando notícia falsa nas redes sociais põe em risco a vida de uma pessoa? Foi o que aconteceu com a dona de casa Fabiane Maria de Jesus, 33 anos, moradora do Guarujá, litoral paulista morta em maio do ano passado por causa de um boato, espalhado por uma rede social, de que havia uma sequestradora de crianças na região. 

A investigação policial à época apontou para o rumor como motivo do crime e afirmou que não havia nenhum boletim de ocorrência sobre sequestro de menores no Guarujá. Fabiane foi amarrada, espancada e arrastada por um grupo de moradores do bairro Morrinhos, no Guarujá. 

A agressão foi registrada em vídeo e, segundo os vizinhos, ela estava apanhando por ser a mulher que estava sequestrando crianças na região. Duas imagens circulavam pelas: um retrato falado e uma foto de uma mulher. O primeiro, na verdade, pertence a um caso de 2012, ocorrido no Rio de Janeiro. Já a fotografia remetida em uma pagina de humor no Facebook.

A página Guarujá Alerta foi apontada pela família como responsável por publicar a foto que gerou o boato. A página, voltada para denúncias na região, chegou a receber diversas mensagens internautas sobre a existência da suposta sequestradora. No dia 28 de abril de 2014, a página alertou que não havia registro policial de seqüestro na cidade, e que “tudo não passava de boatos”.

A psicopedagoga Eliana Obici Ribeiro, analisa o fato de as pessoas compartilharem as informações sem antes checar a veracidade como uma ação perigosa e que podem terminar na incitação de atos de violência. A profissional também faz um alerta para quem faz o compartilhamento de notícias virais. “O ideal não é compartilhar nas redes sociais, mas denunciar às autoridades.”, ressalta.

Eliana explica que a ação de espalhar boatos remonta a um passado muito distante. Porém, dependendo das circunstâncias, um boato na internet pode causar vários problemas.

“Hoje existem profissionais da mentira, da calúnia e difamação. Algumas pessoas são tão convincentes que até elas mesmas acreditam na própria mentira, isso indica problemas de personalidade”, explica.

A especialista esclarece que é necessário tomar cuidado, sempre verificar o que está compartilhando. “O mais saudável é que a pessoa se resguarde, avalie, procure verificar a autenticidade para depois compartilhar alguma notícia”.

Eliane que também atua na área da neuropedagogia, orienta que as redes sociais são ótimas ferramentas de comunicação e facilitam a vida em diversos aspectos, tanto pessoal quanto profissional, porém deve-se levar em conta que existem muitos aspectos prejudiciais no seu uso indiscriminado. “É necessário ter equilíbrio e responsabilidade”, conclui.

O ideal não é compartilhar nas redes sociais, mas denunciar.       



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