Hélio Consolaro*
Como ando em descompasso com a tevê, porque eu uso a
televisão, procuro não me deixar ser usado por ela, perco algumas coisas
interessantes. É o preço de não se deixar levar.
Assim, a novela “Windeck - O Preço da ambição” (título
brasileiro) ou “Windeck – Subir na vida tem um preço” (título angolano) – uma
produção luso-angolana - já está na segunda apresentação na TV Brasil e só
agora a descobri. Ela já foi apresentada em todos os países que falam o português.
A telenovela foi indicada em 2013 ao Prêmio Emmy Internacional
de Melhor Telenovela com Avenida Brasil e Lado a Lado, ambas da Rede Globo, e
com 30 Vies, do Canadá. Isso prova que não estou indicando porcaria.
Resumo do enredo: "mostra o que as pessoas são capazes
de fazer para atingir uma riqueza fácil e rápida". Windeck centra-se
"no dia a dia da redação da revista Divo, um local onde o glamour se
mistura com a ambição". Bem novela mesmo.
Quando me sento no sofá para ver tevê, navego bem rapidinho
pelos canais da Net, paro nalguns portos culturais, como “Curta”, “Arte 1”.
“Canal Brasil”, “Bis”, “Music Box Brazil”, “TV Cultura” e “TV Brasil”, agora
com HD . Ou, então, canais
de esporte e filme pela Netflix. Sou um privilegiado.
Nessas paradas pela TV Brasil, descobri a novela “Windeck -
O Preço da ambição”, uma novela com a maioria do elenco composta por negros
falando o português de Portugal. De vez em quanto, aparece um ator branco.
Horário: 20h30.
De imediato, recebi um choque, porque no Brasil, apesar de
mais de 50% da população ser afrodescendente, o elenco das novelas é branco com
alguns atores negros. Na novela “Windeck - O Preço da ambição” o português é diferente. Vale a pena ver pelo
menos uma vez pelo estranhamento.
Não vou entrar na polêmica do racismo, não tenho muita
paciência mais com isso, mas ver “Windeck - O Preço da ambição” é tão bom para os preconceituosos como para
aqueles que se dizem abertos, inclusivos.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário
municipal de Cultura de Araçatuba-SP
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