Operários exaustos na linha de produção do iPhone |
Texto: Maryane Silva - Énois
Na hora de comprar, refletimos pouco sobre o impacto do consumo na vida das pessoas. A produção do que a gente usa é bem mais complexa do que imaginamos e, às vezes, pagar pouco pode ser mal sinal.
Natal e festas de fim ano instalam uma histeria coletiva de compras que torna difícil refletir como os produtos chegam até a gente e de que forma são feitos.
Natal e festas de fim ano instalam uma histeria coletiva de compras que torna difícil refletir como os produtos chegam até a gente e de que forma são feitos.
Num processo que pode ser gigante – uma blusa começa pela plantação do algodão – até chegar à nossa casa, muita gente pode viver em condições desumanas, sem registro, por mais de 10 horas e receber muito pouco.
Essas são as características do trabalho escravo, segundo a ONG Repórter Brasil, que investiga o tema a ajuda a combater as violações de direitos por meio de jornalismo, educação e articulação sobre o tema.
Só no ano passado, 1.674 pessoas foram resgatadas de condições assim por operações de fiscalização feitas pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
Um dos casos mais conhecidos no país é o da Zara. 15 bolivianos e peruanos em situação de escravidão foram libertados de oficinas de costura contratadas pela marca em São Paulo, em 2011.
Depois disso, a Zara eliminou da cadeia de produção todas as empresas que tinham imigrantes latino-americanos, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Calculadora da escravidão
Para conhecer a cadeia produtiva do que comprarmos e sermos mais conscientes, há a calculadora Slavery Footprint, da nossa pegada de escravidão. O assunto é pesado, mas o projeto usa design de jogo para mostrar onde há trabalho escravo entre os produtos que consumimos.
Para conhecer a cadeia produtiva do que comprarmos e sermos mais conscientes, há a calculadora Slavery Footprint, da nossa pegada de escravidão. O assunto é pesado, mas o projeto usa design de jogo para mostrar onde há trabalho escravo entre os produtos que consumimos.
Quem joga começa informando onde mora e depois monta sua casa com cada cômodo. São 11 questões sobre o que você come, quantas roupas tem, quais medicamentos e cosméticos usa e qual ser perfil tecnológico.
Cada resposta vem acompanhada de algum dado que ajuda a entender a escravidão nos dias atuais e nas cadeias produtivas – só é preciso um pouco de paciência com a tradução que não está muito boa. Os produto eletrônicos teriam ligação com a escravidão no Congo, onde há produção de uma liga metálica muito usada neles, o Coltan. Em relação às roupas, o alerta é para as crianças que saem da escola para trabalhar na colheita de algodão.
No final do jogo, bem a resposta nada animadora de quantos escravos trabalham para você.
Milhões de pessoas de 200 países já visitaram o site, segundo informações do próprio projeto, para descobrir a ligação do que consomem com a escravidão moderna.
Brasil
No Brasil, também há pessoas trabalhando e divulgando informação sobre trabalho escravo. O aplicativo Moda Livre, desenvolvido pela Repórter Brasil, monitora o que as empresas do setor estão fazendo para combater o trabalho escravo.
A ONG também ajudou a desenvolver um jogo de tabuleiro, o “Escravo nem pensar!”, em que o objetivo é todo mundo trabalhar junto pra acabar com o trabalho escravo naquele mundo virtual.
Bora pensar nisso no mundo real.
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