AGENDA CULTURAL

7.12.16

Campos de Jordão: Alphaville e Alfavela

Auditório Cláudio Santoro
Hélio Consolaro*

Na minha época de criança, a cidade de Campos do Jordão-SP era sinônimo de tuberculose para os paulistas. No grupo escolar Francisca de Arruda Fernandes, Araçatuba, eram vendidos selos para os alunos como forma de arrecadar fundos para o combate à doença. Como naquela época, a doença era incurável, tentava-se internar o doente nos sanatórios daquele município de clima ameno.  

Havia até uma brincadeira: "Tosse, rouquidão, xarope São João, persistindo, só Campos do Jordão". Maldade danada, nenhum laivo do politicamente correto. A cidade do Vale do Paraíba (hoje, com 50 mil habitantes) era tão falada que achávamos ser maior que Araçatuba (hoje, com 200 mil habitantes). 
As irmãs quase gêmeas: Áurea e Helena Nagai (minha esposa) no Parque Amantikir
Atualmente, Campos do Jordão quer esquecer essa imagem, pois atualmente é uma estância turística. Hoje a tuberculose é tratada no convívio com a família, na própria casa do doente.

No topo da Serra da Mantiqueira, onde está a cidade, não há lugar plano, nem para fazer um heliporto. Lá as alterosas de Minas Gerais avançam para São Paulo.

Estive num congresso de vereadores em Campos de Jordão em 1983 no auditório Cláudio Santoro, onde acontece atualmente o Festival Internacional de Campos de Jordão. Foi lá que descobri que tais eventos que reúnem políticos são mais turísticos do que de estudos e debates. Mas a Helena não teve a oportunidade, assim começamos a usar as colônias de férias da Afpesp por aquela estância em novembro/dezembro de 2016. Ficamos por lá durante uma semana, tudo muito em conta e de boa qualidade. Para conhecer todos os lugares bonitos do município, não precisa de estada tão longa.
Moldura para fotos no Parque Amantikir: Consa, Helena e Áurea
Curiosidade para quem vive no calor de Araçatuba: lá não há aparelho de ar condicionado, ventilador e nem mesmo piscina.

Lugares que merecem a visita do turista

Museu Aberto Felícia Leirner



  

Parque Amantikir - Os jardins que falam

Durante a alta temporada de Campos do Jordão, junho e julho, cuja forte tendência é a cultura, o município chega a ter dois milhões de visitantes.  

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As viagens não se justificam por si só, elas se completam pelas amizades que fazemos. Em Campos de Jordão, conhecemos o casal Carlos César Carvalho e sua esposa, a escritora Tânia Fernandes Carvalho, com quem convivemos na unidade de lazer da Afpesp por vários dias.


Capa do livro
Carlos César e Consa

Campos do Jordão parece lugar de primeiro mundo, mas que não vive sem o terceiro. Quando se passa pela favela, onde vive mais de 10 mil pessoas, o guia turístico fazia chacota: onde vocês estão hospedados é o Alphaville, aqui é a Alfavela. Conhecer isso faz parte do conhecimento do turismo pela realidade social brasileira.


*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro da Academia Araçatubense de Letras

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