AGENDA CULTURAL

27.12.16

Natal desplugado

Hélio Consolaro*

Neste fim de ano, como o “vagabundo da casa” participei da organização dos festejos. Quem procura acha o que fazer.

Dinheiro difícil, rédea curta nos gastos, só preço baixo. Mãos de torniquete. Assim, as despesas foram cotizadas, nada de coronel e nem aproveitadores. E este cronista, avô da turma, na cobrança, não ficou um centavo sem ser pago.

No Natal, que é uma festa essencialmente familiar, reuni a prole num rancho simples, alugado com antecipação. O WhatsApp foi uma ferramenta importante na organização, democratizar as decisões.

Para acentuar a contradição, não havia conexão via celular (e nem internet) no rancho alugado, lugar ermo mesmo. Ficamos lá por três dias de “nós para nós”. Organização digital, festa analógica.

Comer, beber, dormir, entrar n’água, brincar. Todos ajudavam na manutenção da limpeza do rancho, outros especialistas em cozinhar e assar. Como sempre, alguns colaboraram mais que os outros, mas deu tudo certo.

Este cronista também lia livros, fazia palavras cruzadas. Quando no aparelho de som tocou “Quero uma casa no campo”, de Zé Rodrix e Tavito, eternizada na voz de Elis Regina, me senti realizado quando ela cantou: “Onde eu possa plantar meus amigos / Meus discos e livros e nada mais!”


Na noite de Natal, quando as crianças (só elas) receberam presentes, apareceu o Papai Noel para fazer a entrega. Gente do grupo mesmo que se fantasiou. Se a gente vai     brincar de crise, radicalizemos. Adultos ficaram chupando dedo. Outros ranchos tomaram emprestados o nosso bom velhinho.

Mas não faltou pensar no aniversariante, Jesus Cristo. A Railda, do grupo, ia puxar reza, mas teve a cena roubada por minha neta Luísa, aluna do Colégio Nossa Senhora Aparecida, que, com seis anos, rezou tudo decor. Lógico, Railda completou com reflexões.

Na segunda-feira, dia da volta. Carregar apetrechos de volta. Alguns anteciparam a volta no próprio domingo, eram abstêmios. Com todo o meu pão-durismo, houve pequena sobra. A eucaristia foi servida para todos.


*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro da Academia Araçatubense de Letras

2 comentários:

HAMILTON BRITO... disse...

Por isso é que tentei comunicar-me e nao consegui. Mesmo tardiamente, feliz natal....o dia já foi mas o espírito , que fique para semnpre

Gabriel Araújo dos Santos disse...

O que valeu mesmo deve ter sido a paz de espírito reinante no isolamento com o mundo virtual. Isto faz muito bem, chegou em boa hora, um lenitivo para a alma, ajuda a nos descobrirmos e a nos inteirarmos do que se passa com o íntimo das pessoas, tantas e tantas tomadas de solidão em meio à multidão.