AGENDA CULTURAL

4.2.18

O Waldemar Giovani morreu, mas o Valdemar Cachorro continua vivo


Hélio Consolaro*

Nunca tive amizade e nem ligação política com o Valdemar Cachorro (o apelido é com "V", mas o nome no registro civil é com "W"). Valdemar Cachorro era o avatar de Waldemar Giovani. Ambos gostavam de futebol, tinham a mesma idade: 89 anos.

Não convivi com este lado esportivo dele, mas era um sujeito mão aberta, como disse o vereador Dr. Jaime. Aliás, para trabalhar com o esporte amador precisa de desapego ao dinheiro. 

Saber por que ele tinha o apelido de Valdemar Cachorro? Porque era proprietário de uma farmácia de produtos veterinários na rua Campos Sales, onde hoje é um estacionamento. Foi uma espécie de curandeiro, um veterinário prático dos cachorros de Araçatuba.

Como fui uma espécie de auxiliar de veterinário na antiga Fazenda do Estado (Posto Experimental de Criação - onde é hoje o recinto de exposições Clibas de Almeida Prado), ia buscar os remédios na farmácia dele. 

Todos os veterinários de Araçatuba que cuidam de cachorro devem acender uma vela ou fazer alguma homenagem por esse descendente de italiano. Ele abriu veredas.

Ele era sacudido, barrigudinho, falava alto como todo bom italiano, com sardas à vontade, tinha duas sobrancelhas parecendo taturanas. Morreu magrinho, aos 89 anos. 

O Waldemar Giovani só existiu nos papéis. O Valdemar Cachorro mora no coração dos antigos araçatubenses. Que a terra lhe seja leve, e os céus estejam de portas abertas para recebê-lo. 

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor.

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