AGENDA CULTURAL

10.3.18

Parabéns às loiras do cone


Hélio Consolaro* 

As loiras de Araçatuba furtaram ou roubaram o cone? Para ser menos dramático com elas, furtaram, como fazem com os olhares furtivos dos rapazes. Diz o Guia do Estudante que "FURTAR é se apoderar de qualquer objeto alheio sem o uso de palavras agressivas, ataques físicos ou intimidação". Ou melhor, pedir emprestado sem autorização, pegar escondido.

Se disser que "As loiras sentaram no cone" não revela nenhuma deselegância por parte deste cronista, pois as mulheres, as meninas andam tão liberais que não vão apelar por argumentos antigos para desvalorizar esta crônica. Sentar no cone é figurativamente levar um castigo, não se sair bem da situação. Elas não contavam que havia alguém filmando e que a polícia vai levar o caso a sério.

Se você, caro leitor, quiser ter um cone para a sua coleção de objetos raros, embora não sejam tão raros assim, nem caros, pois são vendidos em lojas especializadas em segurança do trabalho. O susto que levaram foi bem dado, pois aquele cone é um bem público, pertence à coletividade.

Não me venha, sujeito careta, dizer que a juventude está mesmo perdida porque as meninas furtaram um cone. Os adolescentes sempre foram impossíveis desde o tempo do filósofo grego Aristóteles, que não os aturava. Na zona rural, no Sábado de Aleluia, a rapaziada  aprontava, desde pôr fogo em mourões de porteira, atacar galinheiros. As moças não tão ousadas. Os velhos ficavam com as espingardas carregadas, esperando a chegada dos arteiros. Não estou falando em marginalidade.

Apesar dos pesares, pelo trabalho que deram, parabéns às loiras do cone, que furtaram um cone por excesso de juventude. Terão uma história para contar na velhice. 

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*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Araçatuba 

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