AGENDA CULTURAL

10.3.18

Quebraram, chutaram, esbagaçaram a santa

Hélio Consolaro*

Os ícones culturais de uma pessoa às vezes são bem diferentes de outra, descobrir e respeitar isso é grande princípio da democracia, de aceitar a diversidade, resumindo numa frase: viver e deixar o outro viver também.

Se você, caro leitor, pode curtir a maior fé do mundo, mas não admite a diferença no outro, a sua fé é um lixo, é o mesmo fanatismo do que torcer por um time de futebol.

A Dona Zoraide, uma pessoa católica, cuida de uma praça pública no Jardim Guanabara como se fosse sua, expõe uma santa na gruta e uma pessoa pela quarta vez quebrou a santa, chutou-a, esbagaçou-a. Trata-se de uma ação de um desequilibrado.

Se fosse uma pessoa equilibrada, iria conversar com Dona Zoraide, dizendo que a praça é pública, portanto é um espaço laico, não pode ser local de uma manifestação permanente e fixa de qualquer religião: igreja, altar, gruta, imagem. Nem templo à Bíblia, nem Cristo Redentor deve ter uma praça. Abria-se uma reflexão. Esse laicismo, infelizmente, não é praticado pelo poder público brasileiro.

A pessoa discordante podia ir conversar com o prefeito de Araçatuba e expor o problema, já que desistira de conversar com Dona Zenaide. Se fosse um religioso e admitisse que todos nós somos filhos do mesmo Deus, nunca poderia agir com violência, agressividade e desrespeito como fez. Seu comportamento é um exemplo negativo que depõe contra a sua fé e sua religião.

Mas como nem todos foram bem-criados, há sempre os desvios de caráter e de personalidade. Precisamos amá-los, reeducando-os. 

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*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

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