AGENDA CULTURAL

31.1.19

Brumadinho-MG: o crime não compensa



* Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

Depois de tanto noticiar, discutir a catástrofe, pode ser que há gente que ainda não entendeu esse negócio de meio ambiente, então, esse croniqueiro faz mais uma nova tentativa.

Somente os donos da companhia Vale do Rio Doce, outras mineradoras e mais meia dúzia de brasileiros consideram a catástrofe de Brumadinho-MG como acidente, os demais acham que foi crime ambiental e exigem punição exemplar. 

Está longe a época em que falar de ecologia ou meio ambiente era assunto de conversas de mulheres com sovacos peludos ou bichos-grilos. Aliás, se não fossem as pessoas diferentes, meio fora da curva, doidas, a humanidade não teria avançado. Os medíocres não são ousados, não querem mudança.

A militância em defesa do meio ambiente não pode se limitar a plantar uma árvore no Dia da Árvore, cuidar de vaso e defender animais domésticos, ela precisa ir além, porque meio ambiente, democracia e direitos humanos são valores universais que rompem fronteiras.  

ECOlogia e ECOnomia são palavras do mesmo radical grego ECO que significa casa. Ecologia é estudar a casa e cuidar dela (casa=planeta). Economia é administrar a casa (no sentido macro de casa é país, estado, município, empresa).  

Não é possível pensar em prejudicar o planeta em detrimento da maioria de seus moradores, salvando uma elite, pois estamos todos nele e ainda não há como fugir dele diante do cataclismo. Ou nos unimos nesse tema ou nos afundamos.

A defesa do meio ambiente precisa ser forte em todos os campos da humanidade, porque nos entregaram um paraíso e ele está se transformando aceleradamente no inferno. A defesa do planeta é um dever de todos, independente de partidos e ideologias.

Que bom seria se todos fossem verdadeiramente responsáveis, sem necessidades de alvarás e fiscalização. Na verdade, há gente que só pensa hoje, na geração atual, deixando uma herança maldita para os descendentes, por isso a necessidade da intervenção do poder público.

Para o novo governo, não houve desgraça maior do que a catástrofe de Brumadinho, porque agora até o seu eleitorado quer medidas eficazes contra a destruição da natureza de nosso país. É impossível algum mentecapto vir a público defender que o crime compensa.


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