AGENDA CULTURAL

14.4.19

Ching ling aqui, ching ling ali, qual a próxima tragédia?

Chamas saem da loja e formam uma coluna de fumaça preta — Foto: Arquivo Pessoal
Chamas saem da loja e formam uma coluna de fumaça preta — Foto: Arquivo Pessoal
Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

A tragédia desacomoda e revela nossos erros. A mídia araçatubense, cansada de noticiar os fuxicos da política local, teve uma tragédia para manchetar: o incêndio de uma loja de ching ling (ou xing ling). 

O termo ching ling (ou xing ling) tem sentido depreciativo, mas é o usado pela população. Com certeza, a China não vai querer romper relações diplomáticas com o Brasil porque usei o termo neste insignificante blog. 

Com certeza, a Prefeitura de Araçatuba agora vai fazer um operação pente-fino nas lojas do calçadão. Precisou acontecer a tragédia para se tomar uma providência. Espero que eu esteja errado.

O prefeito vai mandar fazer o mutirão fiscalizatório meio desmoralizado, porque o Palácio da Rodoviária, onde funciona a prefeitura, não tem aprovação do Corpo de bombeiros. Numa hora qualquer o incêndio acontece lá. 

É bom dizer que tal problema vem se arrastando por várias administrações municipais e Dilador Borges (PSDB), atual prefeito, em campanha eleitoral, prometeu mexer naquele pardieiro.

Fiquei sabendo que o dono da loja estava na China, fazendo compras. Vi pela internet que a Cris Park é uma rede de lojas espalhadas pelo Brasil. Tomara que esteja tudo legalizado e o incêndio seja obra da fatalidade.   

Enquanto isso, várias perguntas foram feitas: a loja tinha seguro, não tinha seguro? Havia alvará de funcionamento? No apressado da hora, reportagens televisivas disseram que estava tudo legal. 
Fachada da loja em Araçatuba-SP 
Os concorrentes brasileiros dizem que é difícil uma loja de ching ling (ou xing ling) ser legalizada. E a maledicência corre solta, mas mostrar os documentos da legalidade é um dever da imprensa, após as emoções da tragédia.

O caso só não teve repercussão nacional porque houve simultaneamente a tragédia de queda de prédios na cidade do Rio de Janeiro, que matou 16 pessoas. Um ching ling (ou xing ling) na construção civil comandada por milicianos, nada legalizado, tudo clandestino. 

Para certas pessoas, parece que legalizar seja uma afronta. Não. Legalizar é pôr dentro dos padrões técnicos, porque, para se fazer uma lei, há uma grande discussão. Precisamos proteger também os outros. Não esperemos outra tragédia.

VER FOTOS E LER TEXTOS: Regional Press

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