AGENDA CULTURAL

30.4.20

Estresse provoca lesões na boca!



 A língua era mordida durante o sono associada ao estresse psicológico muito intenso. A mucosa mordiscada, durante o dia, ardia!
Estresse mental e instabilidade psicossocial podem se somatizar como doenças fisicamente diagnosticáveis. Seus sintomas e sinais estarão associadas a uma condição psicológica, tal como pode ocorrer com a ansiedade. 
Somatização é o termo médico usado para a expressão corporal do estresse e ou de algumas emoções. Um exemplo de somatização ocorre quando o sistema nervoso central interfere nos níveis hormonais produzidos nas glândulas suprarrenais, desregulando os corticosteroides liberados pelas suas células.
Em cima de cada rim, como um chapéu, tem a glândula suprarrenal. Na sua cortical, as células produzem substâncias e as colocam no sangue. Substâncias produzidas em um local com ação em lugares longe de sua origem, são chamadas de hormônios e os das glândulas suprarrenais são os corticosteroides.
Qualquer estresse agudo, rápido e intenso, aumenta muito a produção de corticosteroides. Hormônios suprarrenais controlam e aumentam a formação de glicose a partir das proteínas e lipídeos. Sem ela não tem ATP e sem ele, não tem atividade celular. A glicose é combustível das células e sem ela tudo fica lento e funcionando mal.
No estresse agudo, o organismo prioriza a sobrevivência. Frente a um leão ou outro perigo súbito, a glicose será apenas para os músculos e cérebro: para lutar ou fugir! O corpo deve pensar e agir rapidamente e outras funções ficam negligenciadas, mas é por um período curto e não tem problemas. Em minutos, tudo volta ao normal.
DEFESA
Quem produz células inflamatórias e ou imunológicas são os tecidos do interior dos ossos ou medula óssea, no linguajar popular chamada de tutano! Sem a medula ou com ela alterada, teremos as anemias, leucemias, imunodepressão e muitas outras doenças.
Quando recebemos um transplante, como um rim, são as células imunológicas (macrófagos e linfócitos) que reconhecem se é parecido com o anterior do próprio corpo ou se é muito diferente. Se for diferente, estas células começam a destruí-lo até seu triste fim e o processo se chama imunorrejeição.
Se um de nossos tecidos fica diferente do normal ou as células imunológicas começam a enxergar aquele tecido como modificado, elas começam a atacar e lesar este tecido e formam lesões, machucados, úlceras, crostas com dor e ardência. Estas lesões são doenças são autoimunes.
Todos os dias no corpo temos trilhões de células proliferando e algumas ficam bizarras e atípicas e não deveriam sobreviver. As células imunológicas precisam reconhecê-las e eliminá-las para evitar que se transformem em um clone independente e ganhe vida própria como câncer ou neoplasia maligna. Sim, o câncer significa que o sistema imunológico falhou!
Pode parecer absurdo, mas são as células imunológicas que ficam sondando e vigiando nosso corpo. Fez coisa errada e ficou diferente, eles destroem mesmo as células ousadas que fizeram isto! Podemos dizer que as células da medula óssea, ou células imunológicas ou sistema imunológico nos toleram ou tem tolerância para com nosso corpo. Sim, doenças autoimunes implica em dizer que o sistema imunológico perdeu a tolerância para com uma parte de nosso corpo!
VIVER BEM
Uma das coisas que mais atrapalha e bagunça o sistema imunológico é o estresse crônico, aquele em que a pessoa tem estresses agudos várias vezes e todos os dias, liberando corticoides em taxas elevadas, pois são vários boletos, brigas e chateações! Agitado, reclamão e triste fica com estresse agudo todos os dias, semanas ou até anos e os corticoides seguidamente aumentados, desregulam o sistema imunológico. Vira um estresse crônico!
Isto explica porque as doenças autoimunes e neoplásicas malignas afetam menos e ou mais tarde os mansos e sábios! A origem está nas tragédias crônicas, mágoas persistentes e “chatúrias”! Inteligentes são os felizes e otimistas que também escolhem melhor as companhias, alimentos e ambientes, evitam os vírus oncogênicos e químicos cancerígenos, além de ingerirem produtos que nutrem apenas os mecanismos de defesa.
E NA BOCA !
A boca pode ser sede de doenças induzidas pelo estresse como:
1.    Lesões autoimunes como aftas, líquen plano (foto), lesões liquenoides e língua geográfica;
2. Lesões bucais associadas à oportunidade da imunidade alterada pelo estresse e que alguns vírus aproveitam para saírem dos seus estágios de latência, como ocorre com o herpes simples recorrente e o zoster;
3.    Alterações por certos atos repetitivos decorrentes do estresse, os tecidos moles se alteram secundariamente como na língua crenada ou serratoglossia, mucosa mordiscada, úlcera factícia e queratose friccional; e,
4.    Alterações por certos atos repetitivos decorrentes do estresse, também os dentes se alteram secundariamente como no bruxismo e apertamento, trauma oclusal por sobrecarga, atrição dentária por onicofagia, erosão por alimentação, bulimia, anorexia nervosa e refluxos, além da síndrome da ardência bucal.
Vamos nos cuidar!
 
Alberto Consolaro – Professor Titular pela USP -Bauru-SP - consolaro@uol.com.br



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