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A língua era mordida durante o sono associada ao estresse psicológico muito intenso. A mucosa mordiscada, durante o dia, ardia! |
Estresse mental e instabilidade psicossocial
podem se somatizar como doenças fisicamente diagnosticáveis. Seus sintomas e
sinais estarão associadas a uma condição psicológica, tal como pode ocorrer com a ansiedade.
Somatização é
o termo médico usado para a expressão corporal do estresse e ou de algumas
emoções. Um exemplo de somatização ocorre quando o sistema nervoso central
interfere nos níveis hormonais produzidos nas glândulas suprarrenais,
desregulando os corticosteroides liberados pelas suas células.
Em cima de cada rim, como um chapéu, tem a
glândula suprarrenal. Na sua cortical, as células produzem substâncias e as
colocam no sangue. Substâncias produzidas em um local com ação em lugares longe
de sua origem, são chamadas de hormônios e os das glândulas suprarrenais são os
corticosteroides.
Qualquer estresse agudo, rápido e intenso,
aumenta muito a produção de corticosteroides. Hormônios suprarrenais controlam
e aumentam a formação de glicose a partir das proteínas e lipídeos. Sem ela não
tem ATP e sem ele, não tem atividade celular. A glicose é combustível das células
e sem ela tudo fica lento e funcionando mal.
No estresse agudo, o organismo prioriza a
sobrevivência. Frente a um leão ou outro perigo súbito, a glicose será apenas
para os músculos e cérebro: para lutar ou fugir! O corpo deve pensar e agir
rapidamente e outras funções ficam negligenciadas, mas é por um período curto e
não tem problemas. Em minutos, tudo volta ao normal.
DEFESA
Quem produz células inflamatórias e ou
imunológicas são os tecidos do interior dos ossos ou medula óssea, no linguajar
popular chamada de tutano! Sem a medula ou com ela alterada, teremos as
anemias, leucemias, imunodepressão e muitas outras doenças.
Quando recebemos um transplante, como um rim,
são as células imunológicas (macrófagos e linfócitos) que reconhecem se é
parecido com o anterior do próprio corpo ou se é muito diferente. Se for
diferente, estas células começam a destruí-lo até seu triste fim e o processo
se chama imunorrejeição.
Se um de nossos tecidos fica diferente do normal
ou as células imunológicas começam a enxergar aquele tecido como modificado, elas
começam a atacar e lesar este tecido e formam lesões, machucados, úlceras,
crostas com dor e ardência. Estas lesões são doenças são autoimunes.
Todos os dias no corpo temos trilhões de células
proliferando e algumas ficam bizarras e atípicas e não deveriam sobreviver. As
células imunológicas precisam reconhecê-las e eliminá-las para evitar que se
transformem em um clone independente e ganhe vida própria como câncer ou
neoplasia maligna. Sim, o câncer significa que o sistema imunológico falhou!
Pode parecer absurdo, mas são as células
imunológicas que ficam sondando e vigiando nosso corpo. Fez coisa errada e
ficou diferente, eles destroem mesmo as células ousadas que fizeram isto! Podemos
dizer que as células da medula óssea, ou células imunológicas ou sistema imunológico
nos toleram ou tem tolerância para com nosso corpo. Sim, doenças autoimunes
implica em dizer que o sistema imunológico perdeu a tolerância para com uma
parte de nosso corpo!
VIVER BEM
Uma das coisas que mais atrapalha e bagunça o
sistema imunológico é o estresse crônico, aquele em que a pessoa tem estresses
agudos várias vezes e todos os dias, liberando corticoides em taxas elevadas,
pois são vários boletos, brigas e chateações! Agitado, reclamão e triste fica
com estresse agudo todos os dias, semanas ou até anos e os corticoides seguidamente
aumentados, desregulam o sistema imunológico. Vira um estresse crônico!
Isto explica porque as doenças autoimunes e
neoplásicas malignas afetam menos e ou mais tarde os mansos e sábios! A origem
está nas tragédias crônicas, mágoas persistentes e “chatúrias”! Inteligentes
são os felizes e otimistas que também escolhem melhor as companhias, alimentos
e ambientes, evitam os vírus oncogênicos e químicos cancerígenos, além de ingerirem
produtos que nutrem apenas os mecanismos de defesa.
E NA BOCA !
A boca pode ser sede de doenças induzidas
pelo estresse como:
1. Lesões autoimunes
como aftas, líquen plano (foto), lesões liquenoides e língua geográfica;
2. Lesões bucais
associadas à oportunidade da imunidade alterada pelo estresse e que alguns
vírus aproveitam para saírem dos seus estágios de latência, como ocorre com o
herpes simples recorrente e o zoster;
3. Alterações por
certos atos repetitivos decorrentes do estresse, os tecidos moles se alteram
secundariamente como na língua crenada ou serratoglossia, mucosa mordiscada,
úlcera factícia e queratose friccional; e,
4. Alterações por
certos atos repetitivos decorrentes do estresse, também os dentes se alteram
secundariamente como no bruxismo e apertamento, trauma oclusal por sobrecarga,
atrição dentária por onicofagia, erosão por alimentação, bulimia, anorexia
nervosa e refluxos, além da síndrome da ardência bucal.
Vamos nos cuidar!
Alberto Consolaro – Professor Titular pela USP -Bauru-SP - consolaro@uol.com.br
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