AGENDA CULTURAL

20.7.21

Ciência e tecnologia - Gervásio Antônio Consolaro

        

         O aspecto mais triste da vida neste precioso momento é que a ciência reúne o conhecimento mais rápido do que a sociedade reúne a sabedoria Isaac Asimov

        Estamos imersos da era da internet em que aparentemente nos conectamos com mais facilidade e rapidez, o preço que pagamos é uma desconexão interna com nossa capacidade de estabelecer intimidades com o outro e com nossos sentimentos.

        Somos devorados pelo mundo das aparências e passamos os dias preocupados em mostrar algo em uma selfie. Em uma foto perfeita com uma paisagem idílica de fundo, ou em uma frase profunda que encontramos por aí, criando uma dependência dos likes e dos comentários, da aprovação e da opinião externa.

       Damos mais peso ao olhar do outro e tiramos o poder do olhar interno.

       Queremos o que vemos fora e supomos o que faz feliz aos demais. Férias, um carro novo, roupa da moda, o casamento perfeito, o corpo perfeito e assim vamos construindo nosso castelo de areia que as ondas da vida alcançarão em algum momento para derrubá-lo e revelar a miséria interna na qual estamos.

        Noam Chomsky linguista, filósofo, sociólogo, cientista cognitivo, autor dos livros Mídia: Política propaganda e manipulação e Quem manda no mundo, que merecem ser lidos, disse que uma das melhores formas de controlar as pessoas em termos de atitudes é pegando-as por meio do consumismo, em que as jovens gastam seu tempo livre em shoppings em vez de  entrar em uma biblioteca.

       A forma ideal de sustentar tal mentira é por meio da “publicidade livre”, em que se controla toda a humanidade instalando o sistema perfeito. A sociedade consegue então nos impor uma felicidade que não é certa. Como bem disse Will Rogers, ator e comediante norte-americano: “Muitas pessoas gastam dinheiro que não ganharam, para comprar coisas que não desejam, para impressionar pessoas de que não gostam”.

       Certo é que, não podemos ignorar, há um grande aumento da tecnologia e da inteligência artificial, sendo mudanças que transformam tudo e têm seu lado positivo, no meio ambiente, medicina, indústria alimentícia etc

        Mas em quais tipos de serem humanos estamos evoluindo?

        Qual o preço que estamos pagando?

        Já Sofia demonstrou ser um robô com sentimentos, mas tudo é aparência e fruto da programação. Sofia é um robô criado pela companhia Hanson Robotics de Honk Kong. Tem a capacidade de monitorar mais de 62 expressões faciais, e seu comportamento e aparência são o mais semelhantes quem já criou à imagem do ser humano.

       Estamos correndo um grande risco: se não considerarmos com consciência esses passos agigantados da tecnologia.

      Ou, em palavras do escritor e poeta americano Henry David Thoreau: “Os homens se converteram nas ferramentas de suas ferramentas”.

       Eu me pergunto, então, como fazer uma transição saudável diante dessa diversidade de avanços? Que é você realmente? Nunca antes esteve tão presente esta pergunta. E não há vida significativa nem progresso ou evolução relevante sem responder à pergunta milenária: Quem sou eu?

       Por fim, vamos abrir as portas à tecnologia, é parte de nossa evolução e de nossa ousadia para acolher as mudanças, mas recordemos sempre o caminho de volta, não nos convertamos em vítimas de nosso próprio invento, ao ponto de que se apague nossa última célula original e terminemos todos no clã da robô Sofia.

GERVÁSIO ANTÔNIO CONSOLARO - diretor regional da  Assoc. Fiscais de Rendas-SP, consultor tributário, agente fiscal de rendas aposentado, ex-delegado regional tributário, ex-assessor executivo da Prefeitura de Araçatuba, administrador, contador, bacharel em Direito, pós-graduado em Direito Tributário, curso  de gestão pública avançada pela Amana  Key e coach pela SBC.            g.consolaro@yahoo.com.br          

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