AGENDA CULTURAL

16.1.22

A alucinante imunidade coletiva - Alberto Consolaro

O gato Garfield criado por Jim Davis tem frases intrigantes como: - Se não puderes convencer os outros, confunda-os!


O gato Garfield filosofa: se não puderes convencer os outros, confunda-os! Muitos nem sabiam que eram infectologistas, alguns agora são imunologistas, outros epidemiologistas, virologistas e microbiologistas. Eu ouço atentamente, pois quero aprender sempre e sempre é tempo de aprender!

Depois faço o que é elementar na ciência: a crítica com ceticismo para ver se o que foi dito tem alguma lógica, contradição ou fundamento! Procuro fontes para checar o que foi dito, afinal algo só é científico se foi publicado em revistas como Lancet, Science, Cell, New England e outras.

ENTRETANTO

A grande maioria das informações não resistem a uma análise mais cuidadosa e criteriosa. Parece que os “especialistas” entrevistados nunca leram os livros básicos da graduação sobre imunologia, virologia e patologia.

Queria ter superpoderes para me reunir a sós com cada uma dessas pessoas e dizer: - se falar a verdade terá o paraíso garantido, então responda: você nunca leu nada mais profundo sobre este assunto? Assim, sob esta coação emocional, a resposta será: nunca li mesmo, mas eu atendo muitos pacientes! Sinto muito, experiência não é científica!

EXPERIÊNCIA

Para ser científico deve se aplicar um método criterioso de análise sobre o problema. Uma vez a análise concluída, os resultados devem passar por uma criteriosa interpretação e discussão para se chegar a conclusões. Agora deve se publicar em uma boa revista científica para que, apenas depois de publicado, possa se dizer que aquela informação é científica, antes disso ainda é mera especulação!

Experiência pessoal ou profissional pode ser científica se for analisada metodologicamente, quantificada e analisada de forma comparativa. Se esta experiência for publicada, terá a qualidade de ser científica! Experiência pessoal ou profissional tem enorme valor social, profissional e econômico, mas não do ponto de vista científico, mesmo que se tenha atendido milhares de pacientes. Experiência é o somatório de erros e acertos, que pode gerar aprendizado na maioria das vezes. Mas é uma atividade aleatória e não metódica, ou seja, não é avaliável por métodos criteriosos como regem os princípios científicos.

IMUNIDADE COLETIVA

A imunidade natural induzida quando se adquire a Covid-19 dura em média 4 a 6 meses. Isto é científico! A imunidade induzida pelas vacinas contra o coronavírus, também é de 4 a 6 meses. Isto é científico!

Se toda população tiver Covid em 1 ano e se todos estiverem vacinados neste mesmo ano, ainda assim, não haverá uma imunidade coletiva, fazendo desaparecer o coronavírus. Um ano tem 3 quadrimestres.

E se isto fosse feito em um período fechado de 4 meses? Sim, neste caso haveria, mas convenhamos, não vamos conseguir isto e não dá para negociar uma dilatação deste prazo com o coronavírus! E se chegasse um coronavírus na cidade depois desses utópicos 4 meses, haveria a possibilidade de começar tudo de novo? Claro que sim.

SOLUÇÃO DEFINITIVA

1ª opção: Vacinar “todos” os humanos da terra em curto período de tempo e, aos que ainda pegarem, administrar antivirais já desenvolvidos para o coronavírus!

2ª opção: Fabricar vacinas mais eficientes que forneçam uma imunidade de décadas como ocorre com as vacinas para a caxumba, sarampo, poliomielite, varicela e outras. Por que as vacinas para gripe e coronavírus são tão curtas quanto a imunidade induzida? Intrigante!

 Alberto Consolaro - professor titular
pela USP - consolaro@uol.com.br

 


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