AGENDA CULTURAL

19.6.25

Explosões no céu

Chargista NANDO
 Hélio Consolaro*

NÃO ME CHAME DE GUERREIRO. XINGUE-ME DE FDP QUE FICO MAIS CONTENTE 

Estamos em junho. Época de muitas festas. Elas eram bem diferentes no tempo de juventude. Os busca-pés, rojões, bombas foram abandonadas. Atualmente, só pode soltar fogos de caráter ornamental, sem estrondo. 

No âmbito municipal, o iniciador da campanha contra fogos de artifício foi o falecido vereador Édipo Pereira, radialista. Até se tornou lei municipal. Agora, o Estado de São Paulo também aderiu. Os criadores de cachorro estão adorando.

As festas juninas fazem parte do mundo católico: Santo Antônio, São João e São Pedro. Os evangélicos, quando as promovem, evidenciam apenas o caráter lúdico do folguedo.

Tenho acompanhado o noticiário televisivo da guerra entre Israel e Irã. Aquele céu cheio de explosivos mortíferos estourando me lembram as festas juninas no sítio de meu avô. Mas lá no Oriente Médio não festejam a vida, eles gostam de se matar. Comemoram a colheita da morte.

O Brasil do imperador Dom Pedro II fez uma guerra contra o Paraguai. O Brasil venceu a guerra se aliando ao Uruguai e à Argentina. Nessa guerra é que surgiu o exército com vocação política, inclusive usou os republicanos para dar o golpe no imperador.  

O termo "voluntários da pátria" com monumento em São Paulo é dessa época; 37 928 - efetivo. Quem fosse alistado como soldado, se fosse negro, ganhava a liberdade. Não eram os soldados que eram bucha de canhão. No final da guerra, os negros eram obrigados a se alistarem.  

Donald Trump, 79 anos mal vividos, disse outro dia, justificando o conflito, que para obter a paz precisa começar uma guerra. Ele preside um país que vive industrialmente da venda de armas poderosíssimas, aviões potentes. Aliás, ele foi eleito pela segunda vez com apoio maciço dos armeiros.   

Se há guerra, ela começa por quem tem posições negativistas sobre a humanidade, como Trump e Bolsonaro. Uma pessoa que só valoriza os ricos (ou é um deles) não vai ter dó de quem morre numa guerra inocentemente ou mesmo de covid. Vai rir e fazer gracinha.

Outra característica das guerras são os guerreiros usarem o escudo de uma religião: Idade Média foi carregada de guerras santas. É dar um ar de nobreza paro o conflito, justificar a morte dos combatentes. Na Guerra do Paraguai, o imperador usou o patriotismo. 

Há um clássico da literatura russa, do autor Lev Tolstoi, chamado "Guerra e paz", mas há gente com o sobrenome Guerra; outras são mais felizes: sobrenome Paz.

Escuto sempre alguém elogiando outra pessoa chamando-a de guerreiro. Guerreiro é quem faz a guerra, pratica a violência. É elogio numa sociedade violenta; é xingamento numa sociedade que quer a paz. NÃO ME CHAME DE GUERREIRO. XINGUE-ME DE FDP QUE FICO MAIS CONTENTE 

 

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