AGENDA CULTURAL

8.9.06

Armadilhas da política

Hélio Consolaro

Na Entrelinhas de terça-feira, intitulada "Duplicação da Elyezer", recebi vários elogios pelo texto. Patrícia Landin Silva escreveu:

“Sempre fui fã das suas Entrelinhas ... Não deixo de ler suas crônicas. Estou lisonjeada por ter citado a rua em que moro, mesmo que seja para chamar atenção do prefeito. Estava precisando mesmo de alguém falar dos buracos da Júlio Monteagudo pra ele.”

Antônio Marcos Bento, outro morador daquela zona da cidade: “Enfim, sou daquela região, daquelas ruas e bairros, pois desde que para cá vim, moro e faço questão de sempre morar naquele pedacinho aconchegante, familiar e acolhedor de Araçatuba. (...) Contudo, como o senhor bem disse, a situação está lamentável (para sermos educados!).” Também gostou de minha neutralidade diante das eleições na crônica.

Pego essa última observação do leitor como gancho para fazer algumas considerações sobre campanha eleitoral em curso. Ser justo e lhano não quer dizer ser neutro. Para justificar o meu voto, não preciso depreciar o outro candidato, digo as qualidades do meu. Assim devia ser o comportamento dos cabos eleitorais, mas as paixões falam mais alto.

Às vezes, o Consa sonha. Os governantes brasileiros precisam aprender a dar linha de continuidade administrativa, sempre aproveitando os acertos do antecessor, como fez Lula em relação a FHC.

Que bom seria se um começasse a obra, quando o outro fosse inaugurar, chamaria o mentor dela para a inauguração. Mas é sonhar demais. Seria promover um jogo de futebol sem ter havido uma falta.

O atual governo, por exemplo, não teve medo de pôr um tucano na presidência do Banco Central, fez vetos corajosos a leis demagógicas votadas pelo Congresso, como FGTS para empregadas domésticas e aumento impossível de ser cumprido para aposentados. O José Serra, por exemplo, foi um ótimo ministro da Saúde, enfrentou interesses, não é possível negar sua boa gestão, apesar dos deputados sanguessuga.

Gostei do Lula, quando ele disse para o PT não mexer com a família (esposa) de Alckmin, e este declarou que não vai abaixar o nível da campanha (não sei se resiste até o final, com o PFL no calcanhar). Política é uma coisa, politicagem é bem outra, como escreveu Rui Barbosa.

Aqui mesmo em Entrelinhas, parei com esse viés de esculhambar políticos, porque senti que dava munição aos contrários e feria a pessoa do político. Não escrevo para fazer proselitismo, nem pretendo magoar ninguém, apenas zoar, brincar, então, não há razão para isso.

Em minha curta militância, aprendi que, em política, não compensa fazer inimizade.

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