AGENDA CULTURAL

17.6.07

Nem tudo está perdido

Fábio, Luciana e filhos reunidos em manhã fria da última quarta-feira; na foto, Fábio Júnior e o livro que leu duas ou três vezes: "Gostaria de ter mais coisas sobre Direito para ler."

Hélio Consolaro

Alunos da escola estadual João Brembatti Calvoso pararam as principais avenidas de Andradina e ocuparam o prédio da Diretoria Regional de Ensino, na manhã de ontem, em protesto contra a retirada do professor de educação artística Milton Francisco Jorge do cargo de vice-diretor da unidade de ensino (Folha da Região, 7/6/2007)

O Fernando Lemos, editor de Esportes desta Folha, demonstrou no domingo passado que é jornalista dos bons. A sua reportagem sobre a família Ibanez, do bairro Alvorada, Araçatuba, sensibilizou os leitores.

Ela veio mostrar que a pobreza degrada sim, mas há como resistir e sair dela. Há muita dignidade entre os pobres. Outra coisa importante que a reportagem revelou: os bairros pobres, como Alvorada e São José, que são estigmatizados como violentos, seus moradores não são todos bandidos e marginais.

Na verdade, a mídia (ocupada por profissionais da classe média) estereotipa as periferias de nossas cidades, não vão escarafunchá-las à busca das muitas vidas dignas que por lá habitam, se contentam em buscar notícias nos boletins de ocorrência dos distritos policiais.

Esta Folha, por meio do apoio de Maria Antônia Dario, editora-chefe, e do Fernando Lemos, revelou o lado bom do bairro pobre, aquela maioria silenciosa que fica acuada diante de tanta maledicência.

Outro exemplo positivo veio de Andradina, onde alunos saíram às ruas em defesa de um professor, para que ele permaneça na vice-direção da escola. O professor Milton Francisco Jorge mostrou que tem vocação para o magistério, conhece a alma juvenil.

Alunos das escolas públicas também podem ser protagonistas, dizer “sim” ou “não”, quando for preciso. A juventude não é essa coisa sem consciência que nós, professores e adultos, às vezes pintamos. Os jovens sabem o que querem: “Sem o Miltão, a escola vai para o chão”.

Milton é um líder, não é chefe, sabe comandar democraticamente. "O Milton é um amigo dos estudantes; ele consegue fazer com que todos respeitem as normas e entendam os limites apenas com o seu jeito de conversar, sem precisar impor nada", declarou a estudante Larissa Jacob, 17 anos, militante do PCdoB.

Ser Larissa uma militante da esquerda (como podia ser de direita) faz dela uma jovem cidadã, que também lidera e sabe como acontece o processo político. É melhor ter jovens contaminados pela política do que dominados pelas drogas.

O Brasil tem jeito sim, não podemos desistir nunca, basta ter uma alta auto-estima, acreditar em si mesmo. A mudança precisa ser construída por todos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei, Hélio!
Mas como te disse várias vezes...vocês guerreiros de outrora, deveriam dar continuidade em seus empenhos e motivarem mais a juventude atual.

Abreijos...estou no aguardo de seu livro. Qual o número da conta bancária?