Hélio Consolaro*
Ao
ouvir Adele cantando Someone Like You, me lembro que o padre Antônio Vieira
descobrira isto nos idos do século 17: o amor é menino, não passa dos 07 anos,
não pode crescer, é descabeçado, irracional. Se não for assim, não é amor.
Tal
é o amor vulgar. Tudo conquista o amor, quando conquista uma alma; porém o
primeiro rendido é o entendimento.(Padre Antônio Vieira)
A música retrata os sentimentos de quem fica. Quem fica precisa ser tão desprendido como a personagem Mariana no livro Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco, Simão e Teresa faz o par amoroso como Romeu e Julieta da língua portuguesa. Mariana quer a felicidade de Simão, seu amado, com Teresa, mesmo que produza a sua própria infelicidade. Um amor verdadeiro, desinteressado, que colabora com o leva-e-traz de cartas entre os apaixonados.
A música retrata os sentimentos de quem fica. Quem fica precisa ser tão desprendido como a personagem Mariana no livro Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco, Simão e Teresa faz o par amoroso como Romeu e Julieta da língua portuguesa. Mariana quer a felicidade de Simão, seu amado, com Teresa, mesmo que produza a sua própria infelicidade. Um amor verdadeiro, desinteressado, que colabora com o leva-e-traz de cartas entre os apaixonados.
Quem
ama porque o amam, é agradecido; quem ama, para que o amem, é interesseiro;
quem ama, não porque o amam, nem para que o amem, esse só é fino. (Padre
Antônio Vieira)
A felicidade de uma pessoa não pode depender de uma outra pessoa, mas os românticos têm a concepção do amor eterno. Nos momentos de paixão intensa a vida ganha sentido, descobrimos a luz, estamos prontos para saltar para o fundo do abismo, nada nos amedronta, refletimos no outro o par ideal. É um momento mágico, não queremos ser acordado, o sonho precisa durar, é um encontro consigo mesmo. Apenas quem passou por isso pode imaginar quão belo é o momento, porém pode deixar um amargor no coração. Mas não é a saudade o leitmotive dos românticos?
Como escreveu o mesmo Camilo Castelo Branco que os românticos tinham orgasmo, quando passavam e alguém dizia: foi uma paixão não correspondida que o reduziu àquilo!. Um ser magérrimo, macilento, cheio de olheiras. Candidato à tuberculose.
Mas lembre-se do que escreveu Manuel Maria Barbosa Du Bocage, poeta português, na cançoneta anacreônica "Fílis e o Amor", quando o Cupido diz: ninguém brinca comigo sem suspirar depois.
A felicidade de uma pessoa não pode depender de uma outra pessoa, mas os românticos têm a concepção do amor eterno. Nos momentos de paixão intensa a vida ganha sentido, descobrimos a luz, estamos prontos para saltar para o fundo do abismo, nada nos amedronta, refletimos no outro o par ideal. É um momento mágico, não queremos ser acordado, o sonho precisa durar, é um encontro consigo mesmo. Apenas quem passou por isso pode imaginar quão belo é o momento, porém pode deixar um amargor no coração. Mas não é a saudade o leitmotive dos românticos?
Como escreveu o mesmo Camilo Castelo Branco que os românticos tinham orgasmo, quando passavam e alguém dizia: foi uma paixão não correspondida que o reduziu àquilo!. Um ser magérrimo, macilento, cheio de olheiras. Candidato à tuberculose.
Mas lembre-se do que escreveu Manuel Maria Barbosa Du Bocage, poeta português, na cançoneta anacreônica "Fílis e o Amor", quando o Cupido diz: ninguém brinca comigo sem suspirar depois.
Quem
ama é um candidato ao sofrimento, porque o outro não é nada daquilo que fora
imaginado. Como compôs Amália Rodrigues, e canta Caetano Veloso em Estranha forma de vida: Foi por
vontade de Deus / Que eu vivo nesta ansiedade/ Que
todos os ais são meus /Que é toda minha saudade.
Os
apaixonados têm coração desgovernado.
*Hélio
Consolaro é professor, jornalista e escritor. Atualmente é secretário municipal
de Cultura de Araçatuba.
Fílis e Amor
*Cançoneta anacreôntica |
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Num denso bosque
Pouco trilhado,
E a ternos crimes
Acomodado,
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Mas o travesso
Logo outro pede
À simples Ninfa
que lhos concede.
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Por entre a rama
Fresca e sombria
Do tenro arbusto
Que me encobria
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Que por matar-lhe
Doces desejos,
A cada instante
Repete os beijos.
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Vi sem aljava
Jazer Cupido
Junto de Fílis
À Mãe fugido.
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Assim brincavam
Fílis e Amor,
Eis que o Menino,
Sempre traidor,
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Entre as nevadas
Mãos melindrosas
Tinha um fragrante
Festão de rosas.
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Co’a pequenina
Boca risonha
Lhe comunica
Sua peçonha.
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A mais brilhante
Dele afastando,
Dizia a Fílis
Com riso brando:
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Descora Fílis
E de repente
Solta um suspiro
D’alma inocente
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“Mimosa Ninfa,
Glória de Amor,
Dás-me um beijinho
Por esta flor?“
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Mal que o gemido
Férvido soa
O mau Cupido
Com ele voa
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“Sou criancinha,
Não tenhas pejo.”
Sorriu-se Fílis
e deu-lhe o beijo;
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“Ninguém, ó Ninfa
(Diz a adejar),
Brinca comigo
Sem suspirar.”
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2 comentários:
Consa, você é demais, sô. Imagino a vigília para nos proporcionar tão belas páginas.
Permita-me lembrar Manuel Bandeira:
"Procura, sem queixa, curtir o mal que te crucia, que o mundo é sem piedade e até riria de tua inconsolával amargura".
Gabriel, "Bié "O Prosador".
Obrigada...por tudo.
Um abraço pra vc.
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