Marta Suplicy - senadora PT-SP
"Ele foi atropelado na Paulista, assaltado no Butantã, alvejado no Cambuci, espancado no centro e acabou morto por engano pela polícia." Ninguém explicitou de forma tão clara e dura o que vivem hoje os cidadãos paulistanos do que Angeli, em sua genial charge, no dia 27 de julho,FSP.
"Ele foi atropelado na Paulista, assaltado no Butantã, alvejado no Cambuci, espancado no centro e acabou morto por engano pela polícia." Ninguém explicitou de forma tão clara e dura o que vivem hoje os cidadãos paulistanos do que Angeli, em sua genial charge, no dia 27 de julho,FSP.
São os assaltos a
restaurantes, os assassinatos de pessoas que não devem nada à
comunidade, os prédios inteiros barbarizados, a quadrilha de jovens da
classe média roubando e fazendo sequestros-relâmpagos para comprar
roupas de grife e ter dinheiro para a balada... Além da violência no
trânsito, as mortes causadas por motoristas embriagados e os gays
atacados por homofóbicos na avenida mais emblemática da cidade.
Nesse conturbado
panorama, a CPMI que investiga a violência contra as mulheres traz
dados estarrecedores do desleixo e da falta de infraestrutura com que o
mais rico Estado brasileiro trata a mulher.
O Mapa da
Violência 2012, do Instituto Sangari, mostrou que São Paulo é o Estado
que teve mais casos de mulheres assassinadas no Brasil em 2010 (foram
663 vítimas).
Os números assustam e a questão continua desprezada. A Lei Maria da Penha, que completará seis anos no próximo dia 7, assim como em outros Estados, carece de implementação adequada por falta de recursos e de funcionários preparados. O pouco que tem vem da União. Inquéritos são devolvidos às delegacias, pois, de tão malfeitos, não podem ser aceitos pelo Ministério Público.
Repetindo: os homens morrem nas ruas e as mulheres morrem e são agredidas em suas casas.
Quanto aos
homossexuais, pesquisa publicada pela Folha ("Cotidiano", 23/7) traz
uma surpresa, quando indica a família e os vizinhos em primeiro lugar
como os mais violentos contra gays.
O número de 62%
dos ataques feitos por conhecidos mostra uma sociedade ainda
preconceituosa e com muita dificuldade em aceitar o diferente. Mas,
evidencia também, o descaso governamental com a educação nas escolas,
que falham no ensino ao respeito à diversidade sexual.
O ignorar da
questão acaba não influenciando a diminuição do preconceito e da
violência familiar contra gays. Também não inibe os ataques virulentos
contra homossexuais nas ruas de São Paulo.
Os desafios são
grandes. De solução mais rápida, pois depende de decisão política e
coragem, são os bandidos (vide exemplo do Rio, que, numa situação que
parecia insolúvel, conseguiu grandes avanços).
Muito pode ser
obtido com determinação, parceria federal, criatividade e investimento
em inteligência.
Mulheres e gays ainda vão esperar mais um pouco, pois a cultura machista e o preconceito exigem mais esforço e tempo. Mas não tem volta, chegaremos lá.
Mulheres e gays ainda vão esperar mais um pouco, pois a cultura machista e o preconceito exigem mais esforço e tempo. Mas não tem volta, chegaremos lá.
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